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PADRE DR. RAIMUNDO DES GENETTES E PARACATU

Por José Aluísio Botelho

Raimundo Henrique Des Genettes entendia de tudo um pouco, como se diz, ou entendia de tudo muito!, nas palavras do notável historiador goiano Paulo Bertran. Seu vínculo com Paracatu está relacionado com a educação e com a genealogia: uma sua neta casou com filho do lugar, perpetuando sua descendência, como veremos adiante.
Intelectual multifacetado, médico e humanista, estudou medicina na Universidade de Brest, geógrafo, geólogo e mineralogista, escritor, educador, jornalista e político durante sua trajetória no Brasil. No país de sua adoção, viveu pouco tempo em Ouro Preto, sendo que a maior parte de sua vida, transitou entre Araxá, Bagagem (Estrela do Sul), Uberaba e Luziânia em Goiás.
Em Uberaba, especificamente, deixou importantes contribuições para o progresso da cidade, escreveu o historiador José Mendonça para o jornal Lavoura e Comércio de São Paulo, edições de fevereiro de 1956:
1) Fundou em 1854, com Fernando Vaz de Melo, o primeiro estabelecimento de instrução secundária na cidade;
2) Em 1859, fundou um colégio para ensino de português, latim, francês, geografia, aritmética e retórica;
3) Foi um dos auxiliares que teve frei Eugênio de Gênova na construção da Santa Casa;
4) Em 1862, fez parte na “Companhia Dramática Uberabense”, que contém o teatro São Luiz, escrevendo as peças teatrais ali encenadas: O Filho Pródigo (melodrama); - O Estalajadeiro (comédia);
5) Em 1874, publicou o primeiro jornal de Uberaba – O Paranaíba - de duração efêmera, depois nomeado como “Echo do Sertão”;
6) Deu nome de “Triângulo Mineiro” a região então conhecida por sertão da Farinha Podre (há controvérsias);
7) Desenvolveu a primeira campanha separatista do Triângulo, objetivando anexá-la à Província de São Paulo.
Como médico, tratou doentes, realizou cirurgias gerais e obstétricas; foi cirurgião-mor do 32º batalhão da guarda nacional de Uberaba e na guarda nacional de Meia Ponte em Goiás; realizou inúmeros partos pelo sertão - aqui uma digressão: em 1856, acompanhou o parto laborioso da esposa do coronel Fortunato José da Silva Botelho, chefe político em Araxá, que culminou com a morte da mãe e do feto; estudou a geografia das regiões do Triângulo e de Goiás; realizou estudos geológicos e mineralógicos em Estrela do Sul, quando escreveu o livro – Diamantes da Bagagem-; subiu a serra dos Pirineus em Pirenópolis, descrevendo minuciosamente as características geomorfológicas de toda a região; neste contexto, escreveu o texto, publicado na revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, intitulado – Descrição da Cidade Perdida da Cordilheira dos Pirineus da Província de Goiás (alusão à cidade perdida de Atlantis)-, bem assim o livro “Estudos Geológicos da Província de Goiás”; fundou escolas em Uberaba e Paracatu, Minas Gerais, bem como em Ipameri e Pirenópolis em Goiás.

