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OS SANTANA DE RIO NOVO E BARBACENA

 Por José Aluísio Botelho


"Esta é obra de genealogia, sujeita a correções e acréscimos".

Os Santana de Rio Novo, termo de Barbacena,

Tenente Joaquim José de Santana e sua mulher Maria Emerenciana de Jesus, casados em 1799”.

Casamentos em Barbacena – Capela do Curral, aos 13/08/1799 casaram Joaquim José de S. Anna exposto em casa de Izidora Maria de Menezes, n/b na freguesia de S. João Del-Rei; = Maria Emerenciana de Jesus, f.l. de Francisco Ribeiro Nunes e Joana Maria da Conceição, n/b nesta. (original)

Sobre o Tenente Joaquim José de Santana: natural do arraial de Bom Sucesso atrás da Serra do Ibituruna, onde foi batizado em 01/04/1781, filho de pais incógnitos, exposto em casa da viúva Izidora Maria de Menezes, moradora no mesmo arraial de Bom Sucesso, então termo de São João Del-Rei, província eclesiástica de Barbacena. No seu testamento ele não faz referência aos pais biológicos. Veja imagem abaixo:

Batismo de Joaquim

Ibituruna, a primeira povoação de Minas Gerais, considerada o ‘berço da Pátria Mineira’, foi fundada em 1694 pelo Bandeirante Fernão Dias Paes Leme. A partir dela, surgiram diversos núcleos populacionais na região da Borda do Campo ao longo do tempo, como Bonsucesso, Rio Novo, São João Nepomuceno e Barbacena, relacionados à busca do ouro, o que ensejou a vinda de imigrantes açorianos em larga escala, que se estabeleceram na região. Da Ilha Terceira, na primeira metade do século XVIII, vieram as famílias que interessam a este estudo, todas aparentadas entre si, tais como, os Nunes Avelar, Ferreira Armond/Ferreira Lage, Ribeiro da Fonseca, Menezes e outras, que prosperaram em diversas atividades econômicas, tais como, a mercancia, o comércio e as chamadas atividades cafeeira, tornando-se de certa forma dominantes na região.

O fato de o Tenente Joaquim José de Santana ter nascido nesse contexto de entrelaçamento dessas famílias suscita diversas hipóteses acerca de sua paternidade. Uma delas, relacionada à casa onde foi exposto, ou seja, a de dona Izidora Maria de Menezes, então viúva de Francisco Nunes de Avelar, falecido antes de 1776, ambos oriundos da Ilha Terceira. A suspeita da paternidade recai sobre o filho deste casal, o capitão Francisco Nunes de Avelar, falecido em 1828: Era comum expor crianças de origem ilícita em casas de parentes do pai ou da mãe e, via de regra, ao longo do tempo, as paternidades eram reveladas, o que não ocorreu com Joaquim José, talvez para proteger interesses sociais e econômicos, os chamados laços ocultos. Hipóteses: 1) quem poderia ser a mãe? Joaquim José de Santana casou-se em 1799 com Maria Emerenciana de Jesus, neta do pioneiro Francisco Ferreira Armond ou Lage, pela sua mãe Joana Maria da Conceição. 2) O que levaria a um casamento de homem bastardo, enjeitado com se dizia à época, sem cabedais, com uma moça de família importante no contexto social, político e econômico, a não ser um possível parentesco entre eles? Para nós, seria plausível ser ele filho do capitão Francisco Nunes de Avelar e de uma Ferreira Armond/Ferreira Lage, encobertos pelos interesses das famílias. Seria o Tenente Joaquim José de Santana um Ferreira Armond/Ferreira Lage?

A partir de seu casamento com dona Maria Emerenciana de Jesus e do nascimento da filha no ano seguinte, não há relatos de ele ser possuidor de algum patrimônio à época. Em 1806, o casal era morador no arraial de Bom Sucesso, e participava da partilha dos bens de seu sogro. Não há notícias documentais da evolução de seu patrimônio desde o casamento até sua partida em direção à Vila de Paracatu do Príncipe, ocorrida entre 1810 e 1815.

