Colaboração Eduardo Rocha
De tradicionais famílias paulistas de Itu, Francisco Leme do Prado foi o iniciador do sobrenome no arraial de São Luiz e Santana das Minas do Paracatu, perpetuado e corrompido na descendência como Lemes do Prado/Lemos do Prado. Depois de perambular pelas minas de Cuiabá e de Goiás, ele estabeleceu definitivamente com a família no arraial de Santo Antonio da Lagoa, pertencente a freguesia da Manga de Paracatu. Foi casado com Francisca Cardoso de Godoy, também natural de Itu. Transcrevemos abaixo os troncos do casal, iniciando pelos
- Cap.
1.º Belchior de Godoy
- 1-1
Maria de Mendonça;
1-2 Francisco de Godoy Moreira e Mendonça;
1-3 Antonio de Godoy Moreira e Mendonça;
1-4 Belchior de Godoy;
1-5 Paula Moreira;
1-6 Domingos;
1-7 Izabel;
1-8 Baltazar de Godoy Mendonça, adiante;
1-9 Beatriz Moreira;
1-10 Lucrécia Moreira;
- 2-6
Maria de Godoy, f.ª do § 8.º, casou 1.º em 1708 em Itu com
Thomé Correa da Câmara f.º de João de Freitas Lopes e de
Marcella da Câmara, natural do Rio de Janeiro; 2.ª vez casou em
09/01/1711 em Itu com Manoel Alvares Pimentel f.º de Antonio
Pimentel e de Maria Rodrigues.
Casamento Maria de Godoy |
- Teve do 2.º marido, † em 1771 em
Itu, 6 f.ºs, dentre os quais, a filha:
-
Transcrito
com ligeiras modificações e acréscimos de datas, da
“Genealogia Paulistana”, Título dos Godoy, de Luiz Gonzaga
da Silva Leme.
- 3-1
Francisca Cordeiro de Godoy, batizada em 01/01/1712; casada em
1728 em Itu com Francisco Leme do Prado (ausente em Paracatu em
1771) f.º de João do Prado Leme e de Mécia Nunes de Siqueira
sua 2.ª mulher.
Batismo Francisca Cordeiro |
- A
família Leme, que da Ilha da Madeira passou à vila de S.
Vicente pelos anos 1544 a 1550 prendia-se à antiga e nobre
família que possuiu muitos feudos na cidade de Bruges do antigo
condado de Flandres, nos Países Baixos. O seu primitivo apelido
em Flandres era Lems, que significa argila ou grêda
(barro fino e delicado), com o que esta família quis salientar a
sua nobreza entre os seus compatriotas; em Portugal este apelido
foi corrompido em Lemes e Leme, e posteriormente Lemos.
A-1 Martim Lems, que passou a Portugal.
A-2 Carlos Lems que foi almirante de França.
- 1-4
Capitão Pedro Leme do Prado, descendente de Antonio Lems, foi a
princípio morador em S. Paulo, onde batizou os seus filhos de
1632 a 1646; depois mudou-se para a vila de Jundiaí, onde
faleceu com testamento em 1658 (Cartório de órfãos Jundiaí).
Foi casado como declarou no seu testamento com Maria Gonçalves
Preto f.ª de Sebastião Preto; natural de Portugal, este irmão
de Innocencio Preto, falecido em 1647, e que foi casado com Maria
Moreira. Faleceu Maria Gonçalves muito depois de seu marido em
1674 na mesma vila de Jundiaí. Teve pelo seu inventário com
testamento (Cartório de órfãos de Jundiaí) e pelo de sua
mulher Maria Gonçalves Preto os 10 f.°s seguintes:
- 2-1
O padre Pedro Leme do Prado, batizado em 11/06/1632;
2-2 Frei Sebastião de Santa Maria;
2-3 Frei Braz de S. Simão;
2-4 João do Prado Leme, nascido em 1641, adiante;
2-5 Timotheo Leme do Prado;
2-6 Maria Leme, nascida em 1643;
2-7 Maria do Prado;
2-8 Maria da Estrella;
2-9 Helena do Prado, nascida em 1653, batizada aos 09/07/1653;
2-10 Anna Maria do Prado, nascida em 1646, batizada aos 10/06 do dito ano;
2-4 João do Prado Leme tinha 18 anos em 1658: nascido no início de 1641 (batizado em abril deste ano) e falecido em 1699. Casou-se com Anna Maria da Cunha de Louvera f.ª de Gaspar de Louvera, natural de Portugal, † em 1660 em Jundiaí, e de Paschoa da Costa. Teve (Cartório de órfãos de Jundiaí) 4 f.ºs, dentre os quais:
-
Teve
q. d.:
Da 2.ª mulher Messia ou Mécia Nunes teve(Cartório de órfãos de Curitiba) dentre os 11f.ºs seguintes: -
Transcrito
com adaptações, da obra
“Genealogia Paulistana”, títulos dos Leme, de Luiz Gonzaga da
Silva Leme.