Padre Dr. Raimundo Des Genettes em Paracatu1

O colégio “Progresso Paracatuense”, teve início em 1º de março de 1879, porém com duração efêmera, pois, já em 1881 não mais existia, mas foi o embrião da futura Escola Normal de Paracatu. Já em maio de 1880, o Dr. Des Genettes era nomeado pelo governo provincial, professor de português e geografia da nova escola.
Sobre a curta estadia do padre Des Genettes em Paracatu, existe em jornal de época, um inusitado pedido de habeas corpus preventivo solicitado por ele em consequência de uma querela com o então delegado de polícia Antônio José de Ulhoa, que o acusou de expulsar seu filho João Batista de Ulhoa da escola e exigia reparação e a devolução de cem mil réis relativos ao pagamento da anuidade cobrada para que a criança frequentasse o colégio; segundo o padre, o delegado o ameaçou de morte, e o que seria um episódio simples que poderia ser resolvido com o diálogo, tomou proporções de grande vulto, envolvendo questões de política local, entre os partidos conservador e liberal, bem como ameaças de morte. Neste processo, colhemos informações preciosas sobre a criação do colégio, bem como da vida do Dr. Des Genettes, que alimentam a controvérsia sobre sua trajetória pessoal. Em 1877, o padre Des Genettes era vigário de Entre Rios (Ipameri) em Goiás E lá fundou o colégio de instrução secundária Nosso Senhor do Bonfim; em setembro de 1878, estando em Paracatu a passeio, foi contatado e convidado por uma comissão formada por alguns homens abastados da cidade, vinculados ao partido conservador, adiante nomeados: Dr. Bernardo de Melo Franco, Dr. Joaquim Pedro de Melo, Comendador Miguel Joaquim de Sousa Machado, Coronel João Crisóstomo Pinto da Fonseca e o negociante português Ricardo Serafim de Sousa Porto, sendo então contratado para transferir seu colégio para Paracatu ao preço de 3 contos de réis. Pois bem, o colégio iniciou-se em primeiro de março de 1879, com 39 alunos matriculados, que em junho já eram 55 alunos. Em maio, ocorreu a escaramuça com o delegado, e o caso foi parar nas mãos do juiz João Emílio de Resende Costa, que acatou as alegações do peticionário, concedendo o habeas corpus preventivo, após ouvir os litigantes e algumas testemunhas.
A inquirição do padre Dr. Des Genettes:
1 – Perguntado qual o seu nome? Respondeu chamar-se Raimundo Henrique Des Genettes;
2 – Qual a sua naturalidade? Respondeu ser francês de nascimento e brasileiro por naturalização desde 1839;
3 – Qual seu estado? Respondeu sacerdote;
4 - Que idade tinha? Respondeu 62 para 63 anos (esta informação é conflitante com os textos escritos sobre que dá como ano de seu nascimento, 1801;
5 – Qual sua profissão? Respondeu ser diretor do colégio Progresso Paracatuense, formado em medicina, mas não faz uso da carta de médico;
6 – Sua Residência? Atualmente nesta cidade;
7 – Motivos que atribuiria o constrangimento ao estado de coação, a que se refere na petição? respondeu ter sido contratado por uma comissão composta pelos senhores. (nomes citados acima).
Em outro trecho, diz ele: de 43 anos a esta parte – o que quer dizer, que ele estava no Brasil há 43 anos, tendo aportado, portanto, em 1835/6. Leia mais:


Retornando:

Des Genettes participou da revolução liberal de 1842; como político foi agente executivo de Uberaba no período de 1865/67, deputado provincial em Goiás em 1883, como humanista lutou a favor dos garimpeiros de cristal-de-rocha em Cristalina, quando escreveu um importante texto em que descreve as características do solo e subsolo da Serra dos Cristais, bem assim mostrou profundo conhecimento do cristal-de-rocha, o quartzo. No documento lido na assembleia de Goiás Velho e, posteriormente enviado ao Imperador Pedro II, solicitava a definição de quem era a propriedade do subsolo mineral brasileiro, bem com pede a interferência do poder central em favor dos pequenos e míseros garimpeiros, extratores rudimentares do cristal-de-rocha, ameaçados de expulsão dos garimpos pelos poderosos garimpeiros profissionais.
Deixou escritos científicos nas áreas de medicina, geologia e mineralogia, e literários, alguns citados acima, inclusive textos para o teatro, bem como um romance histórico: O Inconfidente, inspirado na vida de Tiradentes; estudou o catolicismo em profundidade, doutrina que era discordante. Na idade madura, reviu suas posições e interpretações da doutrina e acabou aderindo a fé católica. Em carta ao um amigo, disse ele: “não é a dor de me ver separado de um objeto amado (como parece pensá-lo) que me leva invencivelmente ao catolicismo, não: é a convicção. Embora a morte de minha mulher, e as horas passadas junto ao seu cadáver; embora a mais amarga aflição e a mais pungente saudade atuasse em mim; já antes de separar-me dela, uma mulher que foi minha melhor amiga, sabia de minha resolução, e ela levou consigo a certeza de que eu cumpriria minha palavra”. Nascido na religião católica apostólica romana que professaram seus antepassados, explicou: “há muito que eu não via no filosofismo do século (dezoito grifo nosso) senão a destruição da sociedade e seu aniquilamento. Ao ler o filósofo Royer Collard, reconheceu seus pensamentos acerca do catolicismo”; “resolvi-me a estudar de novo esta grande questão que agita o mundo: tornei a ler as obras dos filósofos. Um dia depois de estudar as origens das diferentes religiões a razão me disse que uma só e única era verdadeira. Sujeitei tudo a uma análise crítica, e voltei ao catolicismo como a única religião capaz de salvar a humanidade. Eis, meu amigo, o segredo em poucas palavras. Os últimos momentos daquela que foi na vida minha companheira me confirmara na minha crença.”
A carta (fac-símile):

