Por
José Aluísio Botelho
Pedro
Caldeira Brant, conde de Iguaçu (leia sobre ele in fine), escreveu
na segunda metade do século XIX, obra manuscrita até hoje não
publicada, intitulada “Memórias Genealógicas e Históricas da
Família Caldeira Brant e Outras Transcripcõens e Originaes”, em
que descreve a genealogia e a história da família desde sua origem
na Bélgica no século XIV, passando por Portugal até chegar no
Brasil em fins do século dezessete, início do dezoito.
O
conde linhagista
em
seu códice, teve o
cuidado de fazer transparecer a verdade genealógica em suas
pesquisas: discorre
sobre a origem dos
Van Brant em Anvers
(francês) = Antuérpia, baseada
em fontes secundárias,
faz conjecturas acerca
do nome Van Brant em analogia aos duques de Brabant e
a possível origem bastarda, ilegítima dos Brant. Com breves referências
sobre o tronco
português, passa ao
Brasil, aonde
aprofunda as
investigações
de seu ramo
genealógico paterno,
bem como
dá ênfase
às
suas origens pelo lado materno,
usando como fonte de
referência a obra de Pedro Taques.
Ele Não se preocupou
em ir às fontes primárias para complementar seu trabalho, uma pena.
Para
ler o
texto
na íntegra, clique AQUI.
Na
internet, existem
diversos textos sobre
esta família,
notadamente, do tronco que a levou a ser uma das mais importantes
famílias governamentais de Minas Gerais, e
inserida na nobreza imperial do Brasil.
O que se vê nas genealogias compartilhadas, infelizmente, são meras
reproduções do que escreveu Pedro Caldeira Brant, com ênfase no tronco familiar
que se notabilizou, no caso, a descendência de Felisberto Caldeira
Brant, que, desde jovem, na
primeira metade do século dezoito se
aventurou na mineração
nas capitanias
Goiás e Minas Gerais, capitaneado pelo seu inseparável irmão
Joaquim Caldeira Brant.
Quanto
às “Memórias”, não teve, porém, o ilustre Conde achegas
suficientes, e é natural, pois, que o trabalho contenha omissões,
lacunas, enganos e, mesmo erros.
O
objetivo deste trabalho é apontarmos ligeiramente alguns deles e
fornecer subsídios que vão abaixo. É evidente que muitos outros
existirão.
Pela
complexidade de se revisitar a genealogia da família no tocante ao
ramo belga, trazemos neste texto, subsídios a partir do tronco
português, do qual, um ou alguns membros passaram ao Brasil colônia
em finais do século dezessete.
1
O casal tronco na Bélgica:
O
marido: nas “Memórias” ele é identificado como Paulo Van
Brant, nascido em 1591; em documento de habilitação (adiante) de um
seu neto ele é referido como Guilherme Paulo Brant – omissão ou
erro?
A
esposa: nas “Memórias”, ela é Cornélia Keteler; no documento,
Cornélia Caldeira Hesalains – aqui parece confirmar
Keteler=Caldeira, acrescido de Hesalains – omissão de sobrenome.
Portanto,
Guilherme
Paulo Brant/Paulo Van Brant, nascido em 1591 e casado em Anvers em
1641 com Cornélia Keteler (Caldeira/Chaleira*) Hesaleins. Existe também a possibilidade dela ser descendente pelo lado materno, de portugueses que imigraram para Antuérpia, fugindo da inquisição.
*O
Google tradutor nos dá: Ketel – Caldeira; Keteler – Chaleira;
tudo bem, a língua evolui; utensílios semelhantes na sua
destinação.
Filhos:
1
Hans/Jan Van Brabant/Brant = João Caldeira Brant, adiante;
2
Joana Van Brant;
3
Pedro Van Brant;
4
José Van Brant;
5
Maria Van Brant;
6
Gisbert Van Brant;
7
Bartolomeu Van Brant = Bartolomeu Caldeira Brant, nascido em 1654,
viveu em Lisboa, adiante;
8
Arnaldo Van Brant;
9
Paulo Van Brant;
10
Maria Van Brant;
11
Ana Catarina Van Brant;
12
Arnoldo Van Brant;
13
Na dúvida, Antônio Van Brant – no assento de batismo de Ambrósio,
ele é citado: “foi padrinho seu tio Antônio Caldeira”(não é
citado nas “Memórias”). Ou seria ele um dos irmãos acima que
adotou o nome de Antônio?.