-
A
PRESENÇA NO ARRAIAL DE SÃO LUIZ E SANTANA DAS MINAS DO PARACATU
-
Em
1751, Francisco Leme do Prado já tinha se estabelecido com a
família no arraial de Paracatu, morador no arraial da Lagoa, onde
vivia de sua “Rossa” (doc. abaixo). Devido a falta de documentos não foi possível completar sua descendência em Paracatu.
- 3-4
João do Prado Leme, falecido em 10/01/1727; casou-se 1º em 1687 em Itu com Ignez Cabral
f.ª de Matheus Corrêa Leme e de Maria Mendes Cabral; 2ªvez em
20/04/1705 em Itu com Messia ou Mécia Nunes de Siqueira,
falecida em 1760 em Curitiba, f.ª de Paulo de Anhaya Bicudo e de
Ignez de Chaves.
Casamento João do Prado Leme |
Batismo Francisco Leme do Prado |
Casamento |
- Teve os filhos descobertos:
-
-
4-6-1
Francisco, batizado em 17/10/1732 em Itu; sem mais notícias;
Batismo Francisco -
4-6-2
Manoel, batizado em 02/12/1734 em Itu; sem mais notícias;
Batismo - igreja da Candelária - Itu -
4-6-3
Maria Francisca Cordeiro de Godói, nascida em Itu, onde foi
batizada em 20/03/1737; casada no arraial de Paracatu com João
Rodrigues de Melo, nascido em 01/01/1715 na freguesia de Santa Maria Maior da vila de Viana, Viana do Castelo,
Portugal, filho de Domingos Rodrigues de Lima e de Maria Nunes;
Batismo Maria Francisca
- 4-6-3-1 padre João Rodrigues de Melo, nascido no arraial de Paracatu; em *1790 faz justificação de genere para ordenação sacerdotal no arraial de Paracatu; falecido em Barbacena, Mg;
- *Documento sob a guarda do Arquivo Público de Paracatu.
-
4-6-3-2
José Rodrigues de Lima, nascido no arraial de Paracatu; casado em
28/08/1799 na capela da Piedade da Borda do Campo com Maria Antonia
de Oliveira, filha do inconfidente José Aires Gomes; tronco de
ilustres famílias mineiras, como por exemplo, a família Andrada,
de Barbacena;
Casamento de José Rodrigues de Lima - Para saber mais: clique e leia - José Rodrigues de Lima;
- 4-6-3-3 Inês Francisca de Lima, batizada na matriz da Manga, arraial de Paracatu; já era falecida em 1836; casada com Amaro da Silva Xavier, natural do arraial da Meia Ponte (Pirenópolis, Goiás), filho do tenente Amaro da Silva Barreto, português da Vila de Guimarães e de Perpétua da Silva, natural da cidade de São Paulo; Amaro, em 1772, era soldado da Guarnição do Rio São Bartolomeu, comarca de Santa Luzia (Luziânia, Goiás); passou para Paracatu, onde casou e teve filhos; em 1782, após cometer um crime empreende fuga para a capitania de Goiás, deixando a mulher e filhos na mais completa penúria, segundo documento existente e disponível on line no Arquivo Público Mineiro; posteriormente, ressurge com a família na região do Campo das Vertentes; já era falecido em 1821, deixando descendência em Barbacena e alhures; filhos descobertos:
- 4-6-3-3-1 José, batizado em 15/12/1776; José Antônio da Silva - viveu na vila Risonha de São Romão, onde faleceu; deixou descendência por lá;
- 4-6-3-3-2 Maria, nascida em 17/08/1777(vide imagem abaixo); Maria Umbelina da Silva, falecida entre 16 e 25 de outubro de 1835, quando foi aberto seu testamento; casou em 30/06/1795 com José Fernandes de Lima, filho de Antônio Fernandes de Lima e de Rita Maria de São José; sem descendência;
Batismo de Maria filha de Inês - 4 -6-3-3-3 Ana Francisca da Silva Lima, nascida no arraial de Paracatu; casou já erada em São João Del-Rei aos 09/01/1826 com o capitão* Caetano José de Almeida, viúvo e também erado; deixaram uma filha: Herculana Emília da Gama (vide item 4-6-3-3-4-5);
- *Em 1820 ele ostentava a patente de tenente coronel comandante de guarnição em São João Del-Rei.
