Por José Aluísio Botelho
Na
busca incansável por documentos que possam demonstrar a data
provável do início da povoação de São Luiz e Santana das Minas
do Paracatu, foi localizado nos arquivos da Torre do Tombo, o arquivo
nacional português, mais um para somar aos já disponíveis, que dá
subsídios ao tema em questão. Trata-se de um relatório enviado ao
então governador da capitania de Minas Gerais, Dom Martinho de
Mendonça de Pina e Proença, nas quais são relatados a inexistência
de postos militares e seus comandantes, bem como as condições de
cobranças dos impostos sobre escravos nas povoações e fazendas
existentes no sertão do São Francisco, datadas de 1737. O relatório
em questão foi elaborado pelo burocrata Domingos Antônio Barroso, à
época, comissário da capitação de impostos, mandado a região
para averiguar as condições em que estavam tais cobranças; a
criação de postos militares e seus prováveis comandantes - neste tópico, ele faz a indicação de nomes para exercer ambas as funções, cada qual em sua região de influência, sendo que a região do rio Paracatu ficaria sob a responsabilidade do capitão Manoel de Barros, morador em São Romão.
No
tocante as regiões limítrofes do rio Urucuia e Paracatu, foi
anexado um mapa rudimentar da região, de autoria desconhecida, em
que pode-se localizar com clareza os percursos de ambos até a
foz no rio São Francisco.
MAPA |
No mapa acima, nota-se que a região já era
conhecida pelos governos da capitania e português geograficamente,
inclusive a capitania de Goiás, estando incluídos no mapa as lagoas
Feia e Formosa e os arraiais de Meia Ponte, Vila Boa e Tocantins.
Entre
os rios Urucuia e Paracatu, são representados no mapa, alguns
ribeirões conhecidos como o da catinga, e os rios Preto, do Sono e
da Prata. Não há nenhuma referência à existência de aglomeração
urbana entre o rio Preto e onde é hoje Paracatu, sendo assinaladas,
apenas, raras fazendas no sertão do rio e seus afluentes principais
– rio do Sono e rio da Prata, situados à sua margem direita, e
outras fazendas em maior número na sua foz.
No
trecho do relatório referente ao rio Paracatu e seus afluentes, o
burocrata Domingos destaca essa pouca densidade de moradores e
fazendas situadas tanto no sertão, como na margem direita do rio. O
Urucuia, diz ele, era mais populoso, com fazendas de criar em sua
margem direita, rumo ao norte, onde era potentado o colonizador
Matias Cardoso de Oliveira.
Em
todo o documento relativo a região, não se encontra nenhum relato
sobre a existência de zonas de mineração e ou fazendas na margem
esquerda do rio Paracatu e no sertão onde ocorreu os descobertos do
ouro, o que sugere ser a região ainda um lugar inóspito e pouco
conhecido pelo homem branco, com a presença somente de negros
fugidos e do gentio selvagem.
O
documento em foco, reforça e consolida, a despeito de algumas teorias em
contrário, que o descoberto do ouro e o início do arraial de São
Luiz e Santana das Minas do Paracatu se deu realmente entre agosto de 1743 e
fevereiro de 1744, conforme já escrevemos em post anterior - LEIA AQUI
Imagens:
relatório 1 |
relatório 2 |
relatório 3 |
Fonte: Torre do Tombo, Cartas e outros Papéis oficiais relativos ao Brasil – imagem 555 em diante. http://digitarq.arquivos.pt/viewer?id=4493973
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