Nota: nos documentos portugueses, tanto eclesiásticos, quanto processuais, era usado invariavelmente a grafia "Brans".
Nota: nos documentos portugueses, tanto eclesiásticos, quanto processuais, era usado invariavelmente a grafia "Brans".
2
Passaram para Lisboa, Portugal, os irmãos:
1
João Caldeira Brans ou Brant, adiante;
2
Bartolomeu Caldeira Brant, testamenteiro de seu irmão João,
adiante;
3
Antônio Caldeira Brant (?), sem notícias.
1
João Caldeira Brant, nascido aos 10/03/1643 em Anvers/Antuérpia, e
falecido em Lisboa aos 03/08/1683; foi sepultado na igreja de Nossa
Senhora da Conceição; casado por volta de 1668 com Mariana de
Sousa, filha de Bartolomeu Fernandes Coutinho e de Maria José de
Sousa.
Nota
1: não foi possível até o presente localizar a naturalidade de
Mariana de Sousa e de seus pais.
Óbito João Caldeira |
Nota
2: nas “Memórias”, se diz: “parece que foi cônsul” em
Lisboa; O casal viveu na rua Mataporcos, freguesia de Madalena, um rua tipicamente de comércio; essa rua
era um misto de residências e casas comerciais. Não era uma rua
afeita a residência de representantes diplomáticos: continua a
incerteza – parece que foi cônsul. A presença de Bartolomeu Caldeira Brant, irmão mais novo de João,
morador na rua Nova dos Mercadores da freguesia de São Julião, que do lado oriental era chamada de rua Nova dos Ferros, sugere que eles exerciam atividades
comerciais.
No processo de habilitação para familiar do Santo Ofício de Tomás Caldeira Brant, sobrinho de João Caldeira Brant, datado de 1703, ele declarou ser mercador de loja, de propriedade dos pais, localizada na dita rua Nova dos Mercadores, o que reforça a atividade exercida pelos irmãos Caldeira Brant em Lisboa. Essa rua, surgida no século dezesseis, abrigava mercadores e banqueiros de diversas nacionalidades, entre elas, Flamengos. Segundo historiadores portugueses o movimento comercial da rua era febril, intenso, onde se comercializava de tudo, muito!.
Imagem ilustrativa da rua Nova dos Mercadores no século XVI:
No processo de habilitação para familiar do Santo Ofício de Tomás Caldeira Brant, sobrinho de João Caldeira Brant, datado de 1703, ele declarou ser mercador de loja, de propriedade dos pais, localizada na dita rua Nova dos Mercadores, o que reforça a atividade exercida pelos irmãos Caldeira Brant em Lisboa. Essa rua, surgida no século dezesseis, abrigava mercadores e banqueiros de diversas nacionalidades, entre elas, Flamengos. Segundo historiadores portugueses o movimento comercial da rua era febril, intenso, onde se comercializava de tudo, muito!.
Imagem ilustrativa da rua Nova dos Mercadores no século XVI:
(Reprodução) Rua Nova dos Mercadores, em Lisboa. Autor anónimo, c. 1570-1590. Londres, Kelmscott Manor Collection – Society of Antiquaries of London. (uma tela original, hoje dividida em duas) |
Filhos:
1.1
Antônio, batizado em 13/06/1669;
Termo de batismo |
1.2
Sebastião, batizado em 02/02/1671;
Termo de batismo |
1.3
José, batizado em 13/11/1672;
Termo de batismo |
1.4
Ambrósio, batizado em 21/12/1673; padrinho: seu tio Antônio
Caldeira; passou para o Brasil, adiante;
Termo de batismo |
Nota1:
nas “Memórias”, o linhagista o dá como filho único, o que foi
um equívoco.
1.5
João, batizado em 28/03/1676;
Termo de batismo |
1.6
Anastácio, batizado em 14/02/1678;
Termo de batismo |
1.7
Luísa, batizada em 20/12/1679;
Termo de batismo |
1.8
Feliciana, batizada em 28/10/1681;
Termo de batismo |
1.9
Francisca, batizada em 14/10/1683;
nasceu post mortem de seu pai.
Termo de batismo |
Nota2:
não descobrimos se todos eles atingiram a idade adulta.
