Por José Aluísio Botelho
Raimundo
Henrique Des Genettes entendia de tudo um pouco, como se diz, ou
entendia de tudo muito!, nas palavras do notável historiador goiano
Paulo Bertran. Seu vínculo com Paracatu está relacionado com a
educação e com a genealogia: uma sua neta casou com filho do lugar,
perpetuando sua descendência, como veremos adiante.
Intelectual
multifacetado, médico e humanista, estudou medicina na Universidade
de Brest, geógrafo, geólogo e mineralogista, escritor, educador,
jornalista e político durante sua trajetória no Brasil. No país de
sua adoção, viveu pouco tempo em Ouro Preto, sendo que a maior
parte de sua vida, transitou entre Araxá, Bagagem (Estrela do Sul),
Uberaba e Luziânia em Goiás.
Em
Uberaba, especificamente, deixou importantes contribuições para o
progresso da cidade, escreveu o historiador José Mendonça para o
jornal Lavoura e Comércio de São Paulo, edições de fevereiro de
1956:
1)
Fundou em 1854, com Fernando Vaz de Melo, o primeiro estabelecimento
de instrução secundária na cidade;
2)
Em 1859, fundou um colégio para ensino de português, latim,
francês, geografia, aritmética e retórica;
3)
Foi um dos auxiliares que teve frei Eugênio de Gênova na construção
da Santa Casa;
4)
Em 1862, fez parte na “Companhia Dramática Uberabense”, que
contém o teatro São Luiz, escrevendo as peças teatrais ali
encenadas: O Filho Pródigo (melodrama); - O Estalajadeiro (comédia);
5)
Em 1874, publicou o primeiro jornal de Uberaba – O Paranaíba - de
duração efêmera, depois nomeado como “Echo do Sertão”;
6)
Deu nome de “Triângulo Mineiro” a região então conhecida por
sertão da Farinha Podre (há controvérsias);
7)
Desenvolveu a primeira campanha separatista do Triângulo,
objetivando anexá-la à Província de São Paulo.
Como
médico, tratou doentes, realizou cirurgias gerais e obstétricas;
foi cirurgião-mor do 32º batalhão da guarda nacional de Uberaba e
na guarda nacional de Meia Ponte em Goiás; realizou inúmeros partos
pelo sertão - aqui uma digressão: em 1856, acompanhou o parto
laborioso da esposa do coronel Fortunato José da Silva Botelho,
chefe político em Araxá, que culminou com a morte da mãe e do
feto; estudou a geografia das regiões do Triângulo e de Goiás;
realizou estudos geológicos e mineralógicos em Estrela do Sul,
quando escreveu o livro – Diamantes da Bagagem-; subiu a serra dos
Pirineus em Pirenópolis, descrevendo minuciosamente as
características geomorfológicas de toda a região; neste contexto,
escreveu o texto, publicado na revista do Instituto Histórico e
Geográfico Brasileiro, intitulado – Descrição da Cidade Perdida
da Cordilheira dos Pirineus da Província de Goiás (alusão à
cidade perdida de Atlantis)-, bem assim o livro “Estudos Geológicos
da Província de Goiás”; fundou escolas em Uberaba e Paracatu,
Minas Gerais, bem como em Ipameri e Pirenópolis em Goiás.
Padre Dr. Raimundo Des Genettes em Paracatu1
O
colégio “Progresso Paracatuense”, teve início em 1º de março
de 1879, porém com duração efêmera, pois, já em 1881 não mais
existia, mas foi o embrião da futura Escola Normal de Paracatu. Já
em maio de 1880, o Dr. Des Genettes era nomeado pelo governo
provincial, professor de português e geografia da nova escola.
