Sancho Porfírio Lopes de Ulhoa
(1820-1890)
Notável paracatuense. Autodidata, notabilizou-se nas artes plásticas (Olímpio Gonzaga relata ter ele estudado pintura no Rio de Janeiro), na música, na fotografia e no magistério: latinista clássico, dominou o francês com maestria, bem como ministrava filosofia, preparando os jovens conterrâneos com zelo e dedicação durante décadas. Infelizmente, toda a sua obra parece ter se perdido inexoravelmente ao longo do tempo.
Sancho Porfírio Lopes de Ulhoa/Clara Batista Franco – sem filhos
Herdeiro de Sancho: Jorge Batista Franco, sobrinho por afinidade.
Herdeira de Clara: sua mãe Francisca Antônia Batista Franco.
Bens intelectuais existentes no seu atelier: artísticos, musicais, livros, etc. Extraídos do inventário de sua sogra.
Flauta de búfala (metal branco), sistema de Bochm de 13 chaves.
Rabeca nova com caixa.
Revólver americano com corta chama.
Máquina fotográfica do sistema Daguerreótipo, antiquíssimo.
Oficina completa de pintura: pedras de moer tintas, pincéis, cavaletes, etc.
Quadros e Retratos a óleo
- Ceia dos apóstolos.
- São João Batista.
- Dom Pedro II.
- Coronel João Crisóstomo Pinto da Fonseca.
- Dr. Bernardo de Melo Franco.
- Padre Moura (José de Moura Barbosa).
- Padre Tristão Carneiro de Mendonça.
- Francisco Garcia Adjuto.
- Visconde de Porto Seguro, obra inacabada.
- Voltaire.
- Retratos de pessoas desconhecidas.
- Retratos de duas virgens, não acabados.
- Fotografia por daguerreotipia de Dona Francisca Cândida Meireles, esposa do coronel Manoel Ramiro de Melo Albuquerque
- Diversas telas de fantasia.
Dicionários de francês, português etc., livros didáticos.
Dicionário histórico e geográfico de Benidet (?).
A arte na Itália, de Henri Taine, historiador francês.
Canções de Béranger (Pierre Jean de Béranger).
Não encontramos nenhuma referência direta a um Violino Stradivarius, que segundo a tradição oral da família, pertenceu ao professor Sancho. Ou o violino seria a Rabeca listada acima, confundida com o instrumento festejado à época, embora sejam instrumentos distintos?
Fontes:
Caixa I – 14 Volume 17. Data: 23/03/1896 – Francisca Antônia Roquete Franco.
Dr. José de Melo Franco e dona Júlia Guide, súdita italiana.
Médico formado pela Universidade de Pisa, Itália. Fazendeiro no distrito de Rio Preto (Unaí, MG)
Falecidos quase simultaneamente: Dr. José aos 12/05/1899; dona Júlia aos 25/07/1899.
Testamento: (redigido aos 05/03/1899).
Filho natural de Maria Francisca da Cunha Branco. Não cita o nome do pai.
Casado com a italiana Júlia Guide/ Giulia Guidi, nascida em Gênova, Ligúria, Itália, filha de Ambrógio (Ambrósio) Guidi e de Teresa M. Guidi, com 77 anos em 1899 (nas.1822 aprox.)
O casal teve duas filhas, falecidas em tenra idade, portanto, sem herdeiros legítimos necessários.
Declara vários filhos havidos com Silvéria do Carmo, que instituiu herdeiros de sua terça:
1 Norberto de Melo Franco, com 36 anos em 1889, casado; esse filho tornou-se a ovelha negra dos filhos naturais do Dr. José: no decorrer do inventário, armou-se de 14 jagunços e passou a roubar gado vacum e cavalar do espólio, tocando os animais para a região de Curvelo, distritos de Papagaio e Ipiranga, e em conluio com o capitão Felicíssimo Durães Coutinho, fazendeiro no Porto das Galinhas, comarca de São Francisco, vendia os animais para alguns proprietários locais, mas deixou rastro: os recibos de compra e venda e a marca em ferro nas ancas dos animais – forma de um “casco de cavalo”-, o denunciou. Preso, não sabemos seu destino.
2 Guilhermina de Melo Franco, de 34 anos, casada com Hermenegildo de Paula Estrela, de Morrinhos (Arinos);
3 Belmira de Melo Franco, de 25 anos, casada com Paulo Raimundo Sady (família Sady/Sadi de Unaí);
4 Carolina de Melo Franco, de 27 anos, solteira;
5 Laurentino de Melo Franco, de 23 anos, solteiro;
6 Alfredo de Melo Franco, de 24 anos, solteiro;
7 Prisciliano de Melo Franco, de 18 anos, solteiro;
8 Ermelinda de Melo Franco, de 17 anos, solteira.
Monte mor: 127:985$416 (cento e vinte sete contos, novecentos e oitenta e cinco mil e quatrocentos e dezesseis réis).
Terça de Dona Júlia: a metade. Cada filho: 6 contos, aproximadamente.
Legado deixado para Silvéria do Carmo: 1:600$000.
Dona Júlia Guidi declara em testamento como seu herdeiro, o marido, Dr. José, e, por conseguinte, seus filhos ilegítimos.
O inusitado acontece no decorrer do inventário: entra no processo requerendo os bens de Dona Júlia, um certo Thomaz Canger, relatando em juízo ter comprado os direitos de herança de dona Maria Guidi, única irmã e herdeira da falecida, obtendo êxito na empreitada (faltam documentos).
Fontes:
Inventário: Caixa I-15/Volume 01, 27/06/1899.
Referência
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