1.4
Mestre de Campo Ambrósio Caldeira Brant, nascido em
1673; casou por volta de 1703/4 em
São Paulo com Josefa Maria de Sousa ou Josefa da Rocha, natural de Jundiaí,
filha de João de Sousa e de Sebastiana da Rocha;
faleceu ele cerca de 1728 em São João Del-Rei.
Achegas:
1
O nome dele era Ambrósio e não Antônio Ambrósio como é
citado em algumas genealogias;
2
As genealogias o dá como nascido em 1676, o que por
óbvio, é um erro, reparado agora pelo seu termo de
batismo, queira ver;
3 existe arquivado na Cúria Metropolitana de São Paulo, o processo de dispensa matrimonial de Ambrósio Caldeira Brant, com certidão de Banhos, datado de 1703, ver imagem abaixo:
3 existe arquivado na Cúria Metropolitana de São Paulo, o processo de dispensa matrimonial de Ambrósio Caldeira Brant, com certidão de Banhos, datado de 1703, ver imagem abaixo:
Reprodução: Records Preservation |
Filhos:
1.4.1
Felisberto Caldeira Brant, nascido em 1710 (vide imagem adiante) e falecido em
1756 (sic) em Caldas da Rainha; ou em 1769 na cadeia do Limoeiro em Lisboa?; casou em 13/03/1736 em São João Del Rei com Branca de Almeida Lara.
Nota1: a data da morte de Felisberto ainda é obscura, como se constata acima. Seu assento de óbito nunca foi localizado, embora a maioria dos textos que versam sobre sua vida refere a data de 1756 (o que se sabe com segurança é que quem faleceu em 1756 foi seu irmão Joaquim); porém, alguns documentos instigam a controvérsia: em um processo de habilitação para a Ordem de Cristo, datado de
1765, ele é arrolado como testemunha em favor do habilitando Alexandre Luis de Sousa Brandão Menezes, onde consta ser ele preso na cadeia de Limoeiro; outro documento existente no Arquivo Ultramarino diz: "o sequestro de seus bens só terminou em 1768 e ressarciu o tesouro régio de parte dos prejuízos; segue o documento: em 1769, quase totalmente paralisado e com dificuldades de fala devido a um ataque apoplético, morria no Limoeiro, apesar de autorizado a se retirar para Caldas da Rainha". veja a imagem ilustrativa abaixo:
Nota1: a data da morte de Felisberto ainda é obscura, como se constata acima. Seu assento de óbito nunca foi localizado, embora a maioria dos textos que versam sobre sua vida refere a data de 1756 (o que se sabe com segurança é que quem faleceu em 1756 foi seu irmão Joaquim); porém, alguns documentos instigam a controvérsia: em um processo de habilitação para a Ordem de Cristo, datado de
1765, ele é arrolado como testemunha em favor do habilitando Alexandre Luis de Sousa Brandão Menezes, onde consta ser ele preso na cadeia de Limoeiro; outro documento existente no Arquivo Ultramarino diz: "o sequestro de seus bens só terminou em 1768 e ressarciu o tesouro régio de parte dos prejuízos; segue o documento: em 1769, quase totalmente paralisado e com dificuldades de fala devido a um ataque apoplético, morria no Limoeiro, apesar de autorizado a se retirar para Caldas da Rainha". veja a imagem ilustrativa abaixo:
Fonte: Torre do Tombo |
Ler: https://digitarq.arquivos.pt/viewer?id=7706773
Nota2: em muitas genealogias e textos sobre Felisberto este casamento se deu em Paracatu em 1735, pouco mais ou menos; ora, neste ano Paracatu ainda não existia e seu ouro ainda dormitava em veio esplêndido; na verdade, ele casou em São João Del Rei, passando então para Vila Boa de Goiás, onde nasceram a maioria de seus filhos.
Nota2: em muitas genealogias e textos sobre Felisberto este casamento se deu em Paracatu em 1735, pouco mais ou menos; ora, neste ano Paracatu ainda não existia e seu ouro ainda dormitava em veio esplêndido; na verdade, ele casou em São João Del Rei, passando então para Vila Boa de Goiás, onde nasceram a maioria de seus filhos.