Não se sabe o motivo e a data em que Joaquim José de Santana aportou na então Vila de Paracatu do Príncipe, o que deve ter acontecido antes de 1814, data do provável nascimento de seu primeiro filho natural, João José de Santana. Segundo suas palavras obtidas de um documento de 1839, ele revela a motivação: “…intuído de conseguir algumas aquisições, se lhe tornasse necessário residir e morar muitos anos nesta Vila de Paracatu até a presente …”(Inventário de Ana Rodrigues Cordeiro, 1838, páginas 95 e 100)

Ora, nos parece uma explicação pouco convincente, sobretudo considerando que ele permaneceu afastado da família por três décadas, em lugar remoto. Tudo indica que houve uma ruptura conjugal - um casamento incompatível, uma separação consentida entre o casal, ou algo do gênero. Surge, então, uma questão fundamental: por que ele abandonou a fazenda da família, situada em uma região altamente propícia à cultura cafeeira, no auge de sua produtividade e desenvolvimento? Naquele período, o Vale da Ribeira, inclusive Barbacena e região eram consideradas o maior produtor de café do mundo. Qual teria sido a razão para se deslocar até a distante Vila de Paracatu, nos sertões do noroeste de Minas, senão pelo fracasso de seu casamento? 

Entretanto, um fato parece contradizer estas hipóteses: há registros de deslocamentos dele em sentido oposto, de Paracatu à Barbacena, em visita a sua família. Isso levanta uma nova indagação: teria ele permanecido períodos mais longos em sua fazenda? A dúvida se intesifica ao considerarmos um episódio de 1820, quando ocorreu um batismo de uma menino chamado Malaquias, descrito como “exposto a Joaquim José de Santana”, tendo padrinhos seu genro e sua mulher Maria Emerenciana.

Reforça essa teoria de separação, o fato de que, ele ao retornar definitivamente para sua fazenda em Rio Novo, que se encontrava em decadência, encontravam-se ausentes, sua esposa, filha e netos, moradores na Corte do Rio de Janeiro, ou seja, continuou separado do convívio familiar até sua morte em 1845.

Pois bem, Joaquim José de Santana, estabeleceu-se na região de Paracatu, portando uma patente honorífica de Tenente, o que deduz certa importância socioeconômica, bem como condições financeiras para realizar negócios por lá, como por exemplo, adquirir propriedade rural denominada **fazenda do Escuro**.

Cronologia

A passagem da vida do Tenente Joaquim José de Santana é repleta de lacunas ao longo do tempo em que ele morou em Paracatu até seu retorno à Barbacena, enfraquecendo a narrativa em termos de completude.

**Nos livros paroquiais encontram-se registros de batizados de crianças e escravos em que é citado como padrinho, no decorrer da década de 1810.

**1819/1820 é eleito provedor da Irmandade do Santíssimo Sacramento de Paracatu.

**Em 1820, ele é eleito vereador à Câmara Municipal.

**Em 1831/32 é novamente escolhido Provedor da Irmandade do Santíssimo Sacramento.

**Em 1838/1839, participa do inventário de Ana Rodrigues Cordeiro e reconhece a criança recém-nascida de nome Joaquim como seu filho: a falecida era teúda e manteúda em sua casa há cerca de 8 a 9 anos, e por fragilidade humana, houve a gravidez (sic).

** No mesmo ano de 1838, passa carta de alforria à escrava Ana Joaquina, africana, pelos serviços prestados nos cuidados aos meninos Honório (seu outro filho natural com mulher diversa) e Joaquim, datada e assinada na fazenda do Escuro, de sua propriedade.

** Em 1840 retira-se definitivamente para Barbacena, levando os filhos menores em sua companhia.

** Aos 05/04/1845, faleceu e foi sepultado na Matriz de Barbacena.

Sobre Dona Maria Emerenciana de Jesus: natural da capela do Curral, termo de Barbacena, onde nasceu por volta de 1780, filha de Francisco Ribeiro Nunes, português, falecido em 1806, e de Joana Maria da Conceição Ferreira Lage, falecida em 1820; neta materna de Pedro de Paiva Coimbra, português, e de Ana Maria de Jesus, esta filha de Francisco Ferreira Armond e de Ângela Maria Camelo, açorianos. Herdou a meação do marido avaliada em 41:084$997 contos de réis, que certamente passou à filha por ocasião de sua morte.

**Em 1846 ainda vivia no Rio de Janeiro em companhia da filha e dos netos. Não foi encontrado seu obituário nos documentos de fonte primária, uma importante lacuna para esse estudo.

Maria José de Santana, a Baronesa de Santana, e Seu Legado Familiar. A Família Ferreira Lage e a Fazenda Fortaleza de Santana.

