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VELHOS TRONCOS PARACATUENSES: CARNEIRO LEÃO


Por José Aluísio Botelho

(Atualização, com correções e acréscimos em 15/12/2019) 
Família de origem portuguesa, da região do Porto, freguesia de Santiago da Carvalhosa, município de Paços de Ferreira. Alguns membros da família imigraram para o Brasil no século dezoito, principalmente para Pernambuco, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Para Pernambuco Manoel Carneiro Leão e seu sobrinho Manoel Netto Carneiro Leão, para o Rio de Janeiro Brás Carneiro Leão e para Minas Gerais veio Antônio Netto Carneiro Leão, que adquiriu datas de terras minerais no então Arraial de São Luiz e Santana de Paracatu, e na exploração de ouro amealhou cabedais, sem enriquecer: foi proprietário do “Sítio do Neto”, banhado por um ribeirão denominado "Ribeirão do Neto", que perpetuou um de seus sobrenomes até os dias atuais; em 1769 era proprietário com os demais sócios de 16 datas minerais e 22 escravos. Pelos seus descendentes, doou seu sangue à nobiliarquia brasileira, com marquês e marquesa, viscondes e viscondessas, barões e baronesas, listados abaixo. Alguns deles exerceram importantes papéis na política brasileira durante o Império, com destaque para o Marquês de Paraná*. Transcrevemos a seguir a ascendência e descendência desse sobrenome, principalmente em Minas Gerais:
ASCENDÊNCIA DOS CARNEIRO LEÃO
1 Pedro Carneiro, natural do lugar de Fontão, Santiago de Carvalhosa, Paços de Ferreira, Porto, casado na década de 1630, com Maria Antônia de Leão, natural de Sanfins do Ferreira, Paços de Ferreira (no processo de habilitação do neto Francisco Carneiro Leão, uma testemunha refere-se a ela como irmã de Antônio de Leão), viveram no lugar de Fontão, onde tiveram e criaram os filhos. Dentre eles destacamos os que deixaram descendência no Brasil:
1 Manoel Carneiro Leão, nascido em 10/05/1648 e falecido em 03/03/1698; casou em 25/10/1681 com Catarina Ferreira Barbosa, filha de Antônio Ferreira, de Sanguinhães, da vila de Santiago da Carvalhosa e Maria Barbosa, natural de Santa Eulália dos Passos (Paços de Ferreira); filhos:
1.1 Manoel, batizado em 18/07/1682;
1.2 Maria, batizada em 03/11/1683;
1.3 Rafael, batizado em 10/11/1686; Rafael Carneiro Barbosa, casado com Joana Alves de Sousa, viveu em Sanguinhães, terra do avô materno. Por um de seus filhos deixou descendência na região de Betim e Curral Del-Rei, atual Belo Horizonte;
1.4 Domingos, batizado em 30//07/1688 e falecido criança em 1696;
1.5 Catarina, batizada em 21/05/1690;
1.6 Manoel, segundo do nome, batizado em 08/02/1693;
1.7 Agostinho, batizado em 23/11/1695;
1.8 Teodósio, batizado em 29/04/1696;
2 Francisco Carneiro Leão, nascido em 20/11/1650 e falecido aos 03/12/1736 com 86 anos; casou no mesmo dia do irmão Manoel, em 25/10/1681 com Luísa Barbosa, falecida em 13/01/1744, irmã inteira da precedente, filha, portanto, de Antônio Ferreira e de Maria Barbosa.
Óbito Francisco Carneiro Leão
Filhos:
2.1 Maria, batizada 12/09/1683;
2.2 Manoel, batizado em 23/10/1685; Manoel Carneiro Leão. Veio para Pernambuco, onde casou com Rosa Maria de Barros, deixando descendência conhecida;
2.3 Tomás, batizado em 02/02/1687;
2.4 Vitoriano, batizado em 26/12/1688 e falecido em março de 1722;
2.5 Francisco, batizado em 30/09/1691; padre Francisco Carneiro Leão, ordenado em 1719; foi pároco em Carvalhosa até sua morte em 27/02/1772; viveu no Fontão, casa de seus pais; adiante;
Leia: processo de habilitação sacerdotal AQUI
2.6 Catarina, batizada em 08/09/1693;
2.7 Serafina, batizada em 08/09/1695; Serafina Carneiro Leão, casada com José Netto Ferreira; algumas genealogias dizem ser seu filho, Manoel Netto Carneiro Leão, que passou a Pernambuco na segunda metade do século dezoito, onde casou com Francisca Tereza de Jesus Barros; pelos seus filhos contribuiu com formação da nobreza imperial brasileira;
2.8 Antônio, batizado em 03/11/1697 e falecido em 09/03/1781; Antônio Carneiro Leão, professo da Ordem de Cristo, homem de negócios com casa de comércio estabelecido na freguesia de São Nicolau da cidade do Porto, morador na freguesia Lordelo do Ouro, no Porto; já idoso passou os negócios para o sobrinho Francisco Carneiro; casado na igreja de Aldoar de Lordelo do Ouro em 30/05/1736 com Tereza Bernardina de Caldas Faria, filha do sargento mor Cosme Martins de Faria e de Custódia Moreira de Caldas; Tereza Bernardina faleceu aos 20/04/1773;
2.9 Rafaela, batizada em 26/09/1699; Rafaela Carneiro Leão, casada com o capitão Manoel Martins Carneiro, de Meixomil, ao lado de Carvalhosa; ela, falecida aos 83 anos em 18/02/1782; ele, falecido em 1774; na descendência, destacamos;
2.9.1 Francisco Carneiro Leão, nascido em 1727; aos 15 anos foi viver com o tio materno Antônio Carneiro Leão, homem de negócios estabelecido na freguesia de São Nicolau da cidade Porto; tornou-se um próspero comerciante como o tio, de quem herdou os negócios, e ainda jovem já comercializava no além-mar, com casa societária de representação comercial no Rio de Janeiro; habilitou para a Ordem de Cristo em 1763.
Para saber mais, leia AQUI
2.9.2 Brás Carneiro Leão, batizado em 1732; a mando irmão Francisco, passou ao Rio de Janeiro, para trabalhar na casa comercial ali instalada; aprendeu rapidamente o ofício do comércio, se tornando homem poderoso, com grossos cabedais; Professou a Ordem de Cristo em 1771; Comissário do Santo Ofício em 1764. Casou em 1772 com Ana Francisca Rosa Maciel da Costa, baronesa de Campo dos Goitacases, com larga descendência que muito contribuiu na formação da nobiliarquia imperial;
Para saber mais: Diligência de Habilitação para Ordem de Cristo, ler AQUI
2.10 Clara, batizada em 19/08/1703; curiosidade: foi seu padrinho um certo Antônio Carneiro Leão Brasileiro.
TRONCO DE PARACATU, MINAS GERAIS
Padre Francisco Carneiro Leão e Maria Netto (filha de Antônio Netto e de Izabel Antônia, todos naturais do lugar de Fontão, Santiago de Carvalhosa, Paços de Ferreira, Bispado do Porto), em relacionamento sacrílego foram os pais do filho natural:
1 – Antônio Netto Carneiro Leão, nasceu a 11ou12/07/1726 no lugar de Fontão, e foi batizado dois dias depois de nascido, aos 14/07, na igreja do Salvador de Freamunde, vila próxima (cerca de 3 km) (imagem de batismo abaixo).
 Controvérsia: genealogistas de renome o dão como filho de Serafina Carneiro e seu marido José Netto Ferreira, irmão de Manoel Netto Carneiro Leão que foi para Pernambuco. Ao nosso sentir parece ser um equívoco essa filiação. Em documentos paroquiais da Matriz de Santo Antônio da Manga das Minas do Paracatu (atual Paracatu, Minas Gerais), ele informa ao padre batizante serem avós paternos de seus filhos, Francisco Carneiro Leão e Maria Netto, informação esta rechaçada por alguns genealogistas de proa.
Transcrição de um dos batismos:*Assento de batismo: "Aos 28 de Maio de mil settecentos e settenta e cinco nesta Matriz de Santo Antônio da Manga, Bispado de Pernambuco baptizei e pus os santos oleos aJoão nascido a 16 do dito mes eano, filho legitimo de Antônio Netto Carneiro e de Ana Maria Lemes neto pela parte paterna de Francisco Carneiro Leam, ede sua mulher Maria Netta, e pela materna do cap. Antonio Soares Paes e de sua mulher Ana Maria Lemes. Forão P.P Manoel Roiz de Aguiar e Ana Maria Lemes, e para constar mandei fazer este asento que pela verdade asignei. Padre Francisco José Pereira."
Para reforçar a informação acima, localizamos assentos de batismos existente nos livros paroquiais de Freamunde e de Carvalhosa, que nos parece dirimir essas dúvidas, se confrontados com as informações contidas nos batizados existentes nos livros paroquiais da igreja do arraial de Paracatu; senão vejamos: na igreja do Salvador de Freamunde existe este assento: “Antônio, filho de Maria, solteira, assistente de presente em casa de Manoel Pinheiro do lugar de Bouça desta freguesia do Salvador de Freamunde, da comarca de Penafiel, bispado do Porto a qual disse ser filha de Izabel Antônia do lugar de Fontão, freguesia de Santiago de Carvalhosa, Arcebispado de Braga. Nasceu aos onze dias do mês de julho de mil setecentos e vinte e seis anos e foi batizado aos quatorze do dito mês e era acima por mim Lucas Gomes Ferreira, Reitor desta dita freguesia, solenemente na pia batismal desta igreja; deu a dita Maria, solteira, por pai o reverendo Padre Francisco Carneiro, o dito do lugar de Fontão, freguesia de Carvalhosa. Foram padrinhos: Antônio, estudante, filho de Rafael Carneiro e Serafina, solteira, ambos da freguesia de Carvalhosa. Foram testemunhas Manoel Ferreira de Louçã e Cosme Gomes, sobrinho do padre ambos de Freamunde. E por tudo assim a favor da verdade fiz este assento e assinei. Dia mês e ano ut supra.” (Fonte: livro paroquial da freguesia do Salvador de Freamunde, 1724-1758).