Sobre
a curta estadia do padre Des Genettes em Paracatu, existe em jornal
de época, um inusitado pedido de habeas corpus preventivo solicitado
por ele em consequência de uma querela com o então delegado de
polícia Antônio José de Ulhoa, que o acusou de expulsar seu filho
João Batista de Ulhoa da escola e exigia reparação e a devolução
de cem mil réis relativos ao pagamento da anuidade cobrada para que
a criança frequentasse o colégio; segundo o padre, o delegado o
ameaçou de morte, e o que seria um episódio simples que poderia ser
resolvido com o diálogo, tomou proporções de grande vulto,
envolvendo questões de política local, entre os partidos
conservador e liberal, bem como ameaças de morte. Neste processo,
colhemos informações preciosas sobre a criação do colégio, bem
como da vida do Dr. Des Genettes, que alimentam a controvérsia sobre
sua trajetória pessoal. Em 1877, o padre Des Genettes era vigário
de Entre Rios (Ipameri) em Goiás E lá fundou o colégio de
instrução secundária Nosso Senhor do Bonfim; em setembro de 1878,
estando em Paracatu a passeio, foi contatado e convidado por uma
comissão formada por alguns homens abastados da cidade, vinculados
ao partido conservador, adiante nomeados: Dr. Bernardo de Melo
Franco, Dr. Joaquim Pedro de Melo, Comendador Miguel Joaquim de Sousa
Machado, Coronel João Crisóstomo Pinto da Fonseca e o negociante
português Ricardo Serafim de Sousa Porto, sendo então contratado
para transferir seu colégio para Paracatu ao preço de 3 contos de
réis. Pois bem, o colégio iniciou-se em primeiro de março de 1879,
com 39 alunos matriculados, que em junho já eram 55 alunos. Em maio,
ocorreu a escaramuça com o delegado, e o caso foi parar nas mãos do
juiz João Emílio de Resende Costa, que acatou as alegações do
peticionário, concedendo o habeas corpus preventivo, após ouvir os
litigantes e algumas testemunhas.
A
inquirição do padre Dr. Des Genettes:
1
– Perguntado qual o seu nome? Respondeu chamar-se Raimundo Henrique
Des Genettes;
2
– Qual a sua naturalidade? Respondeu ser francês de nascimento e
brasileiro por naturalização desde 1839;
3
– Qual seu estado? Respondeu sacerdote;
4
- Que idade tinha? Respondeu 62 para 63 anos (esta informação é
conflitante com os textos escritos sobre que dá como ano de seu
nascimento, 1801;
5
– Qual sua profissão? Respondeu ser diretor do colégio Progresso
Paracatuense, formado em medicina, mas não faz uso da carta de
médico;
6
– Sua Residência? Atualmente nesta cidade;
7
– Motivos que atribuiria o constrangimento ao estado de coação, a
que se refere na petição? respondeu ter sido contratado por uma
comissão composta pelos senhores. (nomes citados acima).
Em
outro trecho, diz ele: de 43 anos a esta parte – o que quer dizer,
que ele estava no Brasil há 43 anos, tendo aportado, portanto, em
1835/6. Leia mais:
Retornando:
Des
Genettes participou da revolução liberal de 1842; como político
foi agente executivo de Uberaba no período de 1865/67, deputado
provincial em Goiás em 1883, como humanista lutou a favor dos
garimpeiros de cristal-de-rocha em Cristalina, quando escreveu um
importante texto em que descreve as características do solo e
subsolo da Serra dos Cristais, bem assim mostrou profundo
conhecimento do cristal-de-rocha, o quartzo. No documento lido na
assembleia de Goiás Velho e, posteriormente enviado ao Imperador
Pedro II, solicitava a definição de quem era a propriedade do
subsolo mineral brasileiro, bem com pede a interferência do poder
central em favor dos pequenos e míseros garimpeiros, extratores
rudimentares do cristal-de-rocha, ameaçados de expulsão dos
garimpos pelos poderosos garimpeiros profissionais.
Deixou
escritos científicos nas áreas de medicina, geologia e mineralogia,
e literários, alguns citados acima, inclusive textos para o teatro,
bem como um romance histórico: O Inconfidente, inspirado na vida de
Tiradentes; estudou o catolicismo em profundidade, doutrina que era
discordante. Na idade madura, reviu suas posições e interpretações
da doutrina e acabou aderindo a fé católica. Em carta ao um amigo,
disse ele: “não é a dor de me ver separado de um objeto amado
(como parece pensá-lo) que me leva invencivelmente ao catolicismo,
não: é a convicção. Embora a morte de minha mulher, e as horas
passadas junto ao seu cadáver; embora a mais amarga aflição e a
mais pungente saudade atuasse em mim; já antes de separar-me dela,
uma mulher que foi minha melhor amiga, sabia de minha resolução, e
ela levou consigo a certeza de que eu cumpriria minha palavra”.
