Por José Aluísio Botelho
O sobrenome composto Rodrigues Bijos, de origem judaica provável, é originário do Alentejo, região central de Portugal, mais precisamente na vila de Castelo de Vide, distrito de Portalegre. Os Bijos, ao longo dos séculos, entrelaçaram com os Carrilho (Carrilho Bijos), Fernandes (Fernandes Bijos), Fernandes Sarzedas, Vaz (Vaz Bijos) e Dias (Dias Bijos), configurando uma vasta gama de parentesco entre eles. Outrossim, a maioria desses sobrenomes são oriundos da Espanha que passaram a Portugal fugindo da perseguição implacável da inquisição espanhola contra os judeus, iniciada em fins do século quinze: o edito de 1492 (expulsão ou o batismo de conversão dos judeus), promulgado pelos reis católicos Fernando e Isabel, provocou uma fuga maciça de famílias judias para as regiões fronteiriças de Portugal: Castelo de Vide era uma dessas regiões, em busca de sossego para cultuar seu credo em paz. Infelizmente, Portugal também criaria em seus domínios os tribunais inquisitoriais, mas isto é outra história.
Assim, podemos afirmar que os Rodrigues Bijos e os Fernandes Sarzedas são famílias com forte conotação judaica. Alguns membros imigraram para Minas Gerais na primeira metade do século dezoito, estabelecendo-se na região de Sabará, notadamente nas freguesias de Curral Del-Rei (atual Belo Horizonte) e Capela Nova do Betim (atual Betim). A família Rodrigues Bijos, objeto destas notas, inicia-se com o casamento de um certo João Rodrigues Bijos, supostamente nascido na colônia, com Catarina de Sena de Faria, também natural daquela região de Sabará, filha do português Baltazar Fernandes de Sarzedas e de Catarina Antunes de Carvalho, ele natural da vila de Castelo de Vide (Baltazar Fernandes Sarzedas viveu na Capela Nova de Betim, onde possuía sesmaria na região da Contagem; seu nome foi perpetuado dando nome ao ribeirão Sarzedas que banha a cidade de Betim, bem como dele origina o nome da cidade de Sarzedo, também localizada na região). João Rodrigues Bijos nasceu por volta de 1729 e faleceu em 1783 (seu inventário encontra-se disponível no Museu do Ouro de Sabará) em Capela Nova do Betim, segundo algumas genealogias, região metropolitana de Belo Horizonte. Este João Rodrigues Bijos exerceu a arte de boticário (no Museu do Ouro de Sabará é possível identificar inúmeras receitas aviadas por ele), bem como a atividade rural, pois obteve carta de sesmaria em 1766 na freguesia de Curral Del-Rei, termo da Vila Real de Sabará (disponível na Torre do tombo). Não se sabe a origem do sobrenome Bijos, provavelmente corrupção de Bijos ou Bejo (como consta do inventário de Elias Rodrigues Bijos ou Bejo, de 1835, localizado no Fórum de Patrocínio, Minas Gerais, e disponibilizado pelo pesquisador Adeílson Batista) de origem na Espanha, onde ainda é existente. Em Castelo de Vide existe um logradouro denominado Terreiro dos Bijos, a título de ilustração. Também a título de ilustração disponibilizamos abaixo imagem de Bijos que viveram em Castelo de Vide nos séculos XVII e XVIII: fac-símile do processo de habilitação de Antônio Carrilho Bijos e do casamento de Manoel Rodrigues Bijos.
Pois bem, o casal João Rodrigues Bijos e Catarina de Sena de Faria tiveram cinco filhos descobertos, sendo que as mulheres adotaram o sobrenome Fernandes Sarzedas, e os filhos homens o sobrenome Fernandes/Fernandes Bijos ou Rodrigues Bijos, cuja descendência é relatada em algumas genealogias na região da grande Belo Horizonte atual. Parece que somente um dos filhos adotou o sobrenome composto Rodrigues Bijos, no caso o capitão Elias Rodrigues Bijos, nascido em 1770, pouco mais ou menos (no censo de 1831 de Coromandel, MG, ele declara ter 60 anos, ser branco, lavrador). Em 1808 era capitão da 4ª companhia de Sabará, portanto lá morador, já casado com Antônia Cândida da Rocha, e onde nasceram a maioria dos filhos. O capitão e sua família migraram em algum momento para o Alto Paranaíba, se estabelecendo na fazenda Contendas, localizada no distrito de Carmo, termo de Araxá, e, posteriormente, na região de Coromandel, com a descendência se espalhando por todo o Alto Paranaíba, Triângulo Mineiro e Noroeste de Minas. O capitão Elias Rodrigues Bijos faleceu em 3/1/1835 quando foi inventariado pela viúva Antônia Cândida da Rocha, esta nascida em 1789, pouco mais ou menos (no censo de 1839 em Coromandel, ela declara ter 50 anos, viúva, branca, lavradora).