Outrossim nos livros paroquiais de Santiago de Carvalhosa encontramos assento de batismo semelhante, com supressão de algumas informações, sendo a principal delas a omissão do nome do pai da criança, dado pela mãe no outro documento de batismo: Transcrição: “Antônio, filho de Maria, solteira, a manca, moradora no lugar de Fontão desta freguesia de Santiago de Carvalhosa. Nasceu aos doze (sic) dias de julho de mil setecentos e vinte e seis e foi batizado na igreja do SALVADOR DE FREAMUNDE (grifo nosso), bispado do Porto pelo reverendo Lucas Ferreira, pároco dela e lhe pôs os santos óleos aos quatorze dias do dito mês e ano declarado. Foram padrinhos: Antônio, solteiro, filho de Rafael Carneiro, de Sanguinhães e madrinha Serafina, filha de Izabel Antônia, viúva, de Fontão, desta sobredita freguesia de Carvalhosa e por ser verdade fiz este termo era ut supra. Pároco Paulo da Silva.” (Fonte: livro de batismo da igreja de Santiago de Carvalhosa,1703-1738).
O batismo da criança realizado em igreja de outra freguesia, bem como a omissão de dados dos personagens envolvidos é emblemático: era uma conhecida estratégia usada para dissimular paternidades inconvenientes, que não se quer assumir publicamente, e acontecia notadamente nas famílias mais abastadas, bem como quando havia o envolvimento de padres nos relacionamentos sacrílegos. Para nós, não há dúvidas à luz desses documentos eclesiais, ser realmente Antônio Netto Carneiro Leão, filho do padre Francisco Carneiro Leão e Maria Netto. Esse batismo vem corroborar a informação dada por ele por ocasião dos batismos dos filhos, no tocante aos nomes dos avós paternos.

