Por José Aluísio Botelho
Nascido em 26 de novembro de 1883 em Salvador, Bahia. Filho do Desembargador Francisco
Manoel Paraíso Cavalcante de Albuquerque e Aragão, dos Caramurus da Bahia,
também natural de Salvador, e de Dona Ana Pimentel de Ulhoa, natural de
Paracatu, Minas Gerais. Fez o curso primário, a começo em Salvador, depois na
capital de Goiás, novamente em Salvador, e, por fim, em Uberaba, no estado de
Minas Gerais. A razão explicativa desse ciclo do seu curso primário está em
que, Desembargador da Relação da Bahia, foi seu pai em 1887 removido para a
Relação de Goiás, donde retornou a da Bahia em 1889, aposentando-se em seguida
e indo residir em Uberaba, onde faleceu em 1899.
Justiça una no tempo do Império, os
magistrados ficavam sujeitos a tais remoções, enfrentando os maiores
sacrifícios dadas às distâncias a vencer, sem meios rápidos de locomoção. Vale
salientar que seu pai fez-se acompanhar de sua mãe e seus filhos nessas longas
viagens.
Terminados os estudos primários em
Uberaba, com 11 anos de idade, fez no Rio de Janeiro, concurso de admissão ao
Colégio Militar, em 1895. Em 1900 completou o curso secundário com aprovação
distinta. Em 1901, matriculou-se na escola Militar da Praia Vermelha, onde
devido às boas notas, foi promovido a alferes-aluno, completando o curso das
três armas em 1904.
Em 1906, atingindo o fim da etapa
escolar, recebeu a Carta de Engenheiro Civil e Militar, o Diploma de Oficial do
Estado Maior, e, por haver alcançado, nos cinco anos de estudos, aprovações em
graus acima de seis (6), foi galardoado com a Carta de Bacharel em Matemática e
Ciências Físicas.
Em 1907, casou-se, na cidade de Uberaba,
com sua prima D. Carolina de Castro Ulhoa, filha de seu tio materno, o médico
Tomás Pimentel de Ulhoa, e de Luiza Etelvina de Castro Ulhoa.
Funções – já 2º Tenente em 1907
trabalhou como engenheiro nas obras do novo abastecimento de água do Rio de
Janeiro, como ano de prática, voltando ao exército em 1908. Coube- lhe então a
missão de propagandear o serviço militar obrigatório no Triângulo Mineiro,
tendo sido designado instrutor militar do Ginásio Diocesano de Uberaba.
Aí, preparou durante 4 anos, várias
turmas de reservistas do Exército. Produziu várias conferências de propaganda,
fundou linhas de tiro e escreveu uma Cartilha do Cidadão, sobre o serviço
militar. Nesse período, nasceram dois de seus filhos: Francisco e Maria Luísa.
Promovido em 1911 ao posto de 1º tenente
(arma de cavalaria) foi mandado continuar nas mesmas funções e nomeado,
cumulativamente, delegado do Estado Maior do Exército junto à Estrada de Ferro
Mogiana.
Em 1914, foi convidado pelo Dr.
Wenceslau Braz, Presidente da República, para fazer parte de sua Casa Militar,
onde participou da Liga de Defesa Nacional, órgão civilista de propaganda que
ecoou por todo o país. Permaneceu na Casa Militar durante todo o governo
Wenceslau, prosseguindo nas mesmas funções nos governos seguintes, de Rodrigues
Alves e Delfim Moreira. Nesse período, contratou uma missão militar francesa no
intuito de elevar o nível deficiente da educação ministrada pelo exército,
instruindo os quadros de oficiais. Em 1921, já capitão, foi nomeado instrutor
da escola do Estado Maior. Promovido a major em 1922, foi mantido no cargo até
1927, quando, com a patente de tenente-coronel assume o comando de um regimento
de cavalaria no RS. Coronel em 1929, sempre pelo princípio do merecimento,
regressa à capital federal para exercer o cargo de chefe de Seção de Operações
do Estado Maior da Arma.
Em julho de 1933, assume as funções de
chefe de gabinete do ministro da guerra, general Augusto do Espírito Santo
Cardoso. Ocupou a direção da pasta, interinamente, devido à doença do titular,
em janeiro de 1934. Neste mesmo ano, já general de brigada, coube-lhe exercer o
comando da 9ª Região Militar no estado de Mato Grosso. Retorna à capital
federal em 1935, onde assume a subchefia do Estado Maior da Arma.
Foi na Inspetoria Geral de Ensino do
Exército, criada em 1937, no cargo de Inspetor Geral do novo órgão, destinado a
concentrar a direção didática e disciplinar de todos os estabelecimentos de
ensino do exército, que ele teve atuação destacada, promovendo a modernização,
aperfeiçoando e elevando os níveis educacionais de todas as escolas militares
espalhadas por todo o país.
Por fim, retomou a ideia do então
coronel José Pessoa lançada anos atrás, articulando junto ao ministro da
guerra, providências para a realização do projeto da nova escola militar
formulada por aquele militar, lançando a pedra fundamental da Escola Militar de
Agulhas de Agulhas Negras. Administrou sua construção até quase sua conclusão,
porque foi designado em 1941, ao ser promovido a general de divisão, para
comandar a 5ª Região Militar, com sede em Curitiba. No ano
seguinte comanda a 4ª Região Militar com sede em Juiz de Fora. Mesmo em funções
de comando, sempre continuou a desenvolver suas atividades no plano educacional
dentro do exército. Durante a guerra, entre 1943 e 44, esteve no norte-
nordeste a frente da Inspetoria, executando missões delicadas e importantes, em
virtude de ser o nordeste a zona mais ameaçada de invasão por parte do inimigo
nazista. Em 1947, assume seu último cargo de comando, quando é designado para a
zona militar do centro, compreendendo os estados de MG, SP, GO e MT.
Passa à reserva em 1948, ao atingir a
idade limite de permanência na atividade do exército, no posto de general de
exército, sendo, ulteriormente promovido a marechal pelos serviços que prestou
em tempo de guerra.
Medalhas e condecorações:
- Grande Oficial do Mérito Militar;
Comendador da Legião de Honra; Grande Oficial da Ordem do Mérito do Chile e da
Ordem do Sol do Peru; Medalha de Guerra; Medalha de serviço com passadeira de
platina; Medalha do Cinquentenário da República etc.
Bibliografia:
- Escreveu diversos artigos para jornais
ao longo da vida;
- Publicou várias conferências
proferidas de cunho militar;
- Publicou os livros A Presidência Wenceslau Braz e Lições de Tática de
Cavalaria;
- Seguindo a Trilha e Ainda Seguindo a
Trilha (3 volumes), contendo discursos, orações e conferências sobre matérias
profissionais, educacionais e cívicas.
Três de seus filhos foram militares de
carreira, e um deles professor na escola militar. Dentre eles, o general
Armando Cavalcante que se destacou como importante compositor de marchas
carnavalescas, entre as décadas de 1940 e 60, e o jornalista Francisco Paraíso Cavalcanti de Albuquerque, morto em 1960.
Faleceu em 18/05/1960 aos 75 anos de idade.
Faleceu em 18/05/1960 aos 75 anos de idade.
Biografia transcrita, com adaptações sem
alterar o texto original e acréscimos na genealogia, da revista do Instituto
Histórico e geográfico Brasileiro, volume 241, outubro/novembro de 1958,
escrita por Maria Carolina Max Fleiuss.
Brasília,
dezembro de 2012.
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