- 4-6-3-3-4 Coronel Cesário José da Silva Lima, nascido por volta de 1788; casado com Joana Umbelina de Jesus; profissão: escrivão; filhos:
- 4-6-3-3-4-1 Francisco de Paula Lima, nascido em 1808;
- 4-6-3-3-4-2 Matildes Cezarina, nascida em 1809;
- 4-6-3-3-4-3 José, batizado em 11/10/1810;
- 4-6-3-3-4-4 Francisco, batizado em 28/04/1812;
- 4-6-3-3-4-5 Simplício José da Silva Lima, nascido em 1815;
- 4-6-3-3-4-6 Leopoldina, nascida em 1820;
- 4-6-3-3-4-7 Antônia, batizada em 03/12/1821;
- 4-6-3-3-4-8 Delfina, batizada em 26/09/1824;
- 4-6-3-3-4-9 Cesário, batizado em 09/09/1827; Cesário Leopoldo da Silva Lima; casou em 22/12/1847 com sua prima Herculana Emília da Gama, com descendência;
- 4-6-3-3-4-10 Pedro, nascido em 1829;
- 4-6-3-3-4-11 Caetano, nascido em 1830;
- 4-6-3-3-5 Matildes Maria de Jesus, batizada em 22/03/1795; casou em São João Del-Rei em 08/05/1810 com Ladislau Egídio Ferreira de Toledo;
- 4-6-3-3-6 Francisca Emília de Lima, batizada na capela de São Francisco da Onça em 25/08/1801; casou em São João Del-Rei em 10/09/1820 com Antônio Joaquim da Costa, filho do Sargento mor Antônio Felisberto da Costa e de Maria Joaquina de São José; com descendência;
- 4-6-3-3-7 Antônia Claudina, nascida em 1802;
- 4-6-3-3-8 Francisco José da Silva, casado com descendência;
- Fonte: Projeto Compartilhar - Bartyra Sette.
- Atualizado em 23/03/2018.
- 4-6-3-4
Francisca, batizada em 13/12/1765 na matriz da Manga, arraial de
Paracatu;
Batismo Francisca - Matriz da Manga
4-6-3-5 Francisco Rodrigues de Melo, batizado aos 23/10/1775, sem mais notícias;
Batismo de Francisco - Matriz da Manga - 4-6-3-6 Matilde, nascida em 08/06/1780 e batizada em 15 do mesmo mês e ano, na matriz da Manga, arraial de Paracatu;
Batismo - Matriz da Manga - 4-6-4 João, batizado em 14/07/1739 em Itu, sem mais notícias;
- Com uma índia administrada, teve a filha natural:
-
4-6-5 Ana Leme, natural das minas de Cuiabá, adiante.
-
A
MISCIGENAÇÃO
-
Relato
de um caso – o índio, o branco e o negro na formação do tipo
brasileiro em Paracatu. No
Brasil colônia, objeto desse estudo, o homem branco de origem
europeia ocupava o topo da pirâmide social, dominando os outros
grupos étnicos existentes, tais como índios e negros. Porém,
desde o início do processo colonizador, a miscigenação já era
fator de expansão demográfica, e consequentemente da formação
dos tipos étnicos na colônia. O resultado das misturas entre
brancos e índios foi o mameluco; entre brancos e negros, o pardo
ou mulato; entre índios e negros, o cafuzo. Por fim, a
consolidação da moldagem racial brasileira – o mestiço de uma
maneira geral. A história do índio Pimenta, ilustra bem esta
formação étnica.
-
O
índio Domingos Pimenta (mameluco), natural da Aldeia de Nossa
Senhora da Escada de Barueri ou fazenda dos padres do Carmo, também
conhecida como Parnaíba (in: História de Santana de Parnaíba),
filho de Bernardo Pimenta, homem branco, e de Maria de Siqueira,
índia, casa-se com Ana Leme do Prado, parda forra, filha natural
de Francisco Lemos do Prado, homem branco, e de uma escrava, cujo
nome é ignorado.
Batismo Domingos
-
O
PROCESSO – em 1759, o índio Domingos Pimenta requer à Câmara
Eclesiástica do arraial de São Luiz e Santana das Minas do
Paracatu, autorização para se casar com Ana, parda escrava(sic)
de Francisco Leme do Prado; após processo de investigação de
provança, ele foi considerado apto para o casamento pretendido.
Encontramos dois assentos de batismos de filhos do casal, em que se
confirma ser Ana Leme, nascida nas minas de Cuiabá, filha de
Francisco Leme do Prado e mãe ignorada.