Sobre Maria Neta: filha legítima de Antônio Netto e de Izabel Antônia, todos naturais do lugar de Fontão. Antônio Netto faleceu em 1697 no lugar de Sanguinhães. Izabel Antônia sobreviveu-lhe por 37 anos. No assento de batismo de Antônio na igreja de Freamunde, ela diz ser filha de Izabel Antônia, do lugar de Fontão; no mesmo documento, a madrinha da criança foi Serafina, moça solteira, da freguesia de Carvalhosa; na duplicata do batismo de Antônio, existente na igreja de Carvalhosa, a madrinha Serafina é referida como filha de Izabel Antônia, viúva, de Fontão. Diante destas premissas, se conclui que Maria e Serafina eram irmãs.
Nos livros de óbitos de Carvalhosa, encontramos o assento de óbito de Izabel Antônia, do qual transcrevemos um trecho: “Izabel Antônia, viúva, do lugar de Fontão desta freguesia de Santiago de Carvalhosa faleceu aos sete dias de junho de mil setecentos e trinta e quatro com todos os sacramentos fez testamento vocal no qual dispôs: deixava a sua terça a sua filha SERAFINA (grifo nosso) com obrigação de lhe mandar dizer trinta missas de mais os três ofícios costumados e que o quinhão que herdara (ou herdará) de sua filha MARIA (grifo nosso) o deixará ao seu neto ANTÔNIO (grifo nosso) de esmola… está sepultada….
Neste assento de óbito se confirma ser Maria, mãe de Antônio e Serafina irmãs, filhas de Izabel Antônia.
Para confirmarmos a paternidade das duas irmãs, localizamos o assento de casamento de Serafina Netto, ocorrido exatamente um ano após o falecimento da mãe aos 07/06/1735, que transcrevemos parte conclusiva: “Antônio Ferreira, filho legítimo de Domingos Francisco e de Joana Ferreira de Santa Eulália dos Passos, bispado do Porto e Serafina Netta, filha que ficou de Antônio Netto e de sua mulher Izabel Antônia, já defuntos, do lugar de Fontão (…).
Conclusão: Maria, solteira, a manca, foi filha de um Antônio Netto, que diante de evidências concretas, foi mãe natural de Antônio Netto Carneiro Leão, que houve com o padre Francisco Carneiro Leão.
Nota: Serafina Netto nasceu em Sanguinhães em 1696 e faleceu em 1784 em Fontão.
Teve dois filhos Custódio e Manoel José.
(Fonte: livros de casamentos e óbitos de Santiago da Carvalhosa). Vide imagens ilustrativas:

Óbito Izabel Antônia

Casamento Serafina
Voltando: Antônio Netto Carneiro já estava no arraial de São Luiz e Santana das Minas do Paracatu na década de 1750, envolvido com a mineração do ouro (em 1769 em sociedade explorava 16 datas minerais e possuía 22 escravos), e lá viveu por longos anos até seu falecimento na primeira década do século dezenove (1808, pouco menos). Foi casado com Ana Maria Leme, natural de Vila Boa de Goiás, hoje cidade de Goiás, filha de Antônio Soares Paes*, natural de Itu, São Paulo, e de Ana Maria Leme, natural de Vila Boa de Goiás. Deixou numerosa descendência, inclusive natural, em toda a região, bem como em outras partes do Brasil. Alguns deles se destacaram nos negócios e na política, recebendo mercê de títulos de nobreza, e o exemplo mais notório é o neto Honório Hermeto Carneiro Leão, Marquês de Paraná.
A título de ilustração da presença dele no alvorecer do oitocentos, disponibilizamos um documento de ordenação sacerdotal de 1805, em que ele ao testemunhar, declara ter 84 anos (sic), pouco mais, pouco menos (vide imagem abaixo). 
* Nota: sobre a naturalidade de Antônio Soares Paes, existe controvérsias - alguns documentos eclesiásticos referentes a batismos de netos dele,  o dá como natural em Itu, enquanto outros o dá como natural da cidade de São Paulo. Imagens ilustrativas:                          
Depoimento Antônio Netto Carneiro 
Batismo  em Freamunde
Reprodução batismo - Carvalhosa
Filhos:

 F1 - Francisco Netto Carneiro Leão, sem mais notícias;
 F2 - Angélica Netto Carneiro Leão (ou Angélica Netto da Silva), casada em 1781 (de acordo com provisão de casamento emitida pelo cartório eclesiástico da matriz de Santo Antonio da Manga de Paracatu em 07/01/1781) com o Dr. José da Silva Canedo, português da Vila da Feira, região do Porto, advogado nos auditórios eclesiásticos do arraial das Minas de Paracatu, já falecido em 1800; em 1792 exercia o cargo de escrivão Público Judicial; filhos descobertos:
N1 - José Antonio da Silva Canedo, falecido em 01/09/1842 em Paracatu; foi casado com Rosa Rodrigues de Oliveira; filhos:
Bn1 - José da Silva Canedo;
Bn2 - João da Silva Canedo, nascido em 1812;
Bn3- Honório da Silva Canedo, falecido antes do pai; 
N2 - Manoel José da Silva Canedo (vide N4);
N3 - Margarida da Silva Canedo, casada com Francisco Fernandes Lopes, moradores em Santo Antonio do Monte; 
N4 - Angélica da Silva Canedo, casada com Pedro do Couto Pereira, moradores em Bom Despacho;  
F3 - Pedro Netto Carneiro Leão, batizado aos 07/02/1765, sem mais notícias; abaixo, imagem ilustrativa de seu batismo:
   Matriz de Santo Antonio da Manga
                                             
