Pular para o conteúdo principal

LENDAS DO BRASIL CENTRAL 8 - CRÔNICAS INÉDITAS DE OLYMPIO GONZAGA

 Por José Aluísio Botelho
Resgatamos, após minuciosas pesquisas, alguns escritos de  
Olympio Gonzaga que se encontravam desaparecidos, dentre eles, crônicas que escreveu para seu livro não publicado, Lendas do Brasil Central, transcritas na grafia original, tal como ele as concebeu, sem correções ortográficas e gramaticais. Nos seus textos, as vezes ele não discerne fatos históricos e ficção, personagens fictícios e reais, mostra incoerência narrativa e comete equívocos históricos importantes. Aos nossos leitores cabe avaliar a qualidade dos textos e sua importância para a história de Paracatu.
CRÔNICA (transcrição)
Para a Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro
Paracatu, 21 de outubro de 1947 - Do amigo Olympio Gonzaga
Navegação aérea de Paracatu pela AEROVIA MINAS GERAES S/A; e 6 aviões pertencente aos pilotos do AEREO CLUB PARACATUENSE. Está resolvido o maior problema de transportes.
TODOS OS PARACATUENSES DEVERIAM FAZER A PROPAGANDA DOS AVIÕES E DAS VIAGENS AEREAS, QUE ECONOMISAM TEMPO E DINHEIRO.
Eu viajei no possante avião de aluminio, para 15 passageiros, da AEROVIA MINAS GERAES no dia 8 de Outubro de 1947 e voltei no dia 20, 15 dias de belissima viagem aerea, ida e volta, por mil e quinhentos cruzeiros, apenas, o que seria o dobro si fosse por outro meio de transporte. Estive um dia em Belo Horisonte em casa de minha irmã Leonina e Mariasinha; viajei na Aerovia Brasil para o Rio de Janeiro, tendo apreciado do alto o belissimo panorama da Bahia de Guanabara, com seus recortes, suas ilhas, vapores ancorados, outros navegando, as Barcas da Cantareira e da Carioca fasendo a navegação do Rio de Janeiro à cidade de Niteroi, os apitos das embarcações, as alvas gaivotas voando, pegando peixes na Bahia.
Hospedei-me na casa de minha prima Elvira Gonzaga Campos, na Tijuca, rua Uruguai *§. Estive na Biblioteca nacional, Jardim Botanico, assisti aos funeraes de Dona Santinha, esposa do Exmo. Presidente da Republica General Dutra, 12 caminhões de coroas, centenas de automoveis, milhares de pessoas a pé, etc., etc. Percorri as avenidas Atlanticas, Leme, Copacabana, Lagoa Rodrigo de Freitas, Getulio Vargas, romaria de N. Sra. da Penha que adimirei muitos milagres esculpidos no ouro.
Estive nas casas de varios amigos, do Ministro Dr. Bernardino José de Sousa, das primas Dona Silvia Torres Verano, Dona America Torres Cruz e família, esposa do Dr. Manoel da Cruz da COMISSÃO DE ESTUDOS DA NOVA CAPITAL DA REPUBLICA, na casa de dona Paulina Loureiro Salazar com filhos doutores, à rua Itaipu &%, Ap.#$, Laranjeiras.
Estive oito dias passeiando no Rio de Janeiro nos pontos principaes, pois já fui no Rio 10 vezes, e fui operado da bexiga em 1940 no hospital Graffee Guinle.
Na minha volta passei em Belo Horisonte, as cidades de Montes Claros, Januaria e Pirapora, aonde fui recebido de carro do meu sobrinho Arnaldo Gonzaga, em cuja casa estive 5 dias, visitando os parentes, amigos, as casas comerciaes, FABRICA DE TESSIDOS DOS SRS JOÃO VARGAS, com 66 teares trabalhando, a FABRICA DE BEBIDAS DE OSVALDO GOTLIB, o Estabelecimento comercial de Arnaldo Gonzaga, Casa Boaventura Leite, etc. Dei um lindo voo no ceu de Pirapora no avião do Aereo Clube de Pirapora, tendo apreciado do alto o seu lindo panorama da ponte metalica, 6 grandes vapores ancorados no porto, uma companhia com escafandro mineirando diamantes no leito do Rio São Francisco, que deve ter muito ouro escorrido de Paracatu e outros logares. Em quinze dias gozei mais de cinco anos de minha vida em Paracatu. Tudo isto por efeito da rapidez das lindas viagens na Aerovia Minas Geraes e Aerovia Brasil. Paracatu, 21 de outubro de 1947. Do correspondente. Segue assinatura. Olympio Gonzaga, coletor federal aposentado (datilografado).
Com esta crônica, finalizamos as transcrições das Lendas do Brasil Central.
Fonte: Afonso Arinos na intimidade, Biblioteca Nacional do Brasil, divisão de manuscritos.

Comentários

Postagens mais visitadas

DONA BEJA E AS DUAS MORTES DE MANOEL FERNANDES DE SAMPAIO

Por José Aluísio Botelho A história que contaremos é baseada em fatos, extraídos de um documento oficial relativo a um processo criminal que trata de um assassinato ocorrido na vila de Araxá em 1836. O crime repercutiu no parlamento do império no Rio de Janeiro, provocando debates acalorados entre os opositores do deputado e ex-ministro da justiça, cunhado do acusado, como se verá adiante. Muitos podem perguntar porque um blog especializado em genealogia paracatuense, está a publicar uma crônica fora do contexto? A publicação deste texto no blog se dá por dois motivos relevantes: primeiro, pela importância do documento, ora localizado, para a história de Araxá como contraponto a uma colossal obra de ficção sobre a personagem e o mito Dona Beja, que ultrapassou suas fronteiras se tornando de conhecimento nacional. Em segundo lugar, porque um dos protagonistas de toda a trama na vida real era natural de Paracatu, e, portanto, de interesse para a genealogia paracatuense, membr...

