21 de julho de 2015/em ESPAÇO MEMÓRIA/
Homem culto e precursor
da dramaturgia em Uberaba, Padre Zeferino Batista do Carmo, o Padre
Zeferino, tem pouca coisa registrada de quando esteve no município.
Porém, realizou ações importantes.
Nascido em Paracatu, em
1791, Padre Zeferino foi ordenado sacerdote, e foi para o Desemboque
em 1818, como escrivão interino do Juízo Eclesiástico da mesma
comarca. Transferiu-se para Uberaba, como coadjutor do Vigário
Antônio José da Silva, o Vigário Carlos, e estabeleceu-se na
“Chácara do Comércio”, local onde esteve a Velha Estação da
Companhia Mogiana. Historiadores registraram que, em 1827, padre
Zeferino morava na praça da Matriz, em uma casa localizada na
esquina da praça Rui Barbosa com a rua Artur Machado, do lado
esquerdo de quem desce a rua Artur Machado.
Padre Zeferino era um
apaixonado horticultor e sua chácara era riquíssima em plantações
das mais finas. Plantou a primeira vinha de Uberaba e foi o primeiro
a fabricar vinho no município.
Em 1839, o sacerdote
iniciou a construção da Igreja do Rosário, em frente ao Hotel
Modelo, mas a obra foi concluída por outras pessoas em 1842 por
outras pessoas. A igreja, que era semelhante à de Santa Rita,
recebia principalmente a população negra para as celebrações,
sendo também chamada Igreja dos Negros.
Essa igreja foi demolida
em 1924, pelo então prefeito Leopoldino de Oliveira, sem muitas
explicações e motivações, em nome do progresso. Em seu lugar foi
aberta a avenida Getúlio Vargas, décadas depois. Segundo a
professora Eliane Mendonça, não existem fotos ou pinturas que a
retratem. Há apenas um croqui, feito a partir de relatos de
testemunhas. “De frente ao Hotel Modelo, na rua Getúlio Vargas,
onde hoje existem algumas palmeiras”, fala sobre a localização da
Igreja do Rosário, construída por Padre Zeferino. Vale lembrar que,
a exemplo da igreja, também não existe nenhuma foto de Padre
Zeferino.
O sacerdote era membro
do Partido Liberal e foi eleito vereador secretário da Câmara
Municipal de Uberaba. Vítima de perseguição dos “Conservadores”,
após a Revolução Liberal Mineira, foi preso, juntamente com José
Inácio de Meneses, sofrendo, na cadeia, as maiores humilhações.
Desgostoso, mudou-se para a Província de São Paulo, fundando na
Fazenda Paraíso o Arraial “Santa Rita do Paraíso”, atual cidade
de Igarapava, onde foi o primeiro vigário.
1842
– Igarapava, com a denominação de Santa Rita do Paraíso, tem
começo pelos mineiros Anselmo Ferreira Barcelos e Padre Zeferino
Batista do Carmo, em terras da Antiga Fazenda Soledade. (Enciclopédia
dos Municípios)
Com vasta cultura, Padre
Zeferino sabia música, fazia versos, compunha peças para teatro.
Foi o introdutor da Arte Dramática no Triângulo Mineiro,
estimulando os amadores que representavam em palcos improvisados.
Escreveu peças musicais para a primeira banda de música de Uberaba,
a dos “Bernardes” e peças teatrais. Padre Zeferino também foi
diretor cênico dos dramas, comédias e monólogos que eram feitas em
Uberaba e apresentados em palcos improvisados feitos de assoalhos
elevados, nas ruas, praças e quintais das moradias uberabenses.
Foi o juiz que presidiu
e julgou a primeira medição dos limites da povoação de Uberaba,
em execução da Resolução Provincial Mineira nº 206, de 2 de
abril de 1841. Também foi agraciado com a nomeação de Cônego
Honorário da Capela Imperial.
Em Uberaba foi promoter
de capelas e resíduos das Fazendas “Campo Belo”, “Fortaleza”
e “Paraíso” (de Campo Belo do Prata, hoje, Campina Verde),
doação feita pelo sertanista paulista João Batista de Siqueira e
sua mulher Dona Bárbara Bueno da Silva à Nossa Senhora Mãe dos
Homens, nas quais foi instalado o Seminário dos Padres Lazaristas,
que funcionou a partir de 1842, por quase 30 anos.
Faleceu em Santa Rita do
Paraíso aos 82 anos de idade no dia 6 de dezembro de 1873.
Por Maria
das Graças Salvador e Aparecida Manzan
(Transcrito do sítio - Arquidiocese de Uberaba - arquidiocesedeuberaba.org.br)
Postado por José Aluísio Botelho
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