Transcrição: "Aos treze de março de mil setecentos e trinta e seis anos, na capela do Mestre de Campo, Ambrósio Caldeyra Brant, pelas quatro horas da tarde, feytas as diligências, que ordena o Sagrado Concílio Tridentino, em minha presença, e das testemunhas o Sargento Mor José Matos e o capm. Mor Feliciano Pinto de Vasconcellos, por procuração, que mandou Branca de Almeida Pires, a Jacynto Caldeira Brant, se receberão in facia Ecclesias Felisberto Caldeyra Brant com a dita Branca de Almeida Pires, de que fez este assento que assigno".
Indagação: quem foi Jacinto Caldeira Brant, procurador da noiva?
Indagação: quem foi Jacinto Caldeira Brant, procurador da noiva?
Os
irmãos Caldeira Brant e Paracatu.
Primeiramente,
é importante salientar que não foi encontrado indícios da presença
dos irmãos Sebastião e Conrado no arraial de Paracatu, durante o
período em que Felisberto e Joaquim por lá pontificaram. Estes dois
irmãos, sempre andaram juntos, e logo após o anunciado dos novos
descobertos, se movimentaram com seus agregados para a povoação
nascente, vindos de Vila Boa de Goiás. Foram dos primeiros a chegar,
até porque, a proximidade de Vila Boa propiciava a ligeireza. Já em
1745, Felisberto e Joaquim obtiveram as patentes, respectivamente, de
capitão mor e capitão de cavalos do arraial, com a justificativa em
relação a Felisberto “de pertencer a nobreza do Rio das Mortes,
possuir grande escravatura e prósperas minas de ouro” (documentos
disponíveis no Arquivo Público Mineiro). Porém, a permanência dos
dois no lugar foi breve, porque, em janeiro de 1748, Felisberto
arremata o terceiro contrato de diamantes do Tejuco e para lá se
dirige; seu irmão Joaquim retorna a Goiás como administrador das
minas de Rio Claro e Pilões. Décadas depois, um filho de Joaquim
Caldeira Brant, que tinha o mesmo nome do pai, retorna à Paracatu
onde deixa descendência – o tronco paracatuense, do qual o nome
mais conhecido é o do festejado professor de primeiras letras Manoel
Caldeira Brant, filho de um Joaquim Caldeira Brant (neto ou bisneto do primeiro?) e de Maria Pereira Guimarães. As lembranças do sobrenome em Paracatu se ateve, além dos descendentes,
somente aos documentos oficiais manuscritos: Os lugares geográficos
batizados à época com o apelido, tais como a chapada e o arraial
dos Caldeiras se perderam nas brumas do tempo.
Em
um processo do Santo Ofício da Inquisição de Lisboa, de Nº205,
relativo à Lucas da Costa Pereira, instaurado em 1746 no arraial de
Paracatu, e que pode ser consultado online no site da Torre do Tombo,
Joaquim e Felisberto são arrolados como testemunhas, onde relatam
suas idades e naturalidade, o que dirime de uma vez por todas as
controvérsias – vejam as imagens:
Processo 205 - 1746 |
Processo 205 - 1746 |
Filhos:
1.4.1.1
Felisberto Caldeira Brant, acompanhou o pai preso à Lisboa; morreu
tragicamente, vítima do terremoto que destruiu Lisboa em 1 de
novembro de 1755;
1.4.1.2
Coronel Gregório Caldeira Brant, nascido em Vila Boa de Goiás,
morreu moço, envenenado, segundo o manuscrito do conde; chegou a se matricular em Coimbra no ano de 1769, mas parece que desistiu de estudar; casou com
Ana Joaquina de Oliveira Horta em 16 de março de 1772 na Catedral de
Mariana; recebeu as bênçãos nupciais em 26 de abril do dito ano na
matriz de São Sebastião, distrito de Mariana (atual distrito de
Bandeirantes).
Casamento Gregório |
Indagações
para discussão: embora o casamento tenha se realizado na catedral de
Mariana, o assento foi registrado em livro próprio da matriz de
Antônio Dias, em Ouro Preto, distante cerca de quinze quilômetros –
no assento, diz o padre que não foram feitas as bênçãos nupciais
por ser tempo de feriado: certamente era tempo da quaresma, quando os
noivos podiam casar, mas não recebiam as bênçãos nupciais, dadas
após a Páscoa; Outrossim, chama a atenção a ausência da noiva,
que foi representada por um seu procurador, e, por fim, as ditas bênçãos foram feitas quarenta dias (o que confirma a quaresma)
depois do casamento na matriz de São Sebastião, cerca de 10
quilômetros de Mariana e do lado oposto de Ouro Preto, no dia 26 de
abril de 1772. É importante lembrar que o pai da noiva, coronel José
Caetano Rodrigues Horta pontificava no lugar. A pergunta que não
quer calar: porquê o bispo de Mariana não providenciou o assento do
casamento nos livros da Catedral, e não deu as bênçãos?