-
Filhos
descobertos:
-
1 Maria, nascida em 20/01/1766 e batizada a 09/02 do mesmo ano, na matriz da Manga de Paracatu;
-
Batismo Maria- matriz da Manga -
2
Antonio, batizado em 30/11/1775 na matriz da Manga de Paracatu.
Batismo Antônio - matriz da Manga - Outros Lemos do Prado em Paracatu
Floriano Lemos do Prado casou-se com Joana Xavier da Silva no último quartel do século dezoito, viventes que eram na zona limítrofe entre Minas e Goiás, às margens esquerda do rio São Marcos, onde possuíam terras na fazenda denominada ‘Estevão de Sousa’ no Palmital, onde tiveram e criaram os filhos, que se mudaram para as margens goianas do grande rio e se espalharam em terras cristalinas, catalanas e ipamerinas. Floriano Lemos do Prado faleceu em 1811 e foi inventariado em 1846. Foram seus filhos:
1 Domingas Lemos do Prado, já falecida em 1846. Com Fulano de Tal teve os filhos:
1.1 Francisco Lemos do Prado, com 20 anos em 1846, casado.
1.2 Benedita Lemos do Prado casada com José Antônio de Tal.
1.3 Maximiano Lemos do Prado, com 18 anos.
1.4 Faustino Lemos do Prado Sobrinho, com 16 anos.
2 Faustino Lemos do Prado, com 40 anos em 1846. Foi inventariado em Catalão, Goiás em 1851. Exímio canoeiro, ganhava a vida com suas canoas, nas quais fretava as travessias de pessoas, cargas e animais entre uma margem e outra do rio. Em sua homenagem quando da criação de Posto Fiscal no local, foi dado seu nome ao lugar: Porto de Faustino Lemos. Casado com Balbina Severino Botelho, tiveram os filhos:
2.1 Pedro Lemos do Prado;
2.2 Rita Severino Botelho, batizada em 29/10/1832. Foi casada com Felipe de Oliveira Barreiros;
2.3 Maria Severino Botelho, casada com Francisco Gonçalves de Matos;
2.4 João Lemos do Prado, batizado em 04/11/1835;
2.5 Ana Lemos do Prado, casada com Florentino de Oliveira Barreiros, filho de Francisco de Oliveira Barreiros e de Inês de Assunção Cortes;
2.6 Manoel Lemos do Prado.
3 Maria Lemos do Prado casada com Joaquim Rodrigues, falecidos em 1846.
Filhos:
3.1 Clara;
3.2 José, com 18 anos;
3.3 Rita, com 14 anos;
3.4 Maria, com 12 anos.
4 Caetana Lemos do Prado casada com Manoel Francisco Pires.
Filhos:
4.1 Antônio Pires, com 30 anos;
4.2 João Pires, com 20 anos;
4.3 Marcelina Lemos do Prado, com 18 anos;
4.4 Ana Lemos do Prado, com 14 anos;
4.5 Joaquim Pires, com 12 anos.
5 Francisca Lemos da Paixão, já falecida; casada com Luís Mendes Santiago. (inventário: 19/06/1854 – familysearch)
Filhos:
5.1 Maria Mendes Santiago, 23 anos; casada com Joaquim Severino Botelho ou Caldeira Brant.
5.2 Ana Mendes Santiago, 22 anos, solteira;
5.3 Joana Mendes Santiago, solteira com 21 anos;
5.4 Francisco, com 20 anos, solteiro, residente na Bagagem;
5.5 Josefa Mendes Santiago, com 18 anos; casada com Francisco Isidoro de Toledo;
5.6 Joaquim, com 14 anos;
5.7 José, com 12 anos.
6 Luís Lemos do Prado, com 35 anos em 1846, casado com Ignácia Mendes Santiago, filha de Francisco Mendes Santiago.
Filhos:
6.1 Honório Lemos do Prado;
6.2 Antônio Lemos do Prado, casado com Maria de Oliveira Barreiros;
6.3 Justiniano Lemos do Prado;
6.4 Manoel Lemos do Prado.
7 Gertrudes Lemos do Prado, casada com Domingos de Sousa Caldas.
-
Fontes:
- 1 – FamilySearch – Brasil, São Paulo, Registros da Igreja Católica, 1640 - 2012, Igreja da Candelária, Itu;
- 2 – Fragmentos de livros de batismo da matriz de Santo Antonio da Manga – 1758/1777;
- 3 – Arquivo Público Municipal de Paracatu – processo de justificação de solteiro do índio Domingos Pimenta, 1759.
Comentários
Postar um comentário