Joaquim José de Santana e Maria Emerenciana de Jesus, tiveram a filha única:

1 Baronesa Maria José de Santana, batizada em 24/08/1800 na capela do distrito do Curral, Barbacena, e falecida em 05/06/1870 em Juiz de Fora, onde foi inventariada.

Batismo Baronesa

Baronesa e Sua Família.

Maria José de Santana casou-se em 15/04/1820 com seu parente Mariano José Ferreira Lage, consolidando uma poderosa união entre famílias da aristocracia agrária mineira. Seu casamento inseriu-se em uma rede de influência política e econômica, reforçada pela posse de terras e escravizados. Mariano José Ferreira Lage, nascido em 29/04/1779, era filho de Francisco Ferreira Armond (irmão inteiro de Ana Maria de Jesus, avó de sua esposa), e de Felizarda Maria Francisca de Assis; neto paterno do casal açoriano Francisco Ferreira Armond e de Ângela Maria Camelo.

Os Armondes adquiriram terras e enriqueceram com a diversificação econômica de seus negócios; da comercialização da ipecacuanha, passando pela mercancia de queijos e doces, do tropeirismo à compra e venda de escravizados, da produção de café e grandes negócios, incluindo empréstimos para comerciantes da praça mercantil do Rio de Janeiro, passando pela construção e exploração de estradas. Na política Mariano José Ferreira foi vereador em Barbacena e deputado provincial por duas legislaturas. Faleceu Mariano José em 06/07/1837 e deixou um patrimônio avaliado em 150:328$127 contos de réis, uma fortuna considerável, herdado pela Baronesa e seus filhos. O casal teve quatro filhos, com destaque para o primogênito Mariano Procópio Ferreira Lage (1821-1872), um dos mais importantes engenheiros e empreendedores do Brasil Imperial.

1.1 Mariano Procópio Ferreira Lage, que segue.

1.2 Marciano Maximiano Ferreira Lage (1830-?).

1.3 Mariana Barbosa de Assis Ferreira (1831-?).

1.4 Maria José Ferreira Barbosa ou Maria José Ferreira, Baronesa de Pitangui (1834-12/01/1866), casada com seu parente Honório Augusto Ferreira Armond (1819-1874), Barão de Pitangui.

Mariano Procópio Ferreira Lage, O Filho Ilustre

Mariano Procópio não foi apenas um herdeiro da elite cafeeira, mas um homem à frente de seu tempo:

-**Engenheiro formado na Europa: Estudou na França e especializou-se nos Estados Unidos e trouxe inovações técnicas para o Brasil.

-**Responsável pela primeira ferrovia de Minas Gerais: A **Estrada de Ferro Dom Pedro II**(depois chamada Central do Brasil), ligando o Rio de Janeiro a Minas, foi um marco de seu trabalho.

-**Desenvolvimento de Juiz de Fora**: Suas terras e investimentos foram essenciais para o progresso da cidade, onde construiu a **Mansão Mariano Procópio** (hoje museu).

-**Mariano Procópio nasceu em 23/04/1821 em Barbacena e faleceu riquíssimo em 1872 em Juiz de Fora, deixando um patrimônio de 899:609$000 contos de réis.

Sua trajetória indica que a Baronesa de Santana e seu marido investiram fortemente na educação dos filhos, preparando-os para liderar não apenas no campo, mas também na engenharia e na política.

3. **A Fazenda Fortaleza de Santana e a Serra da Babilônia**

A fazenda, localizada entre Barbacena e Rio Novo, na região da Serra da Babilônia, tinha características notáveis:

Nome ‘Fortaleza’: Pode ter relação com a geografia acidentada da serra ou com estruturas defensivas (como muros ou torres de vigilância), comuns em fazendas do período.

Atividades econômicas: Predominantemente cafeeira, a fazenda criava gado e mantinha culturas de subsistência, utilizando trabalho escravizado.