A
resposta pode estar na data de nascimento e batismo do filho
primogênito do casal, em setembro do mesmo ano. Teria sido um
casamento que contrariava os preceitos da igreja, relativo ao sagrado
sacramento do matrimônio? Talvez, porque uma gravidez poderia ter
interposto no caminho, como sugere a ausência da noiva, e as datas
próximas do casamento e do nascimento do primeiro filho; condição
essa condenada pela igreja, notadamente, na casa do chefe da igreja
local, no caso o bispo diocesano, mais rigoroso com os dogmas da fé
católica do que os padres de paróquias.
Filhos:
1.4.1.2.1
Felisberto Caldeira Brant, marquês de Barbacena, nascido no arraial
de São Sebastião, distrito de Mariana em 19/09/1772, cujo tronco está inserido na nobreza brasileira;
1.4.1.2.2
José Caldeira Brant*;
1.4.1.2.3
Ildefonso Caldeira Brant, visconde de Gericinó, nascido em 1774;
faleceu solteiro no RJ;
1.4.1.2.4
Francisco Caldeira Brant*;
1.4.1.2.5
Tomás Caldeira Brant*;
1.4.1.2.6
Ana Caldeira Brant*;
*Falecidos
na menoridade.
1.4.1.3
Tomás Caldeira Brant, sem mais notícias;
1.4.1.4
Ana, sem mais notícias;
1.4.1.5
Inácio, sem mais notícias;
1.4.1.6
Teresa Caldeira Brant, tronco dos Gomes Caldeira Brant;
1.4.2
Joaquim Caldeira Brant, nascido
em 1711 (vide imagem acima) e falecido em 22/11/1756 na fazenda de João Pereira, distrito de Roça Grande, hoje bairro de Sabará; foi sepultado na capela Mor da fazenda do Jaguara, do mesmo distrito. Abaixo fac-símile de seu assento de óbito:
Casado no arraial de Paracatu com Helena Rodrigues Fróes, irmã de José Rodrigues Fróes, o descobridor das minas do Paracatu, que em seu testamento (ler AQUI), datado de 1794, declara quatro filhos ainda vivos:
Casado no arraial de Paracatu com Helena Rodrigues Fróes, irmã de José Rodrigues Fróes, o descobridor das minas do Paracatu, que em seu testamento (ler AQUI), datado de 1794, declara quatro filhos ainda vivos:
1.4.2.1
José Caldeira Brant, nascido em Pilões, Goiás; casou em 14/07/1785 com Ignez Perpétua de Jesus, com descendência; faleceu em Santa Bárbara em 17/06/1813;
1.4.2.2
Manoel Caldeira Brant; em 1811 se encontrava preso em Vila Nova da
Rainha;
1.4.2.3
Maria Inácia do Nascimento. Casou duas vezes, com descendência no
Serro, MG.
Tronco
de Paracatu
1.4.2.4
Joaquim Caldeira Brant Júnior, viveu em Paracatu, em estado de
solteiro; filho descoberto:
1.4.2.4.1
Serafim Caldeira Brant; casou duas vezes: 1ª vez com Antônia Severino Botelho, com descendência nos Severino Botelho; 2ª vez aos 29/01/1827 na matriz de Santa Cruz de Goiás, casou com Josefa Maria Vaz de Castro, filha do capitão Caetano Teixeira Sampaio e de Ana Neto da Costa;
1.4.2.5
Na dúvida, Lourenço Caldeira Brant(citado nas Memórias, porém, não o é no testamento de Helena Rodrigues Fróes);
Nota:
de acordo com o testamento de Helena Rodrigues Fróes, ela se achava
em extrema pobreza, vivendo de esmolas.
1.4.3
Sebastião Caldeira Brant, casou em Cotia com Máxima de Siqueira;
filhos:
1.4.3.1
Francisco Xavier;
1.4.3.2
Felisberto;
1.4.3.3
Ambrósio.