REIS CALÇADO - UMA FAMÍLIA JUDIA NA PARACATU DO SÉCULO XVIII

Por José Aluísio Botelho  Eduardo Rocha Mauro Cézar da Silv a Neiva   Família miscigenada, de origem cristã nova pela linha agnata originária do Ceará . Pois

GUARDA-MOR JOSÉ RODRIGUES FRÓES

Por José Aluísio Botelho             INTRODUÇÃO  Esse vulto que tamanho destaque merece na história de Paracatu e de  Minas Gerais, ainda precisa ser mais bem estudado. O que se sabe é que habilitou de genere em 1747 (o processo de Aplicação Sacerdotal se encontra arquivado na Arquidiocese de São Paulo), quando ainda era morador nas Minas do Paracatu, e embora fosse comum aos padres de seu tempo, aprece que não deixou descendentes*. Que ele foi o descobridor das minas do córrego Rico e fundador do primitivo arraial de São Luiz e Santana das Minas do Paracatu, não resta nenhuma dúvida. De suas narrativas deduz-se também, que decepcionado com a produtividade das datas minerais que ele escolheu, por direito, para explorar, abandonou sua criatura e acompanhou os irmãos Caldeira Brandt, que tinham assumido através de arrematação o 3º contrato de diamantes, rumo ao distrito diamantino. Documento de prova GENEALOGIA  Fróis/Fróes -...

PIONEIROS DO ARRAIAL DO OURO 22 - MENDES TEIXEIRA

Por José Aluísio Botelho e Eduardo Rocha Sobrenome originário do Concelho de Amarante, distrito do Porto. João Mendes Teixeira, da freguesia de Santa Maria de Fregim, casado em 13/04/1722 na igreja de São João Batista de Louredo, com Joana Teixeira, natural desta freguesia de  Louredo, ambas do Concelho de Amarante, distrito do Porto. Igreja de Louredo - Casamento dos pais Tiveram, dentre outros, o filho João Mendes Teixeira, que veio para as Minas do Paracatu, onde casou com Joana da Costa da Conceição, natural da freguesia de Santo Antônio do Urubu, Bispado da Bahia, filha de Manoel de Sousa Luciano e de Luciana da Costa, também naturais dali. As minas de ouro do pioneiro A descendência 1 João Mendes Teixeira e Joana da Costa da Conceição, tiveram os filhos, nascidos e batizados na capela do arraial de São Sebastião, da freguesia de Santo Antonio da Manga das Minas do Paracatu, que descobri: 1.1 Antônio Mendes Teixeira, batizado em setembro d...

ULHOA - ESBOÇO GENEALÓGICO

Por José Aluísio Botelho FAMÍLIA ULHOA, DO VALE DO ULLA NA GALÍCIA ATÉ PARACATU EM  MINAS GERAIS Para saber mais, leia neste blog :  Coronel Sancho Lopes de Ulhoa e seus descendentes A) - Origem do apelido: do rio ULLA, na Galícia, que passou a ser Ulló (olho), depois Ulloa e hoje Ulhoa. Também provêm do hebraico hurscha (floresta) e/ou de uxna, forma adaptada ou corrompida de Yehoshua. 1) - Dom Férnan Sanches de Ulló, o primeiro Ulhoa de que se tem notícia e que viveu pelos anos de 756, visigodo, dono das terras n o vale do rio Ulla; 2) - Dom Lopo Ruiz de Ulló (1120);    Vale do Rio Ulla by Isidro Cea 3) - Dom Fernão Lopes de Ulló (1212), casado com Maria Martinez; 4) - Dom Lopo Sanches de Ulló, casado com Mayor Gomes de T rastamara; 5) - Dom Sancho Lopes de Ulloa, rico homem galego, primeiro Senhor de Vilamayor de Ulloa (barão), casado com Urraca Perez de Sotomayor; para saber mais: Clique na imagem abaixo para adquirir o livro na Amazon.com Clique aqui p...

SÉRIE - PIONEIROS DO ARRAIAL DO OURO 5 - FAMÍLIA SILVA NEIVA

Por José Aluísio Botelho Mauro César da Silva Neiva e Eduardo Rocha No lusco - fusco do arraial de São Luiz e Santana das Minas do  P aracatu, final do século dezoito, que em breve iria administrativamente  se transformar em Vila, passando a se chamar Vila do Paracatu do  Príncipe, dois irmãos, cuja procedência não se sabe, lá se estabeleceram. À época, a mineração se encontrava em franca decadência, e a alternativa era a agropecuária rudimentar, baseada em latifúndios. Portanto, os irmãos em questão, João Lourenço e Lourenço da Silva Neiva, adquiriram terras na fértil região do Pouso Alegre , onde edificaram fazendas de criação de gado, casaram e criaram os filhos, gerando troncos da importante e tradicional família Silva Neiva, que se espalhou pelos arredores e alhures. A naturalidade deles  é desconhecida, porém, tudo leva a crer serem de origem portuguesa. Casaram-se com duas irmãs, com descendência adiante: A – João Lourenço da Silva Neiva , falecido ao...