Ordenou-se padre pelo bispo de Goiás Dom Joaquim Gonçalves de Azevedo em 02/07/1876, na matriz catedral de Meia Ponte (Pirenópolis), em festa magnífica, em que o povo aderiu em grande número (notícia de jornal).
O juramento (fac-símile):


Por provisão de 02/10/1876, foi nomeado vigário encomendado da freguesia do Vai-Vem (Ipameri), tomando posse em 26/11 do mesmo ano. Posteriormente, ocupa o cargo de vigário colado de Santa Luzia, onde passa a residir.
Fundou a comunidade de Santo Antônio do Cavalheiro, no município de Entre Rios, atual Ipameri, Goiás, onde faleceu em 26/07/1889 aos 88 anos de idade.

Para alimentar a controvérsia, vai o texto abaixo, transcrito do Jornal do Comércio do Rio de Janeiro, que circulou no dia 08/09/1889, edição 250, atribuído ao coronel Antônio Borges de Sampaio, Colaborador do jornal à época e amigo íntimo do biografado:
Uberaba, 1 de Setembro de 1889
Confirmou-se a notícia aqui chegada há pouco, de ter falecido em Santa Luzia de Goiás (sic) (é fato que ele faleceu no povoado de Santo Antônio do Cavalheiro, fundado por ele, e para onde havia se retirado após o assassinato do genro Manoel Lino da Trindade), o padre Raimundo Henrique Des Genettes, homem ilustrado, de muita erudição e rara facilidade na oratória, quer sagrada, quer profana sobre variadíssimos assuntos. Foi uma das vítimas da Revolução Mineira De 1842 e companheiro de prisão de Teófilo Otoni e outros. Internando-se depois neste vasto território da Farinha Podre, com portaria do governo, em procura de jazidas de salitre, sendo já viúvo (grifo nosso), casou-se em Araxá, sendo um dos primeiros habitantes da Bagagem (Estrela do Sul), quando entre 1849 a 1851 começou a concorrer àquele ribeirão grande número de indivíduos em procura de diamantes.
Mais tarde, creio que em 1854, veio estabelecer residência em Uberaba, onde fez edificar uma boa casa na rua Municipal, ainda hoje conhecida pelo nomede sobrado do Dr. Des Genettes-, onde em 1874, fundou-se a primeira imprensa em Uberaba, imprimindo “O Paranaíba”, que pouco depois chamou-se “Echo do Sertão”, auxiliado por Paiva Teixeira, chefe das oficinas.
Viuvando segunda vez em 1876, transferiu a empresa tipográfica a uma associação constituída por três moços sob a firma de Paiva Teixeira, Ribeiro&Magalhães, tendo como redator-chefe o tenente-coronel Antônio Borges de Sampaio na publicação de o “Uberabense”, retirando-se pouco depois para a província de Goiás, onde ordenou-se sacerdote e foi paroquiar a igreja na cidade de Santa Luzia, onde faleceu na idade de 70 anos (grifo nosso).
O Padre Des Genettes era de origem francesa e tinha frequentado estudos colegiais; sendo-lhe familiar a muitos conhecimentos científicos, escrevia com muita facilidade e de uma memória prodigiosa. No Araxá, Bagagem e nesta cidade, exerceu por muitos anos a profissão de médico, na falta dos formados (grifo nosso), e nessa profissão prestou bons serviços à humanidade (Outra controvérsia: era formado ou somente um licenciado?).