- Confrontações com a Serra da Babilônia: Área estratégica, possivelmente com as nascentes e matas preservadas, importantes para a produção. Limítrofes a ela, as fazendas Cachoeira e Alagado, completavam o patrimônio rural da família, com cerca de 500 alqueires em 1845, com o nome único de Fortaleza de Santana. Na ocasião do inventário do pai, as propriedades se encontravam abandonadas e em declínio, o que sugere má administração ou abandono, com cerca de 15 mil pés de café sem reposição, estragados e envelhecidos, bem como produção grandemente diminuída para as fazendas da época, culturas de subsistências de arroz, feijão e milho para o consumo de 61 escravizados lá moradores. A Baronesa e o seu filho Mariano Procópio, após a morte do pai e avô, assumiram a administração da fazenda e a transformou em uma das maiores produtoras de café da mata mineira e praticamente dobraram o tamanho da propriedade: em 1870 foram arrolados 970 alqueires de terra cultivável.

Origem incerta: Não foi possível comprovar as informações sobre a origem da propriedade atá 1815, momento possível em que a propriedade passou a pertencer aos Santana. Há notícias de que, ainda no século XVIII, a família Pereira de Sousa obteve sesmaria na região de Rio Novo, com referência a uma propriedade denominada Fortaleza do Rio Novo em alusão à serra.


Hipótese e reflexão

Aquisição: É possível que a fazenda tenha sido herdada por Maria Emerenciana  de Jesus, via seu pai (Francisco Ribeiro Nunes) ou sua mãe (Joana Maria da Conceição Ferreira Lage), dado o peso das famílias açorianas na região. Alternativamente, Joaquim José pode ter adquirido terras com recursos obtidos em Paracatu.

Já no inventário do Tenente Joaquim José de Santana, a Fazenda Fortaleza aparece com o epíteto “de Santana”, alusão ao sobrenome do então proprietário e também da Santa que foi adotada para a devoção e para a qual se ergueu uma capela na fazenda. A propriedade chegou aos anos 2000 preservando este nome.

A proximidade com Juiz de Fora sugere que a família tinha terras em múltiplas regiões, consolidando seu poder.

Sede da fazenda Fortaleza, construída em 1820


4. O Legado da Baronesa após 1870:

Com a morte de Maria José de Santana em 1870, seus bens foram herdados pelos filhos e netos. No entanto:

Abolição (1888) e crise do café: A Fazenda Fortaleza de Santana, como muitas outras, enfrentou dificuldades com o fim da escravidão e o declínio da cafeicultura.

Transformações urbanas: Em 1901, a propriedade já não pertencia à família, adjudicada a Cândido Teixeira Tostes, conhecido como o ‘Rei do Café de Minas Gerais’, e com esta família permaneceu até 2003.

Memória Preservada: Em 1901, um incêndio arrasador destruiu o belo casarão que lá floresceu durante todo o século dezenove. Ainda existem referências à fazenda em registros municipais, relatos orais e fotografias. A sede restaurada é turística e reservada a eventos, enquanto as terras desde 2003 é o assentamento dos Sem Terras “Denis Gonçalves”.

Conclusão A Fazenda Fortaleza de Santana é um símbolo do poder agrário dos Santana e Ferreira Lage, com auge na cafeicultura e declínio após a abolição e urbanização. Sua origem incerta, a revitalização pela Baronesa e o filho, e a transição para um assentamento moderno refletem as transformações no campo em Minas Gerais.

Maria José de Santana, a Baronesa improvável de Santana, não foi apenas uma grande proprietária rural, mas matriarca de uma família que ajudou a moldar Minas Gerais no século XIX. Seu filho Mariano Procópio, levou o nome dos Santana Ferreira Lage para a história nacional

Conclusão

A Fazenda Fortaleza de Santana é um símbolo do poder agrário dos Santana e Ferreira Lage, com auge na cafeicultura e declínio após a abolição e urbanização. Sua origem incerta, a revitalização pela Baronesa e Mariano Procópio, e a transição para um assentamento moderno refletem as transformações de Minas Gerais.





Baronesa de Santana


Filhos naturais do tenente Joaquim José de Santana:

Com Maria Peixoto dos Santos:

João José de Santana, nascido entre 1812 e 1814 e falecido em 1895. Tronco de Paracatu.

Em genealogia é fundamental a prova documental: no caso em tela, não encontramos documentos que comprovem oficialmente a paternidade descrita. Baseamos em informações orais. A única referência relativa a sua pessoa no inventário do pai é um legado de 1:000$000 de réis, sem reconhecimento de paternidade, como fez com os outros filhos naturais.