1.4.4
Conrado Caldeira Brant. Testou em 27/02/1777, onde confirma ser filho de Ambrósio Caldeira Brant e de Josefa de Sousa;
Declara ser solteiro, nem teve filho algum e institui com seus herdeiros sobrinhos e sobrinhos.
Nota: seu testamento pode ser acessado online no Arquivo Público Mineiro>acervo>verbete "Sabará">testamentos - 1777/1782;
Declara ser solteiro, nem teve filho algum e institui com seus herdeiros sobrinhos e sobrinhos.
Nota: seu testamento pode ser acessado online no Arquivo Público Mineiro>acervo>verbete "Sabará">testamentos - 1777/1782;
1.4.5
(Na dúvida)José, (não aparece nas Memórias) sem mais notícias;
1.4.6
Jacinta Caldeira Brant (ausente no texto do conde),
tronco dos Vilela de Paracatu; nascida na freguesia do Pilar,
vila de São João Del-Rei, foi casada com Manoel Pires Ribeiro,
natural da freguesia de Montserrat, Vila de Viana, Viana do Castelo,
Portugal, filho de Manoel Afonso e de Natália Ribeiro. Filhos:
1.4.6.1
Ambrósio Pires Ribeiro, batizado a 23 de julho de 1737 na capela de
Santa Cruz do Salto, freguesia de Nossa Senhora da Conceição das
Congonhas do Campo; estudava no Seminário de Mariana em 1765 e se
habilitou sacerdote em 1749;
1.4.6.2
José Pires Ribeiro;
1.4.6.3
Manoel Pires Ribeiro;
1.4.6.4
Eufrásia de Jesus Maria, casada com o tenente-coronel Antônio
Vilela Frazão. Viveram em Santana do Jacaré, de onde partiram os
Vilelas deste tronco para a conquista do meio oeste de Minas, assim
como o noroeste – Paracatu;
1.4.6.5
Francisco Pires Ribeiro;
2
Bartolomeu Caldeira Brant, nascido em 06/05/1654 em Anvers/Antuérpia,
Bélgica, passou a Portugal, estabelecendo em Lisboa; morador na rua Nova dos Mercadores, freguesia de Conceição Nova ou São Julião; casou por
volta de 1678 com Tereza de Jesus, filha de Manuel Rodrigues, natural
de Nesperal, e de Izabel Aires, natural da rua da Confeitaria da freguesia de Santa Madalena,
Lisboa; filhos descobertos:
2.1
Tomás Caldeira Brant, nascido em 1689; foi batizado na freguesia de São Julião em 06/08/1889; familiar do Santo Ofício com juramento prestado em 03/12/1705 aos 16 anos; cavaleiro da Ordem de São Tiago, 1825; comerciante.Diligência
de habilitação para a Ordem de Santiago de Tomás Caldeira Brant
18/09/1720
Âmbito
e Conteúdo
Natural
da freguesia de São Julião, Lisboa, familiar do Santo Ofício,
filho de Bartolomeu Caldeira Brant, natural de Anvers, Flandres, e
morador em Lisboa, e de sua mulher Teresa de Jesus, natural da
freguesia da Madalena, Lisboa; neto paterno de Guilherme Paulo Brant
e de sua mulher Cornélia Caldeira Hesalains, naturais de Anvers;
neto materno de Manuel Rodrigues, natural do lugar de Nesperal,
freguesia de São Simão, e de sua mulher Isabel Aires, natural da
freguesia da Madalena, Lisboa.
2.2
Rosendo, nascido em 24/08/1679;
Termo de batismo |
2.3
Clara, nascida em 08/03/1682;
Termo de batismo |
2.4
Rosa Maria, nascida em 17/01/1685;
Termo de batismo |
2.5
Caetano, nascido em 10/04/1688.
Termo de batismo |
2.6
Luís Caldeira Brant, batizado em São Julião aos 04/10/1699; advogado e
familiar do Santo Ofício em 1737; morador na freguesia de Nossa Senhora
do Socorro.
Sobre
Pedro Caldeira Brant Conde
de Iguaçu.
Nasceu
em Salvador, Bahia, em 20 de junho de 1814, filho dos Marqueses de
Barbacena, Felisberto Caldeira Brant Pontes Oliveira Horta e sua
mulher Ana Constança Guilhermina de Castro Cardoso. Irmão do
Visconde de Barbacena, Felisberto Caldeira Brant Pontes.
