Pular para o conteúdo principal

PARACATUENSES NA POLÍTICA : DO IMPÉRIO À REPÚBLICA VELHA


Por José Aluísio Botelho

A lista de políticos paracatuenses que militaram na política ao
 longo do Império e da República Velha (1889-1930) representando a cidade é relativamente restrita, devido ao fato de só se eleger um representante a cada pleito eleitoral, bem como as reeleições sucessivas. Alguns foram eleitos por outras regiões onde se radicaram, e um deles era paracatuense por adoção. É importante lembrar que filhos e netos de paracatuenses se pontificaram na política nacional, e a título de ilustração, elencamos três que atingiram notável grau de excelência em suas áreas de atuação, quais sejam: o Marquês de Paraná Honório Hermeto Carneiro Leão, nascido em Jacuí; o Visconde de Uruguai Paulino José Soares de Sousa, nascido em Paris, filho do médico paracatuense José Antonio Soares de Sousa, e por fim Afonso Arinos de Melo Franco Sobrinho já na república.
ASSEMBLÉIA PROVINCIAL DE MINAS 
1 – Joaquim Pimentel Barbosa (1793-1853) – filho do Capitão Mor Domingos José Pimentel Barbosa e de Mariana de Moura Portela; chefe do partido conservador em Paracatu; coronel de guarda nacional; cavaleiro da Ordem de Cristo e Comendador da Imperial Ordem da Rosa; foi um dos representantes de Minas na coroação de D. Pedro II; deputado entre 1835 e 1845 – 1ª, 3ª e 5ª legislatura;
2 – Antonio da Costa Pinto (1802-1880), filho do coronel Antonio da Costa Pinto e de D. Francisca Maria Pereira de Castro; foi sem dúvida o mais destacado paracatuense no império; formado em leis na Universidade de Coimbra, ocupou todos os cargos no judiciário, atingindo o topo da carreira ao ser nomeado pelo Imperador, Ministro de STJ (atual STF) em 1870. Na política, foi deputado provincial entre 1835 e 1841; deputado geral entre 1838-1852; Presidente das Províncias de Minas (1836-37), Pernambuco (1848), e Bahia (1860-1861); agraciado com a Comenda da Ordem de Cristo, foi Conselheiro do Império;
3 – Manuel de Melo Franco (1812 -1871), filho do padre Joaquim de Melo Franco e de Maria da Cunha Branco; médico formado na França; foi um dos chefes da revolução liberal de 1842 em minas; deputado entre 1842 e 1843;
4 – Joaquim Pedro de Melo (1822-1891), filho natural do Comendador Joaquim Pimentel Barbosa e de mãe incógnita, médico humanista e benemérito, substituiu seu pai como chefe do partido conservador em Paracatu; deputado entre 1850 e 1855;
5 –Virgílio Martins de Melo Franco (1839 – 1922), filho de José Martins Ferreira e de Antonia de Melo Franco; formou-se em Farmácia em Ouro Preto, e posteriormente em Direito pela Faculdade do Largo de São Francisco; exerceu o cargo de juiz de direito em Goiás e Minas Gerais; deputado entre 1868-1869 e 1878 e 1879;
6 - João Emílio de Rezende Costa (1845-1911), filho do Major José de Rezende Costa e de Josefa Emília Carneiro de Mendonça; advogado, foi juiz de direito e aposentou-se como Desembargador da Relação de Minas; deputado entre 1870-1875;
7 –Nelson Dário Pimentel Barbosa, filho do Comendador Joaquim Pimentel Barbosa e de Ana Maria de Melo Franco; deputado entre 1882-1895;
ASSEMBLÉIA GERAL DO IMPÉRIO
1 – Bernardo Belizário Soares de Sousa (1795 -1861), filho do último guarda mor das minas de Paracatu, o português Francisco Manoel Soares de Sousa Viana e de Romana Francisca de Moura Portela, bacharelou-se em Leis em Coimbra, foi desembargador do Paço; deputado geral por quase trinta anos consecutivos pela província do Rio de Janeiro, onde se radicou e deixou descendência, entre os anos de 1830 a 1860; foi pai do Conselheiro do Império Francisco Belizário Soares de Sousa, e tio do Visconde de Uruguai;
2 – Manuel de Melo Franco, entre 1845 e 1866;
3 – Bernardo de Melo Franco (1821-1880), irmão do precedente, médico com formação na Itália, deputou entre os anos de 1867-1868;
4 – Francisco de Melo Franco, engenheiro, poeta bissexto, irmão dos precedentes, foi deputado de 1854 a 1856;
5 - Adrião Cordeiro de Campos Valadares, 1859;
6 – Joaquim Pedro de Melo, entre os anos de 1869 e 1877;
7 -  Virgílio Martins de Melo Franco, de 1878 a 1880;
ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DE MINAS (Congresso Mineiro)
(1ª Legislatura- constituinte)
1 – Senador – Virgílio Martins de Melo Franco (1839 - 1922), eleito senador vitalício, ocupou o cargo até 1922, ano de sua morte;
2 – Deputados: 
2.1 - Nelson Dario Pimentel Barbosa
2.2 - Eduardo Augusto Pimentel Barbosa;
A partir da 2ª legislatura:
1 – Eduardo Augusto Pimentel Barbosa (1850-1904), filho de Augusto Pimentel Barbosa e de Alzira Roquete Franco; eleito para o triênio 1895-1898; presidiu a câmara em 1895-1896; foi eleito deputado federal em 1897, sendo reeleito em 1902;
2 – Afrânio de Melo Franco (1870-1943), filho de Virgílio de Melo Franco e de Ana Leopoldina Pimentel Barbosa Pinto da Fonseca; eleito em 1902, foi deputado estadual até 1906, quando foi eleito à Câmara Federal, sendo reeleito até 1918;
3 – Franklin José da Silva Botelho, natural de Araxá, paracatuense por adoção, era irmão do coronel Fortunato Botelho; engenheiro, professor e fazendeiro, foi deputado entre 1899 e 1906;
4 – Dr. Américo de Macedo, nascido em 20/03/1864, filho de Alexandre de Macedo e de Regosina Rufina Costa; engenheiro, foi um dos construtores de Belo Horizonte; deputado entre 1902 e 1904, eleito pelo 4º distrito (Triângulo Mineiro); renunciou ao cargo ao ser nomeado prefeito da Vila de Caxambu;
Nota: segundo Olímpio Gonzaga (MH, 1910), ele apresentou projeto de lei que só concedia subsídios (o famoso Jetom) aos deputados nos dias em que comparecessem às sessões. É evidente que o projeto foi rejeitado. Isso há cem anos. Faleceu em Belo Horizonte aos 25/06/1912;
5 – Dr. Argemiro de Rezende Costa, nascido em 1878, filho do Dr. João Emílio de Rezende Costa e de Ana Leonor Pimentel Loureiro, foi deputado entre 1907 e 1937;
6 – Emílio Jardim de Rezende (1874-1948), irmão natural do precedente, radicou-se em Viçosa, onde foi Agente Executivo; eleito deputado estadual entre 1911 e 1918;
7 – Dr. Carlos Álvares da Silva Campos (1893-1955), filho do Dr. Martinho Álvares da Silva Campos Sobrinho e de D. Zulmira Loureiro Gomes, jurisconsulto e professor, foi um dos fundadores da Faculdade de Direito de BH, deixou vasta obra publicada; deputou ente 1927 e 1930.  
CÂMARA DOS DEPUTADOS 
1 – Eduardo Augusto Pimentel Barbosa, 1897-1904;
2 – Afrânio de Melo Franco, 1906 – 1918;
3 – Antonio Garcia Adjuto, nascido em 1867, filho de Francisco Garcia Adjuto e de Ana Cornélia de Abreu Castelo Branco, advogado e jornalista, radicou-se em Uberaba, por onde foi eleito deputado federal em 1909; a partir de então fixou residência no Rio de Janeiro; posteriormente radicou-se no Mato Grosso, onde faleceu em 1935;
4 – Emilio Jardim de Rezende (1874-1948), filho (natural) do desembargador João Emílio de Resende Costa e de Dona Virgínia de Oliveira Jardim, falecida em Viçosa em 1926, eleito representando o distrito eleitoral de Viçosa entre 1918 e 1930.
Fontes: Arquivo do autor;