Com Jacinta Pereira Leitão (das famílias João Jorge Portela, Luiz José de Carvalho, Pereira Leitão):

2 Honório Joaquim de Santana, nascido em 1833 e falecido em 15/10/1895 de síncope cardíaca. Casado aos 17/5/1851 com Rita Maria Teixeira, moradores no distrito de Ribeirão. Herdou cerca de 4:000$000 de réis.

Filhos:

1 Maria José Teixeira de Santana, batizada em 04/01/1852;

2 João Batista de Santana, batizado em 02/07/1854;

3 Belmira Teixeira de Santana, 1856;

4 Mariana Teixeira de Santana, batizada em 23/01/1859;

5 Mariana Teixeira de Santana, batizada em 20/12/1863. Foram padrinhos os barões de Rio Novo.

6 Ambrosina Teixeira de Santana, batizada em 03/02/1871;

7 Antônia Teixeira de Santana, batizada em 14/04/1873;

8 Joaquim Teixeira de Santana, batizado em 08/09/1875;

9 Justina Maria Teixeira de Santana (?).

Com Ana Rodrigues Cordeiro:

3 Joaquim Rodrigues Cordeiro de Santana, nascido em 03/1838, falecido em 1862 em Paracatu aos 24 anos, de tuberculose pulmonar, solteiro e sem descendentes. Mercador nos trechos compreendidos entre as cidades Barbacena, Formiga, Patrocínio e Paracatu. Herdou do remanescente da terça do pai cerca de 4:000$000 de réis. Em documento por nós consultado, o pai reconhece a paternidade: “Diz Joaquim José de Santana que suposto o suplicante seja homem casado, e tenha sua mulher na Vila de Barbacena lugar do seu permanente estabelecimento, e domicílio, todavia, como com vistas, e intuídos de conseguir algumas aquisições, se lhe tornasse necessário residir e morar muitos anos nesta Vila de Paracatu até a presente; por isso e mormente por fragilidade humana, aconteceu admitir o suplicante em sua casa, haverá oito, ou nove anos, ou que na verdade for, teúda e manteúda (concubina), a Ana Rodrigues Cordeiro, mulher solteira, e que esta na constância duma tal coabitação, constituindo-se grávida, ou pejada, desse a luz em fins do mês de junho, ou o mês que na verdade fosse do ano de 1838, uma criança, que por ocasião do subsequente batismo se lhe pôs o nome de Joaquim … por isso que o suplicante reconhecendo-o seu filho o tem conservado desde nascido em seu poder até o presente”.

Joaquim Rodrigues Cordeiro de Santana fez testamento do próprio punho, e instituiu seu herdeiro universal seu tutor, padrinho e pai de criação José Ferreira Nunes, que aliás, foi afilhado e testamenteiro do seu pai, o tenente Joaquim José de Santana. Foi inventariado pelo coronel Domingos Pimentel de Ulhoa

Deixou legado à sua meia irmã Carlota Pereira de Melo ou Carlota Rodrigues de Melo, casada com Manoel Joaquim de Moura, residentes em Entre Rios, Goiás.

Dentre os seus parcos bens, foram avaliados uma pequena biblioteca com livros que versavam sobre direito e medicina, deixando a impressão de ter sido ele um homem letrado.

Fontes consultadas:

1 Inventário e testamento de Joaquim José de Santana: FamilySearch.org/Mar de Espanha. Referência “Registros de tutela, 1842 – 1845, página 1632.

2 Inventário de Ana Rodrigues Cordeiro: FamilySearch.org/ Paracatu, 2.ª Vara Cx. 1840/Volume 02 de 26/07/1838.

3 Inventário e testamento de Joaquim Rodrigues Cordeiro de Santana: FamilySearch.org/Paracatu, Caixa I-04/Volume 22, de 04/04/1862.

4 FamilySearch, livros eclesiásticos (batismos, casamentos e óbitos/Barbacena).

5 Monografias:

5.1 Negócios de Minas (tese de Doutorado). Lacerda, Antônio Henrique Duarte de. Família, fortuna, poder e redes de sociabilidades nas Minas Gerais — A Família Ferreira Armonde (1751-1850). Niterói, abril de 2010.

5.2 Saraiva, Luiz Fernando & Guimarães, Elione Silva: Fortaleza de Santana: fortuna e infortúnios: A longa duração de uma megapropriedade agrícola no império e república do Brasil (c. 1806– 2003).

6 Internet: Fotografias.

7 Projeto Compartilhar – Família Pedro Paiva Coimbra.


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