Em 1866, quando aqui houve reunião das forças que pelo interior marchavam para o Mato Grosso, Des Genettes foi um bom auxiliar, bom trabalhador, animando a todos com seu gênio ativo e diligente, pelo que foi condecorado com o grau de Cavaleiro da Ordem de Cristo, sendo já capitão cirurgião do comando superior da guarda nacional de Uberaba e Prata, prestou serviços valiosos nas diversas inspeções de saúde e nos hospitais.
Por esse mesmo tempo da reunião das forças, foi Des Genettes o presidente da câmara municipal no quadriênio que então corria pelo antigo regime; fui seu imediato no mesmo período e tive ocasião de apreciar os bons serviços que prestou à municipalidade. Foi também delegado de polícia, juiz municipal suplente e quase não havia uma comissão do governo local, da qual não fosse o relator.
Por alguns anos, dirigiu um colégio de instrução secundária, com aproveitamento de muitos moços, que ali adquiriram diversos conhecimentos.
Não teve filhos do seu primeiro e curto consórcio, realizado em Ouro Preto; do segundo teve uma menina de nome Emiliana* (sic) Des Genettes da Trindade, a qual casou-se nesta cidade com Manoel Lino da Trindade e é hoje viúva com duas órfãs, residindo em Araxá.
Des Genettes honrou-me sempre com sua estima; por isso tive ocasião de apreciar seu talento e boas qualidades."

*Ermelinda era o nome correto.

Descendência

Raimundo Henrique Des Genettes ou Henrique Raimundo Des Genettes (era assim que ele assinava seus textos), nasceu em Pauillac, Gironde, departamento de Nouvelle-Aquitani, região de Bordeaux em 1801. Na sua protestação de fé e juramento antes de tomar posse as ordens menores na cidade de Goiás, assim se identificou: “eu, Henrique Raimundo Des Genettes, nascido e batizado em Pauillac, departamento de Gironde do Reino da França, arcebispado de Bordeaux, sob os nomes de Francisco Henrique Raimundo Trigant Des Genettes, mas que nunca deles usei no império do Brasil, sendo conhecido unicamente pelos nomes de que sempre usei quer nos meus escritos, quer nos meus atos públicos”.
Desembarcou no Rio de Janeiro na década de 1830, passando posteriormente para a província de Minas Gerais, fixando-se temporariamente em Ouro Preto, onde casou primeira vez (o nome da esposa é ignorado), sendo que deste consórcio de curta duração não teve filhos (notícia de jornal sem comprovação documental). Viúvo foi para o sertão da Farinha Podre, aportando em Araxá, onde casou novamente com dona Maria Porfíria da Silveira ou Maria Porfíria Álvares Machado, filha do alferes Antônio José da Silveira, nascido em São Paulo em 1769 e falecido em Patrocínio no ano de 1844, e de Joaquina Maria de Menezes.
Foi um dos primeiros moradores no recém-descoberto garimpo da Bagagem, pois lá estava entre 1849/51.