Brasília, novembro/2011

Comentários

Postagens mais visitadas

DONA BEJA E AS DUAS MORTES DE MANOEL FERNANDES DE SAMPAIO

Por José Aluísio Botelho A história que contaremos é baseada em fatos, extraídos de um documento oficial relativo a um processo criminal que trata de um assassinato ocorrido na vila de Araxá em 1836. O crime repercutiu no parlamento do império no Rio de Janeiro, provocando debates acalorados entre os opositores do deputado e ex-ministro da justiça, cunhado do acusado, como se verá adiante. Muitos podem perguntar porque um blog especializado em genealogia paracatuense, está a publicar uma crônica fora do contexto? A publicação deste texto no blog se dá por dois motivos relevantes: primeiro, pela importância do documento, ora localizado, para a história de Araxá como contraponto a uma colossal obra de ficção sobre a personagem e o mito Dona Beja, que ultrapassou suas fronteiras se tornando de conhecimento nacional. Em segundo lugar, porque um dos protagonistas de toda a trama na vida real era natural de Paracatu, e, portanto, de interesse para a genealogia paracatuense, membr

REIS CALÇADO - UMA FAMÍLIA JUDIA NA PARACATU DO SÉCULO XVIII

Por José Aluísio Botelho  Eduardo Rocha Mauro Cézar da Silv a Neiva   Família miscigenada, de origem cristã nova pela linha agnata originária do Ceará . Pois