F4 - Coronel Antônio Netto Carneiro Leão*, natural de Paracatu, nascido em 1769 e falecido em Barbacena em 02/08/1846; casou em Vila Rica, duas vezes:
C1- 1ª vez em 1798 na matriz do Pilar de Vila Rica (Ouro Preto) com Joana Severina Augusta, falecida em 10/02/1806;
C2 - 2ª vez com Rita de Cássia Soares do Couto, nascida em 1792, casados na Matriz de Antonio Dias de Vila Rica (Ouro Preto) em 11/01/1807;  ainda vivia em 1846;
*O coronel Antonio Netto Carneiro Leão comparece ao censo de 1838 em Vila Rica, onde era morador no Quarteirão 9 - Fogo 235, aonde declara ter 69 anos, ser branco, casado; sua mulher Rita de Cássia declara ter 45 anos; e o filho Nicolau com 11 anos; escravatura: 5 escravos cativos.
Filhos do C1:
N5 – Honório Hermeto Carneiro Leão, Marquês do Paraná, nascido em Jacuí, MG, em 11/01/1801 e falecido em 03/09/1857 no Rio de Janeiro.
Nota: os antigos e românticos genealogistas escreveram que o casal de passagem para o Rio de Janeiro, estando a esposa com a gravidez a termo, entrou em trabalho de parto no arraial de Jacuí, e portanto, ali nascera o menino que seria um dos grandes do império. Porém, contradizendo esses relatos, ele não nasceu no referido arraial por acaso. Conforme demonstra documentos existentes no Arquivo Público Mineiro (APM), na verdade, Antonio Netto Carneiro Leão, militar de linha do exército colonial, à época, no ano de 1801, era morador e cabo comandante do Quartel do Registro de Jacuí, posto que ocupou por alguns anos. 
De seu casamento com Maria Henriqueta, teve:
Bn4 – Honório Hermeto C. Leão;
Bn5 – Maria Henriqueta C. Leão, Viscondessa do Cruzeiro;
Bn6 – Dr. Henrique Hermeto C. Leão, Barão do Paraná;
Bn7 – Maria Emília C. Leão c.c. Constantino Pereira de Barros, Barão de São João do Icaraí;
N6 – Balbina Honorina Severina Augusta, nascida em 1799 e falecida em 18/06/1874 em Barbacena; casou com seu primo *Manoel José da Silva Canedo, nascido em 1786 em Paracatu e falecido em 08/08/1846 em Barbacena, filho do português capitão José da Silva Canedo e de Angélica Netto da Silva. 
*Nota: O casal comparece ao censo de 1831 da vila de Barbacena, onde era moradores no Quarteirão 13, Fogo 1: onde ele declara ter 46 anos, casado, negociante; e ela ter 32 anos, do lar; e os filhos Fernando Augusto da Silva com 14 anos e Antonio com 3 anos de idade.
Filhos:
Bn8 – Guilhermina Teodolina Augusta da Silva Canedo, batizada em 17/08/1814(?), casou com o Comendador João Fernandes de Oliveira Pena. Deste casal nasceram, dentre outros:
Tn1 - Belisário de Oliveira Pena, Visconde de Carandaí;
Tn2 – Maria Guilhermina de Oliveira c.c Afonso Augusto Moreira Pena, que chegou à presidência do Brasil;
Bn9 - Fernando Augusto da Silva Canedo, nascido em 14/12/1817 em Santo Antonio do Monte;
Batismo de Fernando
 Bn10 - Antonio Augusto da Silva Canedo, nascido em 1828;
Filhos do C2: 
N7 – Henriqueta de Cássia Netto C. Leão;
N8 – Gabriela Cândida Soares C. Leão;
N9 – Faustina Augusta Netto C. Leão;
N10 – Maria Augusta C. Leão, nascida em 1823; foi casada com Lucas Claudemiro Dias Bicalho, filho de Joaquim Dias Bicalho e de Antônia Ferreira; pais de:
Bn11 Honório Dias Bicalho, engenheiro;
Bn12 Elisa Malvina Bicalho, nascida em Paracatu em 1842/43;
Bn13 Malvina Maria Bicalho;
Bn14 Francisco de Paula Bicalho, engenheiro;
Bn15 Lídia Bicalho;
Bn16 Maria Rita Bicalho;
N11– Nicolau Netto C. Leão, nascido em 1827 ou 1829 em Tiradentes e falecido em Tiradentes em 1894; Barão de Santa Maria; foi casado com Rita Clara Gonçalves de Oliveira Roxo, natural de Piraí, RJ, nascida em 20/05/1833 e falecida em 20/08/1912 no Rio de Janeiro, filha do Barão de Vargem Alegre e de Joaquina Clara de Morais; com descendência;
N12 – Tomásia Augusta C. Leão;
O coronel Antonio Netto Carneiro Leão, teve ainda em Paracatu, uma filha natural, Thomázia Netto Carneiro, que deixou enorme descendência em Catalão, estado de Goiás.
Para saber mais: veja e leia:
THOMÁZIA NETO CARNEIRO _ MATRIARCA
F5 - Ambrósio Netto Carneiro Leão, batizado em 12/04/1772, sem mais notícias;
 F6 – João Netto Carneiro Leme, natural de Paracatu, nascido em 1775, batizado em 23/05 do dito ano, e falecido em 06/11/1842 em Barbacena; casou em Paracatu com Maria da Fonseca Pires, já falecida em 1831 (censo de 1831em Barbacena, onde ele declara ser viúvo, de 52 (sic) anos, negociante, com 33 escravos); 