Atualização: o Dr. Des Genettes foi o descobridor do distrito diamantino no Rio Bagagem, em 1849, conforme está descrito em seu diário, localizado pelo pesquisador Luiz Ernesto Wanke e transcrito em parte em um seu artigo, datado de 2011, intitulado-O sábio que fez de tudo um muito-, reproduzido no blog Contas-Gotas, de Giselda Campos, que trascrevemos abaixo:
"Em 1849, descobri a Bagagem Diamantina, onde me demorei com o comendador Joaquim Machado de Morais. Nomeado engenheiro dos terrenos diamantíferos, fui eu quem mediu e dividiu o terreno em lotes, fornecendo ao governo da província o mapa topográfico e uma memória sobre o diamante que ainda deve existir no arquivo da Província de Minas Gerais." Pois bem, a História não guardou o nome de Genettes como o descobridor dessas jazidas." Mas a referida memória sobre o diamante ainda existe no Arquivo Público de Minas Gerais sob o título de "Diamantes na Bagagem", Imprensa Oficial de Minas Gerais – Belo Horizonte –Volume 4 – Data: 1899. Enfim, se este artigo não servir para nada, pelo menos se resgate a importância de Genettes como o verdadeiro descobridor dessas jazidas.
Este trecho é um contributo à história de Estrela do Sul, Minas Gerais. 

Viveu posteriormente em Uberaba, e finalmente, em Ipameri, Paracatu e Luziânia.
Nota: alguns genealogistas e historiadores dão como sendo a mesma pessoa dona Maria Porfíria da Silveira e Dona Maria Porfíria Álvares Machado (dona Maricota), que vivia em Araxá (a controvérsia ainda deverá ser esclarecida à luz de documentos).

Pais da filha única:

1 Ermelina ou Emelina Maria Des Genettes (não descobrimos quando nem onde nasceu: se em Araxá ou Bagagem: em 1856, ela é madrinha de uma criança junto com o pai na vila da Bagagem); foi casada em Uberaba por volta de 1878 com o capitão Manoel Lino da Trindade, natural de Uberaba, cuja ascendência ainda é ignorada.

Sobre Manoel Lino: em 1878 pede demissão do cargo de juiz de paz suplente de Uberaba, mudando-se para Goiás, arraial de Vai-Vem, atual Ipameri, acompanhando o sogro, nomeado vigário da freguesia. Ao longo do tempo, torna-se comerciante importante e participa dos destinos políticos do lugar; com a nomeação do padre sogro para assistir em Santa Luzia (Luziânia), já em 1883, o capitão vivia na dita cidade, estabelecido no comércio. Homem respeitado, participava ativamente da política local, primeiro como conservador e, posteriormente, aderindo as hostes republicanas; devido as desavenças políticas com um antigo correligionário, o promotor de justiça Francisco Rodrigues, foi assassinado a mando deste, pelo jagunço baiano vulgo José Vermelho, em plena luz do dia na praça central de Luziânia, em 23/12/1888. A viúva acompanha o pai, que se retirou para Santo Antônio do Cavaleiro, e após a morte do Dr. Des Genettes, retorna a Minas Gerais, fixando residência em Araxá. Em 1893 era professora no Cassú, termo de Uberaba; por fim, falece em 1899 em Jundiaí, São Paulo, onde morava em companhia da filha Georgeta.
Filhas nascidas em Goiás:
1 Georgeta Des Genettes, casada em Uberaba com Ernesto Ademar de Sousa, telegrafista e chefe do serviço postal de Jundiaí, onde eram moradores.
O casamento: "Aos 9 dias de novembro de 1896, nesta Matriz em minha presença, e das testemunhas comigo abaixo assinadas, se receberam em matrimônio por palavras de presente, com dispensa de pregão Ernesto Adhemar de Souza e Georgeta Des Genettes da Trindade, recebendo a bênção nupcial. E para constar fiz este termo."Matriz de Uberaba, livros de casamentos (1893-1898).
Pais dos filhos descobertos:
1.1 Velsia Des Genettes de Sousa. Foi casada com Olavo de Barros Pires;
1.2 Maria Des Genettes de Sousa, professora;
1.3 Odete Iraci Des Genettes de Sousa, casada com Bonifácio Paes Curado;
1.4 Ana Maria Des Genettes de Sousa;
1.5 José Maria Des Genettes de Sousa;

