Pular para o conteúdo principal

ASPECTOS HISTÓRICOS – GEOGRÁFICOS DO ARRAIAL DE PARACATU NO ANO DE 1769

Por José Aluísio Botelho

Apresentamos aos nossos leitores, imagens perfeitamente legíveis, extraídas de um documento elaborado pela guardamoria das minas do Paracatu em 1769 e assinada pelo então Guarda-Mor coronel Teodósio Duarte Coimbra, com pequenos aspectos, porém relevantes, relativos a história das minas de Paracatu, envolvendo mineiros que adquiriram as datas/terras minerais do descobridor das Minas, Guarda-Mor José Rodrigues Fróes, bem como do polêmico vigário Antonio Mendes Santiago. Interessante também, é a presença de ex-escravos, alforriados por compra de sua liberdade, ou por alforria dada espontaneamente pelos seus antigos senhores, mas, que, ao alcançar certa projeção econômico-social, tornaram agentes ativos do sistema escravista: adquiriam um ou vários escravos, seus irmãos africanos, aderindo a nefasta prática da escravidão. Aliás, observa-se compulsando o documento em questão, uma intensa atividade comercial de compra e venda das propriedades minerais entre os mineiros, inclusive entre brancos e negros.
Last but not least, disponibilizamos imagens de uma curiosa descrição das longitudes de toda a província mineral à época, ainda produtiva, tendo como pião, o arraial do Córrego Rico. É importante lembrar que o nome oficial da povoação era São Luiz e Santana das Minas do Paracatu mesmo nome do curso d'água, mas que por antonomásia era chamado pelo povo de córrego ou corgo Rico, como também era chamado o arraial. Como pode se depreender do texto, havia outros arraiais no entorno do principal, bem como vários córregos e chapadas, onde existia mineração do ouro. No documento em tela, também constatamos a existência de dois tabelionatos, onde eram registradas as terras minerais: os tabelionatos do Córrego Rico e o de São Domingos.

                                    AS MINAS E OS MINEIROS

1 Antonio Ferreira de Noronha, mineiro afortunado, adquiriu as datas minerais do descobridor das minas Guarda-Mor José Rodrigues Fróes e de seu pai, coronel Pedro Rodrigues Fróes.



2 José Pedro de Queirós e seu sócio, adquiriram propriedades produtivas do padre Antonio Mendes Santiago.

 


3 Alferes Alberto Duarte Ferreira, idem.



                               OS MINEIROS NEGROS E ESCRAVISTAS

4 Manoel da Silva Rosa, negro forro.

5 Teodósio da Fonseca Machado, negro forro.


6 Antonio Rodrigues, negro forro.



7 Benedito Rodrigues, negro forro.


8 Antonio Luiz Braga, pardo forro.




                     O ASPECTO GEOGRÁFICO DA REGIÃO AURÍFERA

                                    Descrição da longitude do arraial
 

Fonte:
Biblioteca Nacional do Brasil - divisão de manuscritos:
Coimbra, E.Duarte - Descripção Exacta do Destrito da GuardaMoria desta Minas do Paracatu, s.l., 1769





Comentários

Postagens mais visitadas

DONA BEJA E AS DUAS MORTES DE MANOEL FERNANDES DE SAMPAIO

Por José Aluísio Botelho A história que contaremos é baseada em fatos, extraídos de um documento oficial relativo a um processo criminal que trata de um assassinato ocorrido na vila de Araxá em 1836. O crime repercutiu no parlamento do império no Rio de Janeiro, provocando debates acalorados entre os opositores do deputado e ex-ministro da justiça, cunhado do acusado, como se verá adiante. Muitos podem perguntar porque um blog especializado em genealogia paracatuense, está a publicar uma crônica fora do contexto? A publicação deste texto no blog se dá por dois motivos relevantes: primeiro, pela importância do documento, ora localizado, para a história de Araxá como contraponto a uma colossal obra de ficção sobre a personagem e o mito Dona Beja, que ultrapassou suas fronteiras se tornando de conhecimento nacional. Em segundo lugar, porque um dos protagonistas de toda a trama na vida real era natural de Paracatu, e, portanto, de interesse para a genealogia paracatuense, membr...