*Assento de batismo: "Aos 28 de Maio de mil settecentos e settenta e cinco nesta Matriz de Santo Antônio da Manga, Bispado de Pernambuco baptizei e pus os santos oleos aJoão nascido a 16 do dito mes eano, filho legitimo de Antônio Netto Carneiro e de Ana Maria Lemes neto pela parte paterna de Francisco Carneiro Leam, ede sua mulher Maria Netta, e pela materna do cap. Antonio Soares Paes e de sua mulher Ana Maria Lemes. Forão P.P Manoel Roiz de Aguiar e Ana Maria Lemes, e para constar mandei fazer este asento que pela verdade asignei. Padre Francisco José Pereira."
Batismo - João Carneiro Leme
Filhos:
N13 -Maria Henriqueta C. Leão Leme, Marquesa do Paraná, nascida em 1809 em Paracatu, e falecida em 1887, na Fazenda Lordelo, Porto Novo da Cunha – Mg e sepultada no RJ. Casou em 1826 com seu primo Honório Hermeto C. Leão, Marquês de Paraná;
N14 - Maria Netto C. Leão c.c. Jerônimo José Ferreira Teixeira, natural da Vila da Feira, termo do Porto;
Filho:
Bn17 - Jerônimo José Ferreira Teixeira Júnior, visconde do Cruzeiro, casado com. Maria Henriqueta C. Leão, filha de F2, Viscondessa do Cruzeiro pelo casamento;
F7 - Mariana Netto Carneiro Leão, casada com Manoel Gonçalves dos Santos, sem descendência;
F8 - José Netto Carneiro Leão, sem mais notícias;
F9 - Maria Luíza Netto Carneiro Leão, sem mais notícias;
F10 - Ana Izabel Netto Carneiro Leão, casada com Francisco de Almeida Lara; ela ainda vivia em Paracatu em 1856; herdou o "Sítio do Neto" de seus pais, conforme declaração fornecida ao registro paroquial de terras de 1856. filhos descobertos:
N14 - Antonio Netto Carneiro Leão, já falecido em 1879; foi casado com Maria do Nascimento Pereira de Castro,  filha e herdeira do Sargento Mor Alexandre José Pereira de Castro; filhos:
Bn18 - Maria Cassiana Netto Carneiro Leão;
Bn19 - Manoela Netto Carneiro Leão, casada com Manoel Pereira Dutra, já falecido em 1879; pais de:
Tn3 - Júlia Pereira Dutra;
Tn4 - Maria Pereira Dutra ou Maria Netto Carneiro Leão, falecida em 04/03/1895; foi casada com  Levino Avelino Pereira de Castro, falecido em 30/08/1900; filhos: Ana Avelino, Izabel, Tito, Pedro e Luiz Avelino Pereira de Castro;
Tn5 - Militão Jeremias Dutra;
Bn20 - Francisca Maria Netto Carneiro Leão; filho natural:
TN3 - Heitor Antônio Netto Carneiro Leão, casado com Rita de França Pinheiro, com descendência em - Pinheiro da Costa;
BN21 - Guilhermina Netto Carneiro Leão;
N15 - Major João Netto Carneiro Leão, nascido em 24/06/1814.
Nota: O velho português Antonio Netto Carneiro Leão teve uma filha antes do casamento, Maria Netto Carneiro, havida de Leonor Soares Pereira, crioula, que foi tronco de numerosa família em Paracatu e João Pinheiro. Ver Aqui.
*MARQUÊS DE PARANÁ – Nascido em Jacuí, Minas Gerais, aonde seu pai exercia o cargo de comandante do destacamento de milícias local. Dotado de rara inteligência, formou em direito em 1825 na Universidade de Coimbra, Portugal. No Império, exerceu cargos relevantes na administração pública executiva e no legislativo. Foi Presidente das Províncias do Rio de Janeiro e Pernambuco, deputado e senador vitalício e ministro de várias pastas. Agraciado com o título de Marquês por Dom Pedro II, em 1856, com honras de grandeza.
"ESTA É UMA OBRA DE GENEALOGIA, ESTANDO, PORTANTO, SUJEITA A CORREÇÕES E ACRÉSCIMOS".
Fontes primárias: 
1 - Livros de batismos da matriz de Santo Antonio da Manga de Paracatu (1758 - 1805; 1770-1777; 1813-1817);
2 - Livros paroquiais de Santo Antônio do Monte;
3 - Tribunal Eclesiástico, acervo do Arquivo Público de Paracatu;
4 - Arquidiocese de São Paulo - Habilitações sacerdotais, parte B - disponível no site FamilySearch online;
5 - Inventário de Antônio Neto Carneiro (fragmentado), sob a guarda do Arquivo Público de Paracatu;
6 - Torre do Tombo - Diligências de habilitação para Ordem de Cristo de Brás e Francisco Carneiro Leão;
7 - FamilySearch, Braga, Carvalhosa - Habilitação sacerdotal do padre Francisco Carneiro Leão
Fontes secundárias:
1 - Velhos Troncos Ouropretanos, de Raimundo Trindade, Revista dos Tribunais, 1951.
Escrito em janeiro 2008.
Atualizado em novembro de 2017.