Des Genettes e Paracatu 2 - descendência

2 Benedita (Benny) Des Genettes. Foi casada em Araguari com Pedro Antônio Roquete Franco, natural de Paracatu, filho ou neto de outro Pedro Antônio Roquete Franco e de Ana de Melo Albuquerque (vide Os Batistas Franco, Os Melo Franco neste Blog); Pedro Roquete foi comerciante em Araguari, Minas Gerais, e em Ipameri e Itumbiara, em Goiás; Dona Benny Roquete, professora de toda a vida e escritora, parece ter vivido na viuvez em São José do Rio Preto, São Paulo, onde foi imortalizada pelo poder público que deu seu nome a ruas de bairros da cidade;
Filhos descobertos:
1 Maria Antonieta, nascida em Araguari em 04/07/1906 e batizada em 29/07 do dito ano;
2 Pedro, nascido em Araguari aos 01/04/1808 e batizado em 28/11/1909;
3 Maria de Lourdes, nascida em Araguari em 23/10/1809 e batizada in articulo mortis aos 02/12/1909;
4 Rubens, nascido em Araguari aos 13/01/1911 e batizado em 09/07 do mesmo ano;
5 Vitória Benedita, nascida em Santa Rita do Paranaíba (Itumbiara, Goiás) em 21/05/1914; viveu em estado de casada com descendência em São José do Rio Preto, São Paulo.

Des Genettes e Paracatu 3

Nota relevante1: Já ordenado padre, esqueceu o sacramento da castidade, e não resistiu aos prazeres do sexo: com a paracatuense Francisca Pimentel Barbosa, mulher solteira teve as filhas:
1 Corália Pimentel Des Genettes, que foi casada com o paracatuense João Batista da Rocha, falecido aos 32 anos em 1909; o casal teve três filhos; não descobrimos o destino da viúva e os filhos;
2 Joana Pimentel Des Genettes. em 1926 era professora em Goiandira, pequena cidade ao lado de Catalão, em Goiás (Almanach Laemmert).
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Nota relevante2: nos parece ter havido outro tronco Des Genettes – viveu entre Santa Luzia (Luziânia) e Uberaba, um certo Luiz Adolfo de França Des Genettes, sargento do regimento de polícia de Uberaba em 1893, filho legítimo de Bernardo Des Genettes e de Eva Porfíria de Jesus. Embora eles tenham vivido nas mesmas regiões do Dr. Des Genettes, não descobrimos se havia parentesco entre eles, se eram brancos, pardos ou negros. O sargento Luiz Adolfo casou em Uberaba em 28/09/1892 com Rosa Maria Alves, filha legítima de Manoel Francisco de Oliveira e de Edvirgens Maria da Conceição. Em 1893, segundo jornais de época, ele foi processado por bigamia e fraude processual, por ter apresentado atestado de óbito falso da primeira esposa. Referiu o “Popular” de Uberaba: o sargento Luiz Adolpho de França Des Genettes, do 2º corpo militar de polícia, com a naturalidade de quem pouco se incomoda com as coisas deste mundo, contraiu matrimônio. Pouco depois. soube-se, que o “gajo” era casado, muito bem casado ainda em Santa Luzia de Goiaz, tendo conseguido aqui realizar os seus papéis, com uma certidão falsa do óbito de sua primeira esposa. A esse heroico sargento não metem medo as sogras (sic).
Em maio de 1893 ele foi absolvido em primeira instância, mas, o processo subiu para o tribunal de relação em grau de recurso. O desfecho do caso é para nós desconhecido.

Fontes:
1 hemeroteca da Biblioteca Nacional do Brasil – jornais da época de Goiás, Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo – edições diversas;
2 Livros de batismos da matriz de Cana Verde de Araguari – disponíveis no site familysearch.org;
3 Arquivos do Blog.





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