Casou
em 21 de agosto de 1838 em primeiras núpcias com D. Cecília Rosa de
Araújo Vahia, Dama do Paço, natural do Rio de Janeiro e filha dos
Condes de Sarapuí, 1ª Condessa de Iguaçu, e em segundas núpcias
em 2 de Setembro de 1848 com Maria Isabel de Alcântara Brasileira ou
Maria Izabel de Alcântara e Bragança (como consta no seu termo de
batismo e de casamento), filha legitimada da Marquesa de Santos e de
SM D. Pedro I, nascida em São Paulo em 28 de fevereiro de 1830 e
falecida de arteriosclerose em 5 de setembro de 1896, em sua casa em
São Paulo. Está sepultada ao lado de sua mãe, no cemitério da
Consolação.
Era
Gentil-homem da Imperial Câmera e Grande do Império. Tinha as
comendas da Imperial Ordem de Cristo e de S. Stanislau, da Rússia.
Faleceu
no Rio de Janeiro em 17 de fevereiro de 1888, sendo sepultado no
cemitério São Francisco Xavier.
(transcrito
e adaptado do CBG - Colégio Brasileiro de Genealogia).
Termo de batismo de Maria Izabel |
Casamento - Conde/Maria Izabel |
Sobre
o casal, o historiador Paulo Rezzuti em seu livro “D. Pedro: a
história não contada”, relata que não foi um casamento feliz.
Alguns trechos: “o temperamento da esposa não ajudava, e o marido
era viciado em jogos de azar e mulherengo”. Quando do casamento,
seu pai adotivo, o brigadeiro Tobias de Aguiar, relata em seu
testamento: “fez constar que já pagara um dote de quarenta contos
de réis a dona Maria Izabel de Alcântara Bourbon, cuja quantia
entreguei no ato de seu infeliz casamento com o conde de Iguaçu”.
“Até
no diário de D. Pedro II há referências às desavenças do casal.
Em 1862, o imperador recebeu o conselheiro João da Silva Carrão,
amigo de Domitila. Esse conselheiro solicitava, em nome da marquesa,
que o conde de Iguaçu, a serviço do Imperador no Rio de Janeiro com
um soldo de quinhentos mil réis por mês, mas, segundo relatos, ela
não recebia um centavo do marido e a pedido da marquesa, foi
sugerido ao seu meio-irmão que dividisse o salário entre os dois, e
que o mesmo interferisse junto ao cunhado que voltasse a morar em São
Paulo com a esposa”. Parece que não houve acordo. “Após doze
anos separados, mesmo desaconselhada pela mãe, acabou entrando com
um pedido de divórcio alegando que o marido a expulsara da própria
casa; que ele teria batido nela com violência; além disso o acusou
de adultério com as empregadas da casa e outras mulheres. O divórcio
foi concedido em 1876 (nota: divórcio canônico, ou seja, a igreja
autorizava a separação de corpos, porém mantinha a
indissolubilidade do matrimônio)”.
Ainda,
segundo o historiador Paulo Rezzutti, “o conde de Iguaçu seria um
grande libertino jogava tudo que lhe passava pelas mãos, a ponto de
jogar certa vez, a posse temporária, precária, da esposa, quando a
sorte (ou a inconsequência, grifo nosso) o desamparou e nada mais
lhe restava, nem mesmo o pundonor”.
Ao
mesmo tempo, segundo um jornal de época era o conde um homem culto,
apreciador das letras, que cultivou com amor e carinho: possuía uma
biblioteca com três mil volumes, além de 250 cartas cartográficas
e outras preciosidades ligadas à cultura, que doou para a antiga
biblioteca fluminense.
Fontes:
1
Pedro Caldeira Brant – Memórias Genealógicas e Históricas –
Biblioteca luso-brasileira,
online.
2
Torre do Tombo – Ordens de São Tiago; processos de habilitação para familiar do Santo Ofício de Tomás Caldeira Brans (1705) e de Luís Caldeira Brans (1737);
3
FamilySearch – livros paroquiais: da freguesia de Conceição Nova,
Lisboa; da freguesia da Consolação, São Paulo; da freguesia de Nossa Senhora da Glória, RJ;
4
Banco de dados do blog.
5 Colégio Brasileiro de Genealogia – verbete “Pedro Caldeira
Brant”;
6 Rezzutti, Paulo: D. Pedro, a história não contada, 2015, LeYa
Editora Ltda.
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