Nascido na religião católica apostólica romana que professaram
seus antepassados, explicou: “há muito que eu não via no
filosofismo do século (dezoito grifo nosso) senão a
destruição da sociedade e seu aniquilamento. Ao ler o filósofo
Royer Collard, reconheceu seus pensamentos acerca do catolicismo”;
“resolvi-me a estudar de novo esta grande questão que agita o
mundo: tornei a ler as obras dos filósofos. Um dia depois de estudar
as origens das diferentes religiões a razão me disse que uma só e
única era verdadeira. Sujeitei tudo a uma análise crítica, e
voltei ao catolicismo como a única religião capaz de salvar a
humanidade. Eis, meu amigo, o segredo em poucas palavras. Os últimos
momentos daquela que foi na vida minha companheira me confirmara na
minha crença.”
A carta (fac-símile):
A carta (fac-símile):
Ordenou-se
padre pelo bispo de Goiás Dom Joaquim Gonçalves de Azevedo em
02/07/1876, na matriz catedral de Meia Ponte (Pirenópolis), em festa
magnífica, em que o povo aderiu em grande número (notícia de
jornal).
O juramento (fac-símile):
Por provisão de 02/10/1876, foi nomeado vigário encomendado da freguesia do Vai-Vem (Ipameri), tomando posse em 26/11 do mesmo ano. Posteriormente, ocupa o cargo de vigário colado de Santa Luzia, onde passa a residir.
O juramento (fac-símile):
Por provisão de 02/10/1876, foi nomeado vigário encomendado da freguesia do Vai-Vem (Ipameri), tomando posse em 26/11 do mesmo ano. Posteriormente, ocupa o cargo de vigário colado de Santa Luzia, onde passa a residir.
Fundou
a comunidade de Santo Antônio do Cavalheiro, no município de Entre
Rios, atual Ipameri, Goiás, onde faleceu em 26/07/1889 aos 88 anos
de idade.
Para
alimentar a controvérsia, vai o texto abaixo, transcrito do Jornal
do Comércio do Rio de Janeiro, que circulou no dia 08/09/1889,
edição 250, atribuído ao coronel Antônio Borges de Sampaio,
Colaborador do jornal à época e amigo íntimo do biografado:
Uberaba,
1 de Setembro de 1889
“Confirmou-se
a notícia aqui chegada há pouco, de ter falecido em Santa Luzia de
Goiás (sic) (é fato que ele faleceu no povoado de Santo Antônio do
Cavalheiro, fundado por ele, e para onde havia se retirado após o
assassinato do genro Manoel Lino da Trindade), o padre Raimundo
Henrique Des Genettes, homem ilustrado, de muita erudição e rara
facilidade na oratória, quer sagrada, quer profana sobre
variadíssimos assuntos. Foi uma das vítimas da Revolução Mineira
De 1842 e companheiro de prisão de Teófilo Otoni e outros.
Internando-se depois neste vasto território da Farinha Podre, com
portaria do governo, em procura de jazidas de salitre, sendo já
viúvo (grifo nosso),
casou-se em Araxá, sendo um dos primeiros habitantes da Bagagem
(Estrela do Sul),
quando entre
1849 a 1851 começou a
concorrer àquele ribeirão grande número de indivíduos em procura
de diamantes.
Mais
tarde, creio que em 1854, veio estabelecer residência em Uberaba,
onde fez edificar uma boa casa na rua Municipal, ainda hoje conhecida
pelo nome – de
sobrado do Dr. Des Genettes-, onde em 1874, fundou-se a primeira
imprensa em Uberaba, imprimindo “O
Paranaíba”, que pouco depois chamou-se “Echo
do
Sertão”, auxiliado por Paiva Teixeira, chefe das oficinas.
Viuvando
segunda vez em 1876, transferiu a empresa tipográfica a uma
associação constituída por três moços sob a firma de Paiva
Teixeira, Ribeiro&Magalhães, tendo como redator-chefe
o tenente-coronel
Antônio Borges de
Sampaio na publicação de o “Uberabense”,
retirando-se pouco depois para a província de Goiás, onde
ordenou-se sacerdote e foi paroquiar a igreja na cidade de Santa
Luzia, onde faleceu na idade de 70 anos (grifo nosso).
O
Padre Des Genettes era de origem francesa e tinha frequentado estudos
colegiais; sendo-lhe familiar a muitos conhecimentos científicos,
escrevia com muita facilidade e de uma memória prodigiosa. No Araxá,
Bagagem e nesta cidade, exerceu por muitos anos a profissão
de médico, na falta dos formados
(grifo nosso), e nessa profissão prestou bons serviços à
humanidade (Outra
controvérsia: era formado ou somente um licenciado?).