Comentários

  1. Anônimo10:18 PM

    Meu nome é valdivino Lopes Trindade Oliveira Melo nascido em paracatu aos 08 de abril de 1971 filho de simiana de Oliveira melo e georgino lopes trindade da origem de paracatu e formosa sou orgulhoso por fazer parte dessa geração

    ResponderExcluir
  2. Anônimo10:24 PM

    Meu nome é Valdivino Lopes Trindade Oliveira Melo nascido em paracatu MG. Filho de Simiana de Oliveira melo e georgino lopes trindade sou da idade de 51 anos 08/ 04/ 1971.temho orgulho de fazer parte dessa família

    ResponderExcluir

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Por José Aluísio Botelho             INTRODUÇÃO  Esse vulto que tamanho destaque merece na história de Paracatu e de  Minas Gerais, ainda precisa ser mais bem estudado. O que se sabe é que habilitou de genere em 1747 (o processo de Aplicação Sacerdotal se encontra arquivado na Arquidiocese de São Paulo), quando ainda era morador nas Minas do Paracatu, e embora fosse comum aos padres de seu tempo, aprece que não deixou descendentes*. Que ele foi o descobridor das minas do córrego Rico e fundador do primitivo arraial de São Luiz e Santana das Minas do Paracatu, não resta nenhuma dúvida. De suas narrativas deduz-se também, que decepcionado com a produtividade das datas minerais que ele escolheu, por direito, para explorar, abandonou sua criatura e acompanhou os irmãos Caldeira Brandt, que tinham assumido através de arrematação o 3º contrato de diamantes, rumo ao distrito diamantino. Documento de prova GENEALOGIA  Fróis/Fróes - o genealogista e descendente Luís Fróis descreveu