GUARDA-MOR JOSÉ RODRIGUES FRÓES

Por José Aluísio Botelho             INTRODUÇÃO  Esse vulto que tamanho destaque merece na história de Paracatu e de  Minas Gerais, ainda precisa ser mais bem estudado. O que se sabe é que habilitou de genere em 1747 (o processo de Aplicação Sacerdotal se encontra arquivado na Arquidiocese de São Paulo), quando ainda era morador nas Minas do Paracatu, e embora fosse comum aos padres de seu tempo, aprece que não deixou descendentes*. Que ele foi o descobridor das minas do córrego Rico e fundador do primitivo arraial de São Luiz e Santana das Minas do Paracatu, não resta nenhuma dúvida. De suas narrativas deduz-se também, que decepcionado com a produtividade das datas minerais que ele escolheu, por direito, para explorar, abandonou sua criatura e acompanhou os irmãos Caldeira Brandt, que tinham assumido através de arrematação o 3º contrato de diamantes, rumo ao distrito diamantino. Documento de prova GENEALOGIA  ...

REIS CALÇADO - UMA FAMÍLIA JUDIA NA PARACATU DO SÉCULO XVIII

Por José Aluísio Botelho  Eduardo Rocha Mauro Cézar da Silv a Neiva   Família miscigenada, de origem cristã nova pela linha agnata originária do Ceará . Pois

Adquira aqui os nossos livros publicados

Clique na imagem abaixo para adquirir o livro Os Botelhos de Paracatu: percursos de uma linhagem nos sertões de Minas (versão usada): Clique na imagem abaixo para adquirir o livro  Gente de Paracatu: registros genealógicos das famílias Que povoaram o Vale Do Paracatu (versão nova):

FAZENDAS ANTIGAS, SEUS DONOS E HERDEIROS EM PARACATU - 1854 E 1857.

Por José Aluísio Botelho                A LEI DE TERRAS DE 1850 Desde a independência do Brasil, tanto o governo imperial, como os governos republicanos apresentaram inúmeros projetos legislativos na tentativa de resolver a questão fundiária no Brasil, bem como regularizar as ocupações de terras no Brasil. A lei da terra de 1850 foi importante porque a terra deixou de ser um privilégio e passou a ser encarada como uma mercadoria capaz de gerar lucros. O objetivo principal era corrigir os erros do período colonial nas concessões de sesmarias. Além da regularização territorial, o governo estava preocupado em promover de forma satisfatória as imigrações, de maneira a substituir gradativamente a mão de obra escrava. A lei de 1850, regulamentada em 1854, exigia que todos os proprietários providenciassem os registros de suas terras, nas paróquias municipais. Essa lei, porém, fracassou como as anteriores, porque pouca...

OS SANTANA DE PARACATU - MG

Por José Aluísio Botelho Eduardo Rocha Mauro Albernaz Neiva Família iniciada em Paracatu com a união do tenente Joaquim José de Santana e Dona Maria Peixoto. Não descobrimos se eram casados, em que data se deu o possível enlace, ou se viveram em concubinato. Joaquim José de Santana, possivelmente era natural de Barbacena; Maria Peixoto, nascida na Ribeira do Januário, região rural de Paracatu. Filho descoberto: 1 Capitão João José de Santana, nascido por volta de 1814, pouco mais ou menos, exposto em casa de Antônio de Brito Freire; foi criado e educado com esmero por Dona Florência Maria de Santana, esposa de Antônio; tornou-se um rico capitalista, comerciante na Rua do Calvário e fazendeiro; foi vereador do município; falecido em 4 de abril de 1895 em idade provecta. Esparramado genearca, casou três vezes, deixando 14 filhos dos três leitos. Com Luíza de Jesus de Afonseca Costa, nascida em 21/06/1816 e falecida em 9/6/1873, filha de Antônio Joaquim da Costa, falecido em...