Por José Aluísio Botelho
O padre Manoel de
Assumpção Ribeiro foi um dos inúmeros padres paracatuenses
afrodescendentes, oriundos da miscigenação com o branco europeu,
ocorrida em Paracatu desde os descobertos. No seu assento de batismo,
ele é referido como CABRA, denominação dada ao fruto da união
entre um indivíduo negro e um mulato (o mulato era decorrente da
união entre um indivíduo branco e um negro), o que significa que o
padre teve um caldeamento entre dois terços de negro e um terço de
branco.
O
Padre Manoel de Assumpção Ribeiro foi um prelado bastante popular e
querido entre a população de Paracatu em seu tempo. Nascido em
07/05/1845, filho de mãe solteira, Joana da Cruz Rodrigues Teixeira,
e pai ignorado, teve uma infância e adolescência pobre, e desde
cedo, se dedicava aos exercícios da religião católica e apostólica
romana. Em 1866 ingressou no Seminário colateral da diocese de
Diamantina, ordenando-se padre em 1873.
Dele
ou sobre ele escreveu Olímpio Gonzaga, sucintamente:
“cursou
durante cinco anos a escola de Latim e de Filosofia do Professor
Sancho Porfírio de Ulhoa e o Seminário Episcopal Colateral da
diocese de Diamantina (ingressou em 1866), onde se ordenou em 6 de
junho de 1873. Foi professor de matemática e geografia no mesmo
Seminário, vigário em Rio Manso, distrito de Diamantina e de Montes
Claros.
Homem
inteligente e estudioso, possui sólidos conhecimentos sobre diversos
ramos do conhecimento humano, especialmente matemática. Tendo ficado
paralítico das pernas no ano de 1888, voltou para a sua terra natal,
sendo, no mesmo ano, nomeado interinamente professor da cadeira de
pedagogia e instrução moral e cívica da Escola Normal de Paracatu,
passando a efetivo em 1889 por concurso.
Foi
diversas vezes diretor da referida Escola Normal. Permutou com o Dr.
Pedro Salazar a sua cadeira pela de geometria e noções de
agrimensura, cargo que exerceu até a extinção da escola.”
Inexplicavelmente,
seu processo de Ordenação Sacerdotal foi parar em arquivo da cidade
de Goiás Velho, juntamente, com muitos outros documentos relativos à
igreja de Paracatu, e localizados pelo pesquisador Eduardo Rocha. É
um processo simples, aonde se vê que não foram feitas as
investigações rigorosas, como de praxe, acerca de sua genealogia,
e, portanto, não se descobriu sua ascendência, à exceção da
identificação de sua mãe. O próprio bispo, apesar de considerar
grave a sua condição de filho natural, o tornou apto quanto a sua
origem genealógica. Passou fácil no quesito de vida social e na
declaração de patrimônio, que, devido a sua pobreza, foi
necessário a doação de uma morada de casas em Paracatu no valor de
quinhentos mil réis, feita pelo sr. Tomás Rodrigues de Oliveira e
sua mulher dona Euzébia da Cunha Aranha.
Quanto
as testemunhas, todas declararam favoravelmente ao habilitando, sendo
que nenhum deles deu pistas acerca do pai do ordenando.
Fac-símiles
do processo de habilitação de genere et moribus
Registro de batismo |
Fontes:
1 - Memória Histórica de Paracatu, de Olímpio Gonzaga, 1910;
2 - Processo de Habilitação De Genere et Moribus do padre - Arquivo frei Simão Dorvi, Goiás Velho, Goiás.
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