O sobrenome composto Rodrigues Bijos, de origem judaica provável, é originário do Alentejo, região central de Portugal, mais precisamente na vila de Castelo de Vide, distrito de Portalegre. Os Bijos, ao longo dos séculos, entrelaçaram com os Carrilho (Carrilho Bijos), Fernandes (Fernandes Bijos), Fernandes Sarzedas, Vaz (Vaz Bijos) e Dias (Dias Bijos), configurando uma vasta gama de parentesco entre eles. Outrossim, a maioria desses sobrenomes são oriundos da Espanha que passaram a Portugal fugindo da perseguição implacável da inquisição espanhola contra os judeus, iniciada em fins do século quinze: o edito de 1492 (expulsão ou o batismo de conversão dos judeus), promulgado pelos reis católicos Fernando e Isabel, provocou uma fuga maciça de famílias judias para as regiões fronteiriças de Portugal: Castelo de Vide era uma dessas regiões, em busca de sossego para cultuar seu credo em paz. Infelizmente, Portugal também criaria em seus domínios os tribunais inquisitoriais, mas isto é outra história.
Assim, podemos afirmar que os Rodrigues Bijos e os Fernandes Sarzedas são famílias com forte conotação judaica. Alguns membros imigraram para Minas Gerais na primeira metade do século dezoito, estabelecendo-se na região de Sabará, notadamente nas freguesias de Curral Del-Rei (atual Belo Horizonte) e Capela Nova do Betim (atual Betim). A família Rodrigues Bijos, objeto destas notas, inicia-se com o casamento de um certo João Rodrigues Bijos, supostamente nascido na colônia, com Catarina de Sena de Faria, também natural daquela região de Sabará, filha do português Baltazar Fernandes de Sarzedas e de Catarina Antunes de Carvalho, ele natural da vila de Castelo de Vide (Baltazar Fernandes Sarzedas viveu na Capela Nova de Betim, onde possuía sesmaria na região da Contagem; seu nome foi perpetuado dando nome ao ribeirão Sarzedas que banha a cidade de Betim, bem como dele origina o nome da cidade de Sarzedo, também localizada na região). João Rodrigues Bijos nasceu por volta de 1729 e faleceu em 1783 (seu inventário encontra-se disponível no Museu do Ouro de Sabará) em Capela Nova do Betim, segundo algumas genealogias, região metropolitana de Belo Horizonte. Este João Rodrigues Bijos exerceu a arte de boticário (no Museu do Ouro de Sabará é possível identificar inúmeras receitas aviadas por ele), bem como a atividade rural, pois obteve carta de sesmaria em 1766 na freguesia de Curral Del-Rei, termo da Vila Real de Sabará (disponível na Torre do tombo). Não se sabe a origem do sobrenome Bijos, provavelmente corrupção de Bijos ou Bejo (como consta do inventário de Elias Rodrigues Bijos ou Bejo, de 1835, localizado no Fórum de Patrocínio, Minas Gerais, e disponibilizado pelo pesquisador Adeílson Batista) de origem na Espanha, onde ainda é existente. Em Castelo de Vide existe um logradouro denominado Terreiro dos Bijos, a título de ilustração. Também a título de ilustração disponibilizamos abaixo imagem de Bijos que viveram em Castelo de Vide nos séculos XVII e XVIII: fac-símile do processo de habilitação de Antônio Carrilho Bijos e do casamento de Manoel Rodrigues Bijos.
Torre do Tombo |
Matriz de Santa Maria da Devesa |
Pois bem, o casal João Rodrigues Bijos e Catarina de Sena de Faria tiveram cinco filhos descobertos, sendo que as mulheres adotaram o sobrenome Fernandes Sarzedas, e os filhos homens o sobrenome Fernandes/Fernandes Bijos ou Rodrigues Bijos, cuja descendência é relatada em algumas genealogias na região da grande Belo Horizonte atual. Parece que somente um dos filhos adotou o sobrenome composto Rodrigues Bijos, no caso o capitão Elias Rodrigues Bijos, nascido em 1770, pouco mais ou menos (no censo de 1831 de Coromandel, MG, ele declara ter 60 anos, ser branco, lavrador). Em 1808 era capitão da 4ª companhia de Sabará, portanto lá morador, já casado com Antônia Cândida da Rocha, e onde nasceram a maioria dos filhos. O capitão e sua família migraram em algum momento para o Alto Paranaíba, se estabelecendo na fazenda Contendas, localizada no distrito de Carmo, termo de Araxá, e, posteriormente, na região de Coromandel, com a descendência se espalhando por todo o Alto Paranaíba, Triângulo Mineiro e Noroeste de Minas. O capitão Elias Rodrigues Bijos faleceu em 3/1/1835 quando foi inventariado pela viúva Antônia Cândida da Rocha, esta nascida em 1789, pouco mais ou menos (no censo de 1839 em Coromandel, ela declara ter 50 anos, viúva, branca, lavradora).