CONTRIBUTO A GENEALOGIA DO ALTO PARANAÍBA: OS MARTINS MUNDIM DE MONTE CARMELO

POR JOSÉ ALUÍSIO BOTELHO Família originária de Mondim de Bastos, Vila Real, Portugal, estabelecida inicialmente na região de Oliveira em Minas Gerais. Na primeira metade do século dezenove movimentou-se em direção da Farinha Podre, estabelecendo com fazendas de criar na microrregião de Patrocínio, com predominância no distrito do Carmo da Bagagem, atual Monte Carmelo. Manoel Martins Mundim, português da vila de Mondim de Basto, veio para o Brasil, em meados do século dezoito a procura de melhores condições de vida na região do ouro, Campo das Vertentes, capitania de Minas Gerais. Aí casou com Rosa Maria de Jesus, natural da vila de Queluz. 1 Manoel Martins Mundim e Rosa Maria de Jesus . Filhos: 1.1 Manoel, batizado em Oliveira em 30/06/1766; sem mais notícias; 1.2 Mariana Rosa de Jesus , batizada em 3/7/1768. Foi casada com Manoel José de Araújo, filho de José Alvares Araújo e de Joana Teresa de Jesus; Filho descoberto: 1.2.1 Antônio, batizado em 1796 na capela d

FAZENDAS ANTIGAS, SEUS DONOS E HERDEIROS EM PARACATU - 1854 E 1857.

Por José Aluísio Botelho                A LEI DE TERRAS DE 1850 Desde a independência do Brasil, tanto o governo imperial, como os governos republicanos apresentaram inúmeros projetos legislativos na tentativa de resolver a questão fundiária no Brasil, bem como regularizar as ocupações de terras no Brasil. A lei da terra de 1850 foi importante porque a terra deixou de ser um privilégio e passou a ser encarada como uma mercadoria capaz de gerar lucros. O objetivo principal era corrigir os erros do período colonial nas concessões de sesmarias. Além da regularização territorial, o governo estava preocupado em promover de forma satisfatória as imigrações, de maneira a substituir gradativamente a mão de obra escrava. A lei de 1850, regulamentada em 1854, exigia que todos os proprietários providenciassem os registros de suas terras, nas paróquias municipais. Essa lei, porém, fracassou como as anteriores, porque poucas sesmarias ou posses foram legitimadas, e as terras continuaram a se

FAMÍLIA GONZAGA

Por José Aluísio Botelho FAMÍLIA GONZAGA – TRONCO DE PARACATU Essa família iniciou-se em 1790, pelo casamento do Capitão Luiz José Gonzaga de Azevedo Portugal e Castro, fiscal da fundição do ouro em Sabará – MG, em 1798, no Rio de Janeiro, com Anna Joaquina Rodrigues da Silva, natural do mesmo Rio de Janeiro, e tiveram oito filhos, listados abaixo: F1 – Euzébio de Azevedo Gonzaga de Portugal e Castro; F2 – Platão de Azevedo Gonzaga de P. e Castro; F3 – Virgínia Gonzaga; F4 – Florêncio José Gonzaga; F5 – VALERIANO JOSÉ GONZAGA; F6 – Luiz Cândido Gonzaga; F7 – José Caetano Gonzaga; F8 – Rita Augusta Gonzaga. F5 - Valeriano José Gonzaga, natural de Curvelo,Mg, nascido em 21.07.1816 e falecido em 1868 em Paracatu, casou em 21.07.1836, com Felisberta da Cunha Dias, nascida em 15.08.1821 e falecida em 10.08.1910, natural de Curvelo; foi nomeado Tabelião de Paracatu, tendo mudado para o lugar em 1845, aonde tiveram os filhos: N1 - Eusébio Michael Gonzaga, natural de