Em
1866, quando aqui houve reunião das forças que pelo interior
marchavam para o Mato Grosso, Des Genettes foi um bom auxiliar, bom
trabalhador, animando a todos com seu gênio ativo e diligente, pelo
que foi condecorado com o grau de Cavaleiro da Ordem de Cristo, sendo
já capitão cirurgião do comando superior da guarda nacional de
Uberaba e Prata, prestou serviços valiosos nas diversas inspeções
de saúde e nos hospitais.
Por
esse mesmo tempo da reunião das forças, foi Des Genettes o
presidente da câmara municipal no quadriênio que então corria pelo
antigo regime; fui seu imediato no mesmo período e tive ocasião de
apreciar os bons serviços que prestou à municipalidade. Foi também
delegado de polícia, juiz municipal suplente e quase não havia uma
comissão do governo local, da qual não fosse o relator.
Por
alguns anos, dirigiu um colégio de instrução secundária, com
aproveitamento de muitos moços, que ali adquiriram diversos
conhecimentos.
Não
teve filhos do seu primeiro e curto consórcio,
realizado em Ouro Preto; do
segundo teve uma menina de nome Emiliana* (sic) Des Genettes da
Trindade, a qual casou-se nesta cidade com Manoel Lino da
Trindade e é hoje viúva com duas órfãs, residindo em Araxá.
Des
Genettes honrou-me sempre com sua estima; por isso tive ocasião de
apreciar seu talento e boas qualidades."
*Ermelinda era o nome correto.
*Ermelinda era o nome correto.
Descendência
Raimundo
Henrique Des Genettes ou Henrique Raimundo Des Genettes (era assim
que ele assinava seus textos), nasceu em Pauillac, Gironde,
departamento de Nouvelle-Aquitani, região de Bordeaux em 1801. Na
sua protestação de fé e juramento antes de tomar posse as ordens
menores na cidade de Goiás, assim se identificou: “eu, Henrique
Raimundo Des Genettes, nascido e batizado em Pauillac, departamento
de Gironde do Reino da França, arcebispado de Bordeaux, sob os nomes
de Francisco Henrique Raimundo Trigant Des Genettes, mas que nunca
deles usei no império do Brasil, sendo conhecido unicamente pelos
nomes de que sempre usei quer nos meus escritos, quer nos meus atos
públicos”.
Desembarcou
no Rio de Janeiro na década de 1830, passando posteriormente para a
província de Minas Gerais, fixando-se temporariamente em Ouro Preto,
onde casou primeira vez (o nome da esposa é ignorado), sendo que
deste consórcio de curta duração não teve filhos (notícia de
jornal sem comprovação documental). Viúvo foi para o sertão
da Farinha Podre, aportando em Araxá, onde casou novamente com dona
Maria Porfíria da Silveira ou Maria Porfíria Álvares Machado,
filha do alferes Antônio José da Silveira, nascido em São Paulo
em 1769 e falecido em Patrocínio no ano de 1844, e de Joaquina Maria
de Menezes.
Foi
um dos primeiros moradores no recém-descoberto garimpo da Bagagem,
pois lá estava entre 1849/51.
Atualização: o Dr. Des Genettes foi o descobridor do distrito diamantino no Rio Bagagem, em 1849, conforme está descrito em seu diário, localizado pelo pesquisador Luiz Ernesto Wanke e transcrito em parte em um seu artigo, datado de 2011, intitulado-O sábio que fez de tudo um muito-, reproduzido no blog Contas-Gotas, de Giselda Campos, que trascrevemos abaixo:
Atualização: o Dr. Des Genettes foi o descobridor do distrito diamantino no Rio Bagagem, em 1849, conforme está descrito em seu diário, localizado pelo pesquisador Luiz Ernesto Wanke e transcrito em parte em um seu artigo, datado de 2011, intitulado-O sábio que fez de tudo um muito-, reproduzido no blog Contas-Gotas, de Giselda Campos, que trascrevemos abaixo:
"Em
1849, descobri a Bagagem Diamantina, onde me demorei com o comendador
Joaquim Machado de Morais. Nomeado engenheiro dos terrenos
diamantíferos, fui eu quem mediu e dividiu o terreno em lotes,
fornecendo ao governo da província o mapa topográfico e uma memória
sobre o diamante que ainda deve existir no arquivo da Província de
Minas Gerais." Pois bem, a História não guardou o nome de
Genettes como o descobridor dessas jazidas." Mas a referida memória
sobre o diamante ainda existe no Arquivo Público de Minas Gerais sob
o título de "Diamantes na Bagagem", Imprensa Oficial de
Minas Gerais – Belo Horizonte –Volume 4 – Data: 1899. Enfim, se
este artigo não servir para nada, pelo menos se resgate a
importância de Genettes como o verdadeiro descobridor dessas
jazidas.