Filhos:
1 João Rodrigues Bijos, nascido em 1805, pouco mais ou menos (com 30 anos no
inventário do pai e 33 anos no censo de março de 1839), nascido e batizado no arraial da Contagem das Abóboras, termo de Sabará. Foi casado duas vezes: 1.ª vez com
Maria Tomásia de Jesus, sem filhos; 2.ª vez com Tereza da felicidade Soares Rodrigues, sem filhos. Faleceu em 1869.
2 Rafael Rodrigues Bijos, nascido por volta de 1808 (com 25 anos no inventário do pai e 30 anos em março de 1839); casado com Maria de Tal. Filhos em 1839:
2.1 Carolina, com 4 anos;
2.2 Mizael, com 3 anos;
2.3 Carlota, com 1 ano;
3 Fortunata, nascida em 1807, pouco mais ou menos (com 22 anos no inventário do pai e 32 anos em 1839), solteira;
4 Maria, nascida em 1816, pouco mais ou menos (com 19 anos em 1835, solteira, morava com seu padrinho em Sabará (inventário do pai); sem notícias;
5 Francisca, nascida em 1815, pouco mais ou menos; com 17 anos em 1835, já casada com Bonifácio José da Silva Rosa (inventário do pai). Bonifácio comparece ao censo do distrito do Carmo de 1832, a esposa não; sem mais notícias;
6 Cândida, nascida em 1819, pouco mais ou menos (com 16 anos no inventário do pai); solteira na ocasião; sem mais notícias;
7 Celestino Rodrigues Bijos, nascido em 1822, pouco mais ou menos (com 15 anos no inventário do pai e 16 anos no censo de 1839). Em 1858 ele é padrinho em Bagagem (atual Estrela do Sul); testamenteiro do irmão João em 1869;
8 Manoel, de 10 anos (inventário do pai).
TRONCO
DE PARACATU
2 Rafael Rodrigues Bijos, nascido por volta de 1808 (com 25 anos no inventário do pai e 30 anos em março de 1839); casado com Maria de Tal. Filhos em 1839:
2.1 Carolina, com 4 anos;
2.2 Mizael, com 3 anos;
2.3 Carlota, com 1 ano;
3 Fortunata, nascida em 1807, pouco mais ou menos (com 22 anos no inventário do pai e 32 anos em 1839), solteira;
4 Maria, nascida em 1816, pouco mais ou menos (com 19 anos em 1835, solteira, morava com seu padrinho em Sabará (inventário do pai); sem notícias;
5 Francisca, nascida em 1815, pouco mais ou menos; com 17 anos em 1835, já casada com Bonifácio José da Silva Rosa (inventário do pai). Bonifácio comparece ao censo do distrito do Carmo de 1832, a esposa não; sem mais notícias;
6 Cândida, nascida em 1819, pouco mais ou menos (com 16 anos no inventário do pai); solteira na ocasião; sem mais notícias;
7 Celestino Rodrigues Bijos, nascido em 1822, pouco mais ou menos (com 15 anos no inventário do pai e 16 anos no censo de 1839). Em 1858 ele é padrinho em Bagagem (atual Estrela do Sul); testamenteiro do irmão João em 1869;
8 Manoel, de 10 anos (inventário do pai).
Nota: no censo de 1839,
ele é declarado com 9 anos, nascido por volta de 1825. Tronco de
Paracatu, abaixo.
Quadro
comparativo das idades fornecidas nos censos de
Coromandel de 1831 e
1839 e no inventário de 1835 – observem as
discrepâncias
CENSO
DE 4/10/1831
|
INVENTÁRIO
1835
|
CENSO DE 03/1839
|
Cap.