GUARDA-MOR JOSÉ RODRIGUES FRÓES

Por José Aluísio Botelho             INTRODUÇÃO  Esse vulto que tamanho destaque merece na história de Paracatu e de  Minas Gerais, ainda precisa ser mais bem estudado. O que se sabe é que habilitou de genere em 1747 (o processo de Aplicação Sacerdotal se encontra arquivado na Arquidiocese de São Paulo), quando ainda era morador nas Minas do Paracatu, e embora fosse comum aos padres de seu tempo, aprece que não deixou descendentes*. Que ele foi o descobridor das minas do córrego Rico e fundador do primitivo arraial de São Luiz e Santana das Minas do Paracatu, não resta nenhuma dúvida. De suas narrativas deduz-se também, que decepcionado com a produtividade das datas minerais que ele escolheu, por direito, para explorar, abandonou sua criatura e acompanhou os irmãos Caldeira Brandt, que tinham assumido através de arrematação o 3º contrato de diamantes, rumo ao distrito diamantino. Documento de prova GENEALOGIA  Fróis/Fróes - o genealogista e descendente Luís Fróis descreveu

CONTRIBUTO A GENEALOGIA DO ALTO PARANAÍBA: OS MARTINS MUNDIM DE MONTE CARMELO

POR JOSÉ ALUÍSIO BOTELHO Família originária de Mondim de Bastos, Vila Real, Portugal, estabelecida inicialmente na região de Oliveira em Minas Gerais. Na primeira metade do século dezenove movimentou-se em direção da Farinha Podre, estabelecendo com fazendas de criar na microrregião de Patrocínio, com predominância no distrito do Carmo da Bagagem, atual Monte Carmelo. Manoel Martins Mundim, português da vila de Mondim de Basto, veio para o Brasil, em meados do século dezoito a procura de melhores condições de vida na região do ouro, Campo das Vertentes, capitania de Minas Gerais. Aí casou com Rosa Maria de Jesus, natural da vila de Queluz. 1 Manoel Martins Mundim e Rosa Maria de Jesus . Filhos: 1.1 Manoel, batizado em Oliveira em 30/06/1766; sem mais notícias; 1.2 Mariana Rosa de Jesus , batizada em 3/7/1768. Foi casada com Manoel José de Araújo, filho de José Alvares Araújo e de Joana Teresa de Jesus; Filho descoberto: 1.2.1 Antônio, batizado em 1796 na capela d

FAZENDAS ANTIGAS, SEUS DONOS E HERDEIROS EM PARACATU - 1854 E 1857.

Por José Aluísio Botelho                A LEI DE TERRAS DE 1850 Desde a independência do Brasil, tanto o governo imperial, como os governos republicanos apresentaram inúmeros projetos legislativos na tentativa de resolver a questão fundiária no Brasil, bem como regularizar as ocupações de terras no Brasil. A lei da terra de 1850 foi importante porque a terra deixou de ser um privilégio e passou a ser encarada como uma mercadoria capaz de gerar lucros. O objetivo principal era corrigir os erros do período colonial nas concessões de sesmarias. Além da regularização territorial, o governo estava preocupado em promover de forma satisfatória as imigrações, de maneira a substituir gradativamente a mão de obra escrava. A lei de 1850, regulamentada em 1854, exigia que todos os proprietários providenciassem os registros de suas terras, nas paróquias municipais. Essa lei, porém, fracassou como as anteriores, porque poucas sesmarias ou posses foram legitimadas, e as terras continuaram a se

FAMÍLIA GONZAGA

Por José Aluísio Botelho FAMÍLIA GONZAGA – TRONCO DE PARACATU Essa família iniciou-se em 1790, pelo casamento do Capitão Luiz José Gonzaga de Azevedo Portugal e Castro, fiscal da fundição do ouro em Sabará – MG, em 1798, no Rio de Janeiro, com Anna Joaquina Rodrigues da Silva, natural do mesmo Rio de Janeiro, e tiveram oito filhos, listados abaixo: F1 – Euzébio de Azevedo Gonzaga de Portugal e Castro; F2 – Platão de Azevedo Gonzaga de P. e Castro; F3 – Virgínia Gonzaga; F4 – Florêncio José Gonzaga; F5 – VALERIANO JOSÉ GONZAGA; F6 – Luiz Cândido Gonzaga; F7 – José Caetano Gonzaga; F8 – Rita Augusta Gonzaga. F5 - Valeriano José Gonzaga, natural de Curvelo,Mg, nascido em 21.07.1816 e falecido em 1868 em Paracatu, casou em 21.07.1836, com Felisberta da Cunha Dias, nascida em 15.08.1821 e falecida em 10.08.1910, natural de Curvelo; foi nomeado Tabelião de Paracatu, tendo mudado para o lugar em 1845, aonde tiveram os filhos: N1 - Eusébio Michael Gonzaga, natural de