Este trecho é um contributo à história de Estrela do Sul, Minas Gerais.
Viveu posteriormente em Uberaba, e
finalmente, em Ipameri, Paracatu e Luziânia.
Nota:
alguns genealogistas e historiadores dão como sendo a mesma pessoa
dona Maria Porfíria da Silveira e Dona Maria Porfíria Álvares
Machado (dona Maricota), que vivia em Araxá (a controvérsia ainda
deverá ser esclarecida à luz de documentos).
Pais
da filha única:
1
Ermelina ou Emelina Maria Des Genettes (não descobrimos quando nem
onde nasceu: se em Araxá ou Bagagem: em 1856, ela é madrinha de uma
criança junto com o pai na vila da Bagagem); foi casada em Uberaba
por volta de 1878 com o capitão Manoel Lino da Trindade, natural de
Uberaba, cuja ascendência ainda é ignorada.
Sobre
Manoel Lino: em 1878 pede demissão do cargo de juiz de paz suplente
de Uberaba, mudando-se para Goiás, arraial de Vai-Vem, atual
Ipameri, acompanhando o sogro, nomeado vigário da freguesia. Ao
longo do tempo, torna-se comerciante importante e participa dos
destinos políticos do lugar; com a nomeação do padre sogro para
assistir em Santa Luzia (Luziânia), já em 1883, o capitão vivia na
dita cidade, estabelecido no comércio. Homem respeitado, participava
ativamente da política local, primeiro como conservador e,
posteriormente, aderindo as hostes republicanas; devido as desavenças
políticas com um antigo correligionário, o promotor de justiça
Francisco Rodrigues, foi assassinado a mando deste, pelo jagunço
baiano vulgo José Vermelho, em plena luz do dia na praça central de
Luziânia, em 23/12/1888. A viúva acompanha o pai, que se retirou
para Santo Antônio do Cavaleiro, e após a morte do Dr. Des
Genettes, retorna a Minas Gerais, fixando residência em Araxá. Em
1893 era professora no Cassú, termo de Uberaba; por fim, falece em
1899 em Jundiaí, São Paulo, onde morava em companhia da filha
Georgeta.
Filhas
nascidas em Goiás:
1
Georgeta Des Genettes, casada em Uberaba com Ernesto Ademar de Sousa,
telegrafista e chefe do serviço postal de Jundiaí, onde eram
moradores.
O casamento: "Aos 9 dias de novembro de 1896, nesta Matriz em minha presença, e das testemunhas comigo abaixo assinadas, se receberam em matrimônio por palavras de presente, com dispensa de pregão Ernesto Adhemar de Souza e Georgeta Des Genettes da Trindade, recebendo a bênção nupcial. E para constar fiz este termo."Matriz de Uberaba, livros de casamentos (1893-1898).
Pais dos filhos descobertos:
O casamento: "Aos 9 dias de novembro de 1896, nesta Matriz em minha presença, e das testemunhas comigo abaixo assinadas, se receberam em matrimônio por palavras de presente, com dispensa de pregão Ernesto Adhemar de Souza e Georgeta Des Genettes da Trindade, recebendo a bênção nupcial. E para constar fiz este termo."Matriz de Uberaba, livros de casamentos (1893-1898).