Elias R. Bijos – 60 anos
|
Falecido
|
Falecido
|
Antônia
Cândida da Rocha – 35
|
Não
referida
|
50
anos
|
João
R. Bijos – 26 anos
|
30
anos
|
33
anos
|
Fortunata
– 19 anos
|
22
anos
|
32
anos
|
Rafael
– 18 anos
|
25
anos
|
30
anos
|
Maria
– não comparece
|
19
anos
|
Não
comparece
|
Francisca
– não comparece
|
17
anos
|
Não
comparece
|
Cândida
– 11 anos
|
16
anos
|
Não
comparece
|
Celestino
– 7 anos
|
15
anos
|
16
anos
|
Manoel
– 4 anos
|
10
anos
|
9
anos
|
8 Manoel Rodrigues Bijos ou Bejo, casado em Coromandel, MG, com Teresa Soares
Rodrigues. Tiveram, dentre outros, o filho:
8.1 Elias Rodrigues Bijos ou Bejo, nascido por volta de 1866 (numa lista de eleitores de Coromandel, datada de 1897, seu sobrenome e do seu pai, aparece grafado "Bejo"; onde ele declara ter 28 anos, solteiro, lavrador e morador no Barreiro); casou em Paracatu com Gabriela Silva Neiva, filha de Tito da Silva Neiva e de Zulmira da Silva Canedo. Filhos:
1 Mariana Rodrigues Bijos, casada com Quintino da Silva Neiva; filhos:
8.1 Elias Rodrigues Bijos ou Bejo, nascido por volta de 1866 (numa lista de eleitores de Coromandel, datada de 1897, seu sobrenome e do seu pai, aparece grafado "Bejo"; onde ele declara ter 28 anos, solteiro, lavrador e morador no Barreiro); casou em Paracatu com Gabriela Silva Neiva, filha de Tito da Silva Neiva e de Zulmira da Silva Canedo. Filhos:
1 Mariana Rodrigues Bijos, casada com Quintino da Silva Neiva; filhos:
1.1 Edna Bijos da Silva Neiva;
1.2 Aliete Bijos da Silva Neiva;
1.3 Evaldo Bijos da Silva Neiva, casado com Marlene Resende, deixou descendência em Cristalina, Goiás;
1.4 Mônica Bijos da Silva Neiva;
1.5 Márcio Bijos da Silva Neiva;
1.6 Maria Bijos da Silva Neiva;
2 Maria Rodrigues Bijos;
2 Maria Rodrigues Bijos;
3
Virgílio; Virgílio Rodrigues Bijos nasceu em Paracatu, MG, em 15/12/1914; foi batizado na capela do Santana, tendo como padrinhos o
Prof. Olímpio Gonzaga e sua mulher dona Laura Gonzaga; casado com
Odete Sousa Gonçalves, na igreja matriz. Deles provieram quatorze
filhos:
1
Sebastião Virgílio Rodrigues Bijos;
2
Diógenes Rodrigues Bijos;
3
Herbet Rodrigues Bijos;
4
Maques Rodrigues Bijos;
5
Corália Rodrigues Bijos;
6
Curtis Rodrigues Bijos;
7
Nice Gabriela Rodrigues Bijos;
8
Jairo Rodrigues Bijos;
9
Maria Isabel Rodrigues Bijos;
10
Elias Rodrigues Bijos;
11
Leocádio Rodrigues Bijos;
12
Odete Rodrigues Bijos;
13
Virginete Rodrigues Bijos;
14
Iara Rodrigues Bijos;
4
José Rodrigues Bijos.
Nota: viveu em Pirapora, MG, um próspero
comerciante do
mesmo nome, e especialista em Apicultura;
5 Ana
Rodrigues Bijos;
6
Hilda Rodrigues Bijos;
7
Horácio Rodrigues Bijos, comerciante, já falecido; foi casado
com
Lazy Gonçalves de Ulhoa, filha de Romualdo Gonçalves de
Ulhoa e de
Dália Hormidas de Oliveira, esta falecida em 1944;
com descendência.
Fontes:
1
Genealogia Mineira – Bijos;
2
Jornal Patrocínio online – Inventário do capitão Elias
Rodrigues Bejo, pesquisa de Adeílson Batista;
3
Listas nominativas de Coromandel (1831;1839) – Arquivo
Público
Mineiro;
4
Biografia de Virgílio Rodrigues Bijos, por Marcos Spagnuolo;
5
Banco de dados do blog.
6
Torre do Tombo – processo de habilitação para familiar do Santo
Ofício de Antônio Carrilho Bijos;
7
Tombo.pt – Livro de casamentos da igreja matriz de Santa Maria
de Castelo de Vide.
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