Pais dos filhos descobertos:
1.1
Velsia Des Genettes de Sousa. Foi casada com Olavo de Barros Pires;
1.2
Maria Des Genettes de Sousa, professora;
1.3
Odete Iraci Des Genettes de Sousa, casada com Bonifácio Paes Curado;
1.4
Ana Maria Des Genettes de Sousa;
1.5
José Maria Des Genettes de Sousa;
Des Genettes e Paracatu 2 - descendência
Des Genettes e Paracatu 2 - descendência
2
Benedita (Benny) Des Genettes. Foi casada em Araguari com Pedro
Antônio Roquete Franco, natural de Paracatu, filho ou neto de outro
Pedro Antônio Roquete Franco e de Ana de Melo Albuquerque (vide Os
Batistas Franco, Os Melo Franco neste Blog); Pedro Roquete foi
comerciante em Araguari, Minas Gerais, e em Ipameri e Itumbiara, em
Goiás; Dona Benny Roquete, professora de toda a vida e escritora,
parece ter vivido na viuvez em São José do Rio Preto, São Paulo,
onde foi imortalizada pelo poder público que deu seu nome a ruas de
bairros da cidade;
Filhos
descobertos:
1
Maria Antonieta, nascida em Araguari em 04/07/1906 e batizada em
29/07 do dito ano;
2
Pedro, nascido em Araguari aos 01/04/1808 e batizado em 28/11/1909;
3
Maria de Lourdes, nascida em Araguari em 23/10/1809 e batizada in
articulo mortis aos 02/12/1909;
4
Rubens, nascido em Araguari aos 13/01/1911 e batizado em 09/07 do
mesmo ano;
5
Vitória Benedita, nascida em Santa Rita do Paranaíba (Itumbiara,
Goiás) em 21/05/1914; viveu em estado de casada com descendência em
São José do Rio Preto, São Paulo.
Des Genettes e Paracatu 3
Nota relevante1: Já ordenado padre, esqueceu o sacramento da castidade, e não resistiu aos prazeres do sexo: com a paracatuense Francisca Pimentel Barbosa, mulher solteira teve as filhas:
1 Corália Pimentel Des Genettes, que foi casada com o paracatuense João Batista da Rocha, falecido aos 32 anos em 1909; o casal teve três filhos; não descobrimos o destino da viúva e os filhos;
2 Joana Pimentel Des Genettes. em 1926 era professora em Goiandira, pequena cidade ao lado de Catalão, em Goiás (Almanach Laemmert).
Des Genettes e Paracatu 3
Nota relevante1: Já ordenado padre, esqueceu o sacramento da castidade, e não resistiu aos prazeres do sexo: com a paracatuense Francisca Pimentel Barbosa, mulher solteira teve as filhas:
1 Corália Pimentel Des Genettes, que foi casada com o paracatuense João Batista da Rocha, falecido aos 32 anos em 1909; o casal teve três filhos; não descobrimos o destino da viúva e os filhos;
2 Joana Pimentel Des Genettes. em 1926 era professora em Goiandira, pequena cidade ao lado de Catalão, em Goiás (Almanach Laemmert).
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Nota
relevante2: nos parece ter havido outro tronco Des Genettes – viveu
entre Santa Luzia (Luziânia) e Uberaba, um certo Luiz Adolfo de
França Des Genettes, sargento do regimento de polícia de Uberaba em
1893, filho legítimo de Bernardo Des Genettes e de Eva Porfíria de
Jesus. Embora eles tenham vivido nas mesmas regiões do Dr. Des
Genettes, não descobrimos se havia parentesco entre eles, se eram
brancos, pardos ou negros. O sargento Luiz Adolfo casou em Uberaba em
28/09/1892 com Rosa Maria Alves, filha legítima de Manoel Francisco
de Oliveira e de Edvirgens Maria da Conceição. Em 1893, segundo
jornais de época, ele foi processado por bigamia e fraude
processual, por ter apresentado atestado de óbito falso da primeira
esposa. Referiu o “Popular” de Uberaba: o sargento Luiz Adolpho
de França Des Genettes, do 2º corpo militar de polícia, com a
naturalidade de quem pouco se incomoda com as coisas deste mundo,
contraiu matrimônio. Pouco depois. soube-se, que o “gajo” era
casado, muito bem casado ainda em Santa Luzia de Goiaz, tendo
conseguido aqui realizar os seus papéis, com uma certidão falsa do
óbito de sua primeira esposa. A esse heroico sargento não metem
medo as sogras (sic).
Em
maio de 1893 ele foi absolvido em primeira instância, mas, o
processo subiu para o tribunal de relação em grau de recurso. O
desfecho do caso é para nós desconhecido.
Fontes:
1
hemeroteca da Biblioteca Nacional do Brasil – jornais da época de
Goiás, Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo – edições
diversas;
2
Livros de batismos da matriz de Cana Verde de Araguari –
disponíveis no site familysearch.org;
3